Oriente Médio

‘Israel’ deixa 80% dos hospitais de Gaza ocupados

486 palestinos já foram assassinados em nova ofensiva. Desse total, a maioria é de crianças e mulheres

Nos últimos dois dias, o Estado terrorista de “Israel” assassinou 460 palestinos desde que o governo israelense decidiu retomar a sua guerra genocida na Faixa de Gaza. Com os bombardeios criminosos, que contaram com o aval do governo norte-americano, o sistema de saúde ameaça entrar em colapso.

O Ministério da Saúde de Gaza anunciou, na noite desta quarta-feira (19), que mais de 80% dos hospitais e centros médicos estão agora fora de serviço devido aos incessantes ataques israelenses. A situação humanitária continua a se deteriorar, tornando as operações de resgate cada vez mais difíceis.

“Nossas equipes não conseguem resgatar os feridos, pois os estoques de combustível no setor estão quase esgotados”, declarou um porta-voz da Defesa Civil. O bombardeio contínuo também resultou em um aumento no número de vítimas após um ataque israelense a uma tenda de luto no bairro de Al-Sultan, em Beit Lahia, onde pelo menos 24 palestinos foram assassinados.

No centro de Gaza, palestinos relataram um ataque contra uma casa próxima a uma mesquita na região de Deir al-Balah, enquanto disparos de helicópteros e bombardeios de artilharia israelenses foram registrados a leste do campo de refugiados de Bureij.

O Escritório de Imprensa do Governo de Gaza declarou que a Faixa de Gaza entrou oficialmente nos primeiros estágios da fome, já que o bloqueio sufocante de “Israel” continua impedindo a chegada de ajuda humanitária e alimentos à população civil. O bloqueio criminoso já vinha sendo aplicado semanas antes da retomada da guerra, como forma de “Israel” tentar pressionar o Hamas a romper com o acordo de cessar-fogo.

A repórter Hind Khoudary, da emissora catarense Al Jazeera, disse que os habitantes de Gaza estavam “aterrorizados, indefesos e devastados” após os ataques, enquanto a ocupação mantém o bloqueio da ajuda humanitária e os cortes de eletricidade.

“As pessoas estão morrendo de fome. Elas não têm acesso a comida. A usina de dessalinização que fornecia água para 500.000 palestinos não está funcionando [devido ao corte de eletricidade por ‘Israel’]”, afirmou. “Com tudo isso acontecendo, os palestinos acordam com uma série massiva de ataques em diferentes áreas de Gaza”.

O Ministério da Saúde de Gaza informou que um funcionário estrangeiro da Organização das Nações Unidas (ONU) foi morto e outros cinco trabalhadores ficaram feridos em um ataque aéreo contra a sede da ONU no centro da Faixa de Gaza.

Jorge Moreira da Silva, diretor-executivo do Escritório da ONU para Serviços de Projetos, afirmou: “Israel sabia que este era um local da ONU, onde pessoas viviam, permaneciam e trabalhavam. É um complexo muito conhecido”. Segundo ele, um explosivo foi lançado ou disparado contra o local. “Isso não foi um acidente”, disse em uma coletiva de imprensa em Bruxelas. “O que está acontecendo em Gaza é inconcebível.”

As Forças de Ocupação de “Israel” alegaram ter atingido durante a noite uma base do Movimento de Resistências Islâmica (Hamas) no norte de Gaza, onde teria detectado supostas preparações para disparos contra o território israelense. Nenhuma prova dessas preparações foi apresentada.

Mais de 40 palestinos foram assassinados apenas nessa quarta-feira (19), com a expectativa de que o número de mortos aumente. Os ataques não têm se limitado a áreas específicas, sendo indiscriminados. Mais cedo, sete palestinos foram martirizados em um ataque israelense contra um veículo palestino em Rafá, no sul de Gaza. Além disso, o exército israelense anunciou que reocupou o Corredor Netzarim, após ter se retirado anteriormente da área como parte do acordo de cessar-fogo.

Hamas denuncia planos de ‘Israel’

Em nota publicada nessa quarta-feira, o Hamas denuncia a incursão terrestre de “Israel” no centro de Gaza como uma violação perigosa do cessar-fogo assinado. O movimento responsabiliza diretamente a ocupação sionista e sua liderança pelas consequências da escalada, destacando que as ameaças de deslocamento da população palestina expressam a crise interna do governo de Benjamin Netaniahu. Reafirmando a resistência do povo palestino contra qualquer tentativa de expulsão forçada, o Hamas declara que não aceitará deslocamento algum, exceto para Al-Quds (Jerusalém).

O comunicado também cobra uma posição dos mediadores internacionais, exigindo que eles intervenham para conter as agressões sionistas e responsabilizar Netaniahu por suas ações. Leia a nota na íntegra:

“Em Nome de Alá, o Clemente, o Misericordioso

Responsabilizamos totalmente a ocupação sionista e sua liderança criminosa e terrorista pelas consequências da incursão terrestre no centro de Gaza (Eixo de Netzarim), que representa uma nova e perigosa violação do acordo de cessar-fogo assinado.

As ameaças sionistas recorrentes, proferidas pelo ministro da guerra sionista, de deslocar nosso povo de sua terra revelam a profundidade da crise enfrentada pelo governo do criminoso de guerra Netanyahu. Essas ameaças não enfraquecerão a determinação do nosso povo palestino, nem minarão sua firmeza em manter sua terra e seus direitos nacionais.

Nosso povo palestino permanecerá firme em sua terra, apegando-se aos seus direitos e frustrando todas as tentativas de deslocamento forçado ou voluntário. Declaramos com clareza: nenhuma migração, exceto para Al-Quds.

Reafirmamos nosso compromisso com o acordo de cessar-fogo assinado e chamamos os mediadores garantes a assumirem suas responsabilidades para conter essas violações e transgressões irresponsáveis. Exigimos que o criminoso de guerra Netanyahu seja responsabilizado e obrigado a recuar dessas ações, pois ele é totalmente responsável por quaisquer consequências decorrentes.

O Movimento de Resistência Islâmica – Hamas

Quarta-feira: 19 de Ramadã de 1446 AH

Correspondente a: 19 de março de 2025 AD

Extrema direita de volta ao governo

O fascista Itamar Ben-Gvir voltou ao governo de Netaniahu após a saída de seu partido da coalizão governista, coincidindo com a retomada da guerra genocida em Gaza.

Ao mesmo tempo, milhares de colonos organizaram protestos em toda a Palestina ocupada, expressando raiva tanto pela nova agressão quanto pela demissão unilateral de Ronen Bar, chefe da agência de segurança interna Shin Bet. Ademais, famílias de sionistas mantidos como cativos em Gaza enviaram uma mensagem urgente à liderança sionista, alertando que os bombardeios renovados colocam ainda mais em risco aqueles que continuam prisioneiros.

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