Oriente Médio

‘Israel’ assassina 25 na Palestina e 13 no Líbano em um dia

Entidade sionista quebra dois acordos de cessar-fogo; Hamas e Hesbolá fazem chamado

As forças de ocupação israelenses realizaram, nesta quarta-feira (19), uma nova rodada de ataques contra civis na Faixa de Gaza e no sul do Líbano. Segundo fontes locais e comunicados das organizações de resistência, ao menos 25 palestinos foram assassinados em um único dia no território palestino, enquanto 13 pessoas foram mortas no campo de refugiados de Ain al-Hilweh, no Líbano. Os ataques ocorreram em áreas residenciais e atingiram, inclusive, famílias deslocadas e abrigos administrados pela ONU, em violação aberta aos acordos de cessar-fogo em vigor tanto em Gaza quanto no sul do Líbano.

Bairros residenciais em Gaza e Khan Iunis

De acordo com correspondentes do Al Mayadeen na Faixa de Gaza, os ataques israelenses começaram ainda nas primeiras horas do dia, concentrando-se em bairros densamente povoados. Na Cidade de Gaza, quatro civis deslocados foram assassinados quando caças bombardearam um prédio que servia de abrigo a famílias no bairro de al-Zaytoun, no sudeste da cidade. Testemunhas relataram que o imóvel já acolhia pessoas que haviam fugido de outras regiões alvo da ofensiva sionista.

Na mesma área, artilharia e aviação voltaram a atuar de forma simultânea, com disparos de canhões e novos mísseis atingindo as proximidades do edifício atacado, o que elevou o número de feridos. Os bombardeios se estenderam por horas sobre os bairros de al-Zaytoun e al-Shujaiya, no leste da Cidade de Gaza, onde ao menos cinco palestinos foram assassinados e outros ficaram feridos.

No sul da Faixa de Gaza, a cidade de Khan Iunis voltou a ser alvo da entidade sionista. Três civis foram assassinados e dois ficaram feridos em ataques aéreos sobre a área de al-Mawasi, a oeste da cidade, região que abriga grande número de deslocados e campos improvisados. Em al-Shujaiya, um bombardeio na rua Mushtaha atingiu civis e deixou um morto e vários feridos, entre eles uma criança. Em seguida, um ataque a tiros das tropas de ocupação na mesma vizinhança provocou mais uma morte.

Drones israelenses participaram ativamente da ofensiva. Em al-Mawasi, veículos aéreos não-tripulados dispararam contra civis em deslocamento e em áreas abertas, provocando novos assassinatos. Um dos ataques atingiu um clube à beira-mar da UNRWA, utilizado como refúgio por famílias palestinas, onde foram registradas novas mortes e feridos.

Equipes da Defesa Civil de Gaza relataram, ainda, um ataque contra um grupo de civis em al-Shujaiya, que resultou na morte de pelo menos uma pessoa e deixou mais de dez feridos. Os socorristas têm enfrentado muitas dificuldades para chegar aos locais atingidos devido aos danos na infraestrutura, à destruição de vias de acesso e à escassez de combustível, ambulâncias e equipamentos.

Paralelamente, a artilharia israelense manteve fogo constante sobre a parte leste de Khan Iunis, em uma campanha que se prolonga há dias e que vem ampliando a destruição em bairros residenciais, terras agrícolas e áreas onde se concentram deslocados internos. O bombardeio também se estendeu para trás da chamada “Linha Amarela”, tanto em Rafá quanto em Khan Iunis, segundo relatos locais, demonstrando que a ocupação segue atacando mesmo áreas supostamente resguardadas pelo acordo.

Denúncias de violações sistemáticas ao cessar-fogo

O Ministério da Saúde em Gaza informou que, apenas nas últimas 48 horas, sete corpos e 33 feridos deram entrada em hospitais do enclave em decorrência dos ataques da entidade sionista. Desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023, o saldo da ofensiva israelense chegou a 69.513 palestinos assassinados e 170.745 feridos. Desde a entrada em vigor do cessar-fogo, em 11 de outubro de 2025, 571 corpos foram recuperados dos escombros de prédios e casas demolidas.

O Escritório de Informação do Governo em Gaza detalhou, em comunicado, que já foram registradas 393 violações documentadas do cessar-fogo por parte de “Israel” até a noite de terça-feira (18). Essas violações resultaram, até agora, em 279 civis mortos, entre eles crianças, mulheres e idosos, e 652 feridos de diferentes graus. O órgão informou ainda que 35 palestinos foram detidos durante incursões e operações de invasão.

O texto lista 113 incidentes de disparos diretos contra civis, casas, bairros residenciais e abrigos de deslocados, 17 incursões de veículos blindados em zonas residenciais e agrícolas, 174 ataques terrestres, navais e aéreos, além de 85 demolições de imóveis civis.

Mesmo após as denúncias, os ataques continuaram na quarta-feira. Correspondentes da Al Mayadeen relataram que um drone israelense feriu vários palestinos na cidade de Bani Suhaila, a leste de Khan Iunis. O Complexo Médico Nasser informou que uma mulher e seu filho ficaram feridos em outro ataque de drone, também atrás da chamada “Linha Amarela” na mesma localidade.

Hamas: ‘retomada do genocídio’ e cobrança aos garantidores do acordo

Diante do novo massacre, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe) divulgou um comunicado em que condena “a horrível matança” cometida pela ocupação na Cidade de Gaza e Khan Iunis, que teria deixado, ao todo, mais de 25 palestinos mortos, entre eles crianças e mulheres, em um único dia. O movimento afirma que os ataques representam “uma escalada perigosa” e fazem parte de uma tentativa de Benjamin Netaniahu de “retomar o genocídio contra nosso povo”.

A organização rejeitou as declarações israelenses segundo as quais as forças de ocupação teriam respondido a disparos vindos da região atacada. Para o Hamas, trata-se de “uma alegação frágil e transparente, destinada apenas a encobrir crimes continuados e violações reiteradas”.

O comunicado aponta que mais de 300 palestinos foram mortos desde que o cessar-fogo entrou em vigor e destaca que as demolições de residências e o fechamento da passagem de Rafá prosseguem “em desafio aberto aos garantidores norte-americanos e regionais”.

O Hamas fez um apelo direto aos Estados Unidos, exigindo que Washington “cumpra seus compromissos anunciados e exerça pressão séria e imediata para parar os ataques da ocupação e obrigá-la a respeitar o acordo de cessar-fogo”. O movimento também dirigiu apelos aos mediadores do Egito, Catar e Turquia, classificados como garantidores do entendimento, para que “assumam suas responsabilidades e obriguem a ocupação a cessar as violações que ameaçam os esforços para estabilizar o cessar-fogo”.

Líbano: massacre em campo de refugiados 

O sul do Líbano também foi alvo de novos ataques israelenses. Segundo a Al Mayadeen, nesta quarta-feira (19), o exército israelense divulgou ameaças à população das aldeias de Ainatha e Tayr Felsay, orientando as famílias a deixarem suas residências antes de possíveis ataques. As ameaças foram publicadas pelo porta-voz militar em árabe, Avichay Adraee, e rapidamente seguidas por operações no ar.

Logo após o alerta, drones de reconhecimento começaram a sobrevoar Tayr Felsay a baixa altitude. Na sequência, um ataque aéreo violento atingiu uma casa na vila, que havia sido mencionada nas ameaças. Em Ainatha, situada em área densamente povoada, uma residência também foi atingida depois de ter sido alvo de ordem de evacuação. Equipes da defesa civil libanesa se dirigiram ao local para socorrer as vítimas e avaliar o tamanho da destruição, ainda sem balanço completo de mortos e feridos naquele momento.

Mesmo com o sobrevoo contínuo de drones israelenses, moradores de Tayr Felsay retornaram às suas casas pouco depois dos ataques, da mesma forma que famílias em Ainatha voltaram às residências atingidas.

Na véspera, a ofensiva israelense já havia provocado um massacre no campo de refugiados palestinos de Ain al-Hilweh, na cidade de Saida, também no sul do Líbano. O ataque resultou no assassinato de 13 palestinos e deixou dezenas de feridos. O campo abriga, há décadas, refugiados expulsos de suas terras na Palestina pela ocupação sionista.

As ações ocorrem em meio a sucessivas violações do cessar-fogo na fronteira sul do Líbano. De acordo com o porta-voz da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), Danny Goffrey, desde novembro de 2024, foram registradas mais de 7.300 violações do espaço aéreo libanês por aviões e drones de “Israel”, além de mais de 2.400 operações militares ao norte da chamada Linha Azul, demarcação estabelecida pela ONU, mas não reconhecida pelo Líbano como fronteira internacional.

Goffrey informou ainda que, em outubro, uma equipe da UNIFIL realizou levantamento geográfico de um muro de concreto construído pelo Exército israelense ao sudoeste da localidade de Yaroun. A análise confirmou que a estrutura ultrapassa a Linha Azul, em violação direta à Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que rege as condições de cessação de hostilidades desde a guerra de 2006. Em novembro, outro muro construído a sudeste de Yaroun também foi apontado como irregular, levando a UNIFIL a notificar formalmente “Israel” por conta dos dois casos.

A resolução prevê, entre outros pontos, o fim das hostilidades, a implantação do Exército libanês no sul do país e a criação de uma zona desmilitarizada entre a Linha Azul e o rio Litani. As violações aéreas e terrestres israelenses, portanto, configuram descumprimento direto das determinações do Conselho de Segurança, segundo a própria missão da ONU.

Hesbolá: ataque é agressão ao Líbano e exige resposta firme

O Hesbolá, principal força da resistência libanesa, divulgou na terça-feira (18) um comunicado condenando o massacre em Ain al-Hilweh. A organização classificou o ataque como “uma agressão contra o Líbano e sua soberania”, além de uma “violação flagrante do cessar-fogo e da Resolução 1701”.

O texto destaca que a ocupação “continua a violar diariamente” a resolução, com “plena cumplicidade e parceria da administração norte-americana, que não apenas apoia, mas planeja os crimes e agressões contra o Líbano e a Palestina”. A nota adverte que qualquer postura de “fraqueza, concessão ou submissão diante do inimigo” só serve para “alimentar sua brutalidade e encorajar novas agressões”.

Segundo o movimento, limitar a reação a respostas “tímidas ou insuficientes” apenas abre caminho para novos ataques e massacres. O Hesbolá afirma que o “dever nacional exige a adoção de uma posição firme e unificada para enfrentar os crimes do inimigo e deter sua agressão por todos os meios possíveis”, insistindo na necessidade de manter “todos os elementos de força que o Líbano possui”, apontados como “a única garantia para frustrar os projetos do inimigo e proteger a soberania e a segurança do país”.

O movimento também ecoou a denúncia do Hamas sobre o ataque a Ain al-Hilweh, classificando a ofensiva como “um ataque brutal contra nosso povo palestino desarmado e contra a soberania libanesa”. As organizações repudiaram a versão israelense que falava em ataque a um suposto “composto de treinamento”, qualificando tal alegação como “mentira e fabricação” para justificar o bombardeio. As duas forças enfatizaram que não existem instalações militares em campos de refugiados palestinos no Líbano.

Irã responsabiliza diretamente os EUA pela escalada no Líbano

A República Islâmica do Irã também se pronunciou sobre os ataques de “Israel” no sul do Líbano. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmail Baghaei, condenou “nos termos mais firmes” a recente ofensiva, definindo-a como “grave violação das leis e normas internacionais” e parte de uma escalada contínua da ocupação em toda a região.

Baghaei afirmou que Teerã mantém “total solidariedade com o Líbano, seu povo, sua resistência e seu governo” diante das agressões. O representante iraniano foi categórico ao apontar os Estados Unidos como responsáveis diretos pela continuidade dos ataques: “a administração norte-americana tem responsabilidade imediata por esses crimes, graças ao apoio político e militar que concede à ocupação”.

O porta-voz também criticou o silêncio e a passividade dos países que atuam como garantidores do cessar-fogo, afirmando que sua inação diante de violações repetidas encoraja a ocupação a seguir “sem qualquer responsabilização”. Para o Irã, a ausência de medidas concretas para deter “Israel” mostra que as garantias dadas nos fóruns internacionais não foram acompanhadas de pressão real sobre a entidade sionista.

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