Palestina

‘Israel’ indica que desistirá de retomar a guerra

Número de reféns palestinos a serem libertados varia conforme as fontes

A Resistência Palestina, liderada pelo Hamas, anunciou que entregará os corpos de quatro prisioneiros israelenses na noite de quarta-feira (26), em troca da libertação de centenas de reféns palestinos por “Israel”. A operação, prevista para as 23h no horário de Telavive, ocorre após dias de impasse na primeira fase do cessar-fogo em Gaza, com o enclave imperialista adiando a soltura de 620 reféns palestinos prometida para sábado, 22 de fevereiro. Essa troca será simultânea, sob um novo mecanismo mediado pelo Egito, mas as negociações para a segunda fase seguem travadas.

O porta-voz do Hamas Abdul Latif al-Qanou declarou ao sítio The Cradle que “a liberação da sétima leva de prisioneiros ocorrerá simultaneamente com a resistência entregando os restos dos sionistas, junto com as mulheres e crianças correspondentes, por meio de um novo mecanismo que assegura o compromisso da ocupação com a implementação”. Ele acrescentou também: “os mediadores egípcios garantiram isso, e estamos comprometidos em trabalhar com eles para completar o acordo e responsabilizar a ocupação”. Ainda ao The Cradle, al-Qanou afirmou que “nenhuma proposta foi oferecida ao movimento sobre a segunda fase, apesar de nossa prontidão e ânsia para avançar e completar todas as etapas do acordo”.

O porta-voz militar das Brigadas Qassam (braço armado do Hamas) Abu Obeida especificou os nomes dos prisioneiros cujos corpos serão entregues. Em comunicado no Telegram, ele disse: “as Brigadas Qassam decidiram entregar os corpos dos seguintes prisioneiros sionistas esta noite: Tsahi Idan, Ohad Yahalomi, Itzik Elgarat e Shlomo Mantzur”. A lista coincide com a divulgada pelo sítio Palestinian Resistance. “Israel”, por sua vez, confirmou o acordo para receber os corpos.

O porta-voz do primeiro-ministro Benjamin Netaniahu, Omer Dostri, informou ao jornal norte-americano The New York Times que “um acordo foi alcançado, e a troca ocorrerá na noite de quarta-feira ou quinta-feira”. Fontes egípcias, em entrevista ao jornal libanês Al Akhbar, reforçaram que “’Israel’ assegurou aos mediadores seu compromisso de liberar os reféns palestinos que deveriam ter sido soltos no último sábado, como parte do acordo de troca”.

O número de reféns palestinos a serem libertados varia conforme as fontes. O sítio Palestinian Resistance estimou “entre 590 e 594 reféns de Gaza“, com preparativos no Hospital Europeu em Khan Yunis para recebê-los. Já a Sociedade de Reféns Palestinianos indicou que “445 reféns palestinos serão soltos”. Anteriormente, o Hamas exigia 620, conforme Basem Naim declarou à agência de notícias Reuters: “as conversas com ‘Israel’ por mediadores sobre os próximos passos do cessar-fogo dependem da soltura dos reféns palestinos conforme acordado”.

A troca ocorre após “Israel” adiar a liberação prometida para sábado, alegando violações do Hamas. Netaniahu justificou ao Palestinian Resistance: “à luz das repetidas violações do Hamas — incluindo cerimônias que rebaixam a dignidade dos nossos prisioneiros e o uso cínico deles para fins de propaganda —, foi decidido atrasar a soltura dos terroristas planejada para ontem até que a próxima entrega de prisioneiros seja garantida, sem cerimônias degradantes”. Membro do birô político do Hamas, Ezzat El Rashq rebateu as afirmações à emissora caterense Al Jazeera: “a decisão de Netaniahu reflete uma tentativa deliberada de interromper o acordo, representa uma violação clara de seus termos e mostra a falta de confiabilidade da ocupação em cumprir suas obrigações”.

A primeira fase do cessar-fogo, iniciada em janeiro de 2025, previa que o Hamas libertasse 33 prisioneiros israelenses vivos e entregasse oito corpos, enquanto “Israel” soltaria mais de 1.500 reféns palestinos. Até agora, seis trocas ocorreram, a última em 22 de fevereiro, quando o Hamas liberou seis prisioneiros vivos e “Israel” deveria responder com 620 reféns, mas não o fez. O jornal Al Akhbar relatou que “os mediadores concentram-se em executar os itens restantes da primeira fase, em vez de avançar para uma nova etapa que exige arranjos mais complexos”, segundo fontes egípcias.

O enviado dos EUA ao Oriente Médio Seve Witkoff, comentou ao canal de Telegram Medmannews: “Israel enviará uma equipe a Doha ou Cairo para negociar, e, se as coisas correrem positivamente, posso visitar a região no domingo”. Ele afirmou: “esperamos colocar a segunda fase das negociações no caminho certo e libertar os reféns.” Witkoff também disse: “Hamas não pode fazer parte de qualquer estrutura de governo em Gaza, e essa é uma linha vermelha para nós e para Israel”, disse, comentando ainda que “o presidente Trump não aceitará mais velhas prescrições políticas que não funcionaram no Oriente Médio. Nossos parceiros na região querem estabilidade e entendem que continuar a guerra é inaceitável”.

O Hamas acusou Netaniahu de obstruir a segunda fase. O Fórum das Famílias de Prisioneiros Israelenses criticou o premiê ao Palestinian Resistance, afirmando ser “inconcebível que o ex-presidente dos EUA Donald Trump e seu enviado, Steve Witkoff, estejam mais comprometidos em trazer de volta os prisioneiros do que Netaniahu”. Eles alertaram: “sabemos que alguns o pressionam para destruir o domínio do Hamas, mas isso inevitavelmente levaria à execução dos prisioneiros”. Após 505 dias, 63 prisioneiros israelenses permanecem em Gaza.

Fontes egípcias, ao Al Akhbar, rejeitaram a proposta de Yair Lapid, líder da oposição em “Israel”, de que o Egito administre Gaza por oito anos. Segundo o órgão libanês, a proposta “é uma tentativa evidente de jogar a responsabilidade de Gaza sobre o Egito, mas Cairo recusa categoricamente qualquer cenário que a faça carregar as consequências da ocupação israelense”. Elas enfatizaram que “Gaza é parte integrante dos territórios palestinos ocupados”.

“Israel” propôs três opções aos mediadores, segundo o Al Akhbar: “estender a primeira fase por 42 dias até o fim do Ramadã; forçar o Hamas a aceitar condições para a segunda fase, como desarmar Gaza e criar zonas tampão; ou retomar o combate com maior intensidade”. Já o ministro das Finanças Bezalel Smotrich, ameaçou – segundo o mesmo jornal – que “todos se surpreenderão com a violência e a força da guerra no dia em que voltarmos ao combate”.

A troca de quarta-feira pode encerrar a primeira fase, mas a ditadura sionista busca prolongá-la. Al Akhbar informou que “o negociador israelense começou a impor condições, como a libertação de dois prisioneiros vivos da segunda fase que estiveram nas cerimônias de sábado”.

Netaniahu nomeou o ministro de Assuntos Estratégicos Ron Dermer para liderar as negociações, substituindo os chefes do Mossad e Shin Bet, segundo o sítio libanês.

Se confirmada, essa troca será mais uma desmoralização para “Israel”. A incapacidade da ditadura sionista de impor suas ameaças, como o adiamento da soltura dos reféns palestinos, expõe a fragilidade de sua posição, sua debilidade política. A cada recuo, as bravatas de Netaniahu perdem peso, e o mundo começa a ver o enclave imperialista como um tigre de papel.

Para quem acompanha pela primeira vez, o cessar-fogo é uma vitória do Hamas. Após 16 meses de guerra, “Israel” não destruiu o grupo, que mantém prisioneiros e negocia em pé de igualdade. “Israel”, pressionado por EUA e mediadores, aceitou a trégua, mas não reverte o desgaste político e militar, consolidando o avanço vitorioso da Resistência Palestina.

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