Nessa quinta-feira (3), pelo menos 33 palestinos foram assassinados em ataques aéreos israelenses contra a Escola Dar Al-Arqam, no leste da cidade de Gaza. De acordo com a Assessoria de Imprensa do governo da Faixa de Gaza, ao menos 18 crianças foram assassinadas no mais novo massacre. Mais de 100 pessoas ficaram feridas na escola, que servia de abrigo para milhares de palestinos deslocados.
Como de costume, as Forças de Ocupação de “Israel” alegaram que seu alvo era um centro de comando utilizado por combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe) para planejar ataques contra civis e soldados israelenses. O mesmo pretexto havia sido utilizado no dia anterior, quando um bombardeio destruiu um hospital no campo de refugiados de Jabalia, assassinando dezenas de pessoas, incluindo um bebê recém-nascido.
No mesmo bairro da escola, as Forças de Ocupação também bombardearam a usina de dessalinização de água Ghabayen.
As Forças de Ocupação têm, com frequência, atacado abrigos na Faixa de Gaza, onde famílias deslocadas se refugiam sem ter para onde fugir, em meio ao cerco e bombardeios intensos. Vale lembrar que, no dia 17 de março, quando “Israel” retomou a guerra genocida contra Gaza, centenas de pessoas foram assassinadas em Khan Iunis. A maioria delas era composta por palestinos que foram expulsos de suas terras e viviam em tendas de deslocados.
Hani Mahmoud, repórter da emissora catarense Al Jazeera em Gaza, afirmou que as imagens do bombardeio nas escolas eram “horríveis”.
“Algumas imagens são gráficas demais para serem exibidas — são cenas profundamente perturbadoras. Muitos morreram no local, e outros sucumbiram aos ferimentos a caminho do Hospital al-Ahli, em ambulâncias ou veículos civis”, disse Mahmoud. “Essa tragédia mostra mais uma vez que as chamadas ‘zonas seguras’ indicadas por Israel não são seguras”, acrescentou.
As chamadas “zonas seguras” são regiões que a própria entidade sionista se comprometeu a não atacar. Em vários momentos durante a guerra, no entanto, “Israel” atacou essas áreas sem sequer aviso prévio.
Em nota oficial, o Hamas chamou o ataque israelense de “crime atroz, por meio do qual o governo fascista de ocupação aprofunda sua política de extermínio deliberado de civis inocentes, como parte da campanha genocida em curso na Faixa de Gaza”. Em outro comunicado, o Hamas acusa o bombardeio de “crime hediondo de genocídio cometido pela ocupação contra os deslocados indefesos, principalmente crianças e mulheres, em meio a um silêncio internacional vergonhoso”.
Além de denunciar o bárbaro ataque à Escola Dar Al-Arqam, o partido muçulmano ainda destacou as demais atrocidades cometidas por “Israel”, como os massacres brutais, a intensificação dos deslocamentos forçados, a imposição da fome como política e o fechamento das passagens para toda forma de vida, afirmando que estas “constituem os pilares de um genocídio completo, conforme definido pelo direito internacional, sendo perpetrado pelo criminoso de guerra Netanyahu e seu governo fascista, com total cobertura política e militar dos Estados Unidos, o que faz do governo norte-americano cúmplice direta na execução desses crimes”.
A vanguarda da Resistência Palestina ainda aproveitou a oportunidade para criticar a comunidade internacional, alegando que sua apatia diante do genocídio “reflete o colapso moral e humano do sistema de valores e das leis internacionais” e que “as cenas diárias de massacres em Gaza são uma mancha de vergonha na consciência de um mundo cúmplice e silencioso diante desses crimes atrozes”.
Em declaração com conteúdo semelhante, o partido libanês Hesbolá, ao denunciar os crimes sionistas na Síria e no Líbano, também criticou o silêncio da comunidade internacional e mencionou a situação na Faixa de Gaza:
“Assim como na Síria e no Iêmen, a brutal agressão da ocupação israelense contra a Palestina e Gaza — sua escalada criminosa, o genocídio em curso e os planos de deslocamento forçado realizados diante dos olhos da comunidade internacional cúmplice — expõem a incapacidade do inimigo de quebrar a vontade de resistência e o espírito inabalável do povo palestino.”
Em apenas 24 horas, 112 pessoas foram assassinadas por “Israel” na Faixa de Gaza.
A Assessoria de Imprensa do governo da Faixa de Gaza também alertou que as equipes da Defesa Civil enfrentam cada vez mais dificuldades para retirar sobreviventes dos escombros, devido à falta de equipamentos e veículos adequados, enquanto o setor de Saúde está em colapso. Recentemente, os próprios integrantes da Defesa Civil foram vítimas de ataques israelenses. Voluntários do Crescente Vermelho e paramédicos também foram assassinados a sangue-frio e desovados clandestinamente pelas Forças de Ocupação.
Não bastassem os bombardeios criminosos contra civis, “Israel” impôs um cerco total à Faixa de Gaza há um mês, fechando todas as passagens e proibindo a entrada de ajuda humanitária, incluindo alimentos, combustível e suprimentos médicos. Nessa semana, todas as padarias de Gaza fecharam devido à falta de suprimentos.
Enquanto isso, as forças israelenses avançavam sobre Rafá, no sul de Gaza e na fronteira com o Egito, provocando uma onda de milhares de deslocados. Muitos palestinos deixaram a região a pé, alguns carregando seus pertences nas costas, outros em carroças puxadas por burros.
“Minha esposa e eu estamos andando há três horas e só conseguimos percorrer um quilômetro”, disse Mohammad Ermana, de 72 anos, à Associated Press. O casal, de mãos dadas, caminhava com bengalas. “Agora procuro abrigo a cada hora, não mais a cada dia”, completou.
Ao fechamento desta edição, “Israel” já tinha assassinado 1.139 palestinos desde a sua retomada dos bombardeios no dia 17 de março.
Segundo relatos, intensos bombardeios de artilharia e disparos aéreos continuaram ocorrendo no bairro de Shuja’iyya, a leste da Cidade de Gaza, enquanto as forças de ocupação israelenses continuavam bombardeando o leste do bairro de Zaytoun, ao sul da Cidade de Gaza.
No bairro de Manara, em Khan Iunis, o exército sionista atacou um edifício residencial e estão sendo feitos chamados urgentes por ambulâncias.
Em comunicado à imprensa, o Hamas convocou, para esta sexta-feira (4), um “dia de ira e mobilização global” contra os crimes de “Israel”.
“Convocamos as massas do nosso povo, da nossa Nação e de todos os livres do mundo a intensificarem as ações, manifestações, acampamentos, a cercarem as embaixadas sionistas, a apoiarem Gaza, exporem os crimes da ocupação e a manterem a pressão internacional até que a agressão cesse e o cerco seja totalmente levantado.”