Investigações israelenses sobre a Operação Dilúvio de Al-Aqsa, de 7 de outubro de 2023, expuseram falhas críticas dentro do aparato militar e de inteligência da ocupação israelense, com descobertas que revelam uma série de erros graves de cálculo, falhas operacionais e rupturas na cadeia de comando.
Um relatório do jornal Yedioth Ahronoth concluiu que a inteligência militar israelense sofreu de “arrogância e cegueira”, falhando em antecipar a escala do ataque. A investigação descobriu que o Hamas inicialmente planejava lançar a ofensiva durante a Páscoa de 2023, mas a adiou para aprimorar sua preparação.
Nos meses que antecederam o ataque, o Comando Sul das forças de ocupação israelenses avaliou que o pior cenário possível envolveria a infiltração de cerca de 70 combatentes armados através de dois pontos ao longo da fronteira de Gaza. No entanto, a realidade superou em muito essas expectativas, com cerca de 5.000 combatentes do Hamas rompendo as defesas israelenses.
O erro de avaliação militar foi agravado por uma diretriz do primeiro-ministro Benjamin Netaniahu três meses antes do ataque, instruindo o exército a priorizar ameaças do Irã, Hesbolá e da Cisjordânia, mantendo a calma em Gaza. Essa mudança de foco deixou as forças israelenses despreparadas para o assalto sem precedentes.
As investigações revelaram que a Divisão de Gaza entrou em colapso por várias horas durante o ataque, e essa realidade não foi totalmente compreendida em tempo real, causando atrasos na tomada de decisões tanto no Comando Sul quanto no Estado-Maior Geral. A cadeia de comando sofreu um “golpe fundamental”, impedindo uma resposta operacional rápida.
A Resistência Palestina explorou esse caos, lançando ataques por terra, ar e mar:
- No solo, cerca de 5.500 combatentes palestinos entraram em território palestino ocupado em três ondas, rompendo 114 pontos de travessia e avançando por 59 rotas de ataque em direção aos assentamentos israelenses no sul e no centro.
- No mar, sete barcos transportando cerca de 50 combatentes tentaram penetrar as defesas costeiras de Israel.
- No ar, o Hamas utilizou 63 aeronaves, incluindo 57 drones e seis parapentes motorizados, pegando a Força Aérea Israelense de surpresa.
Um dos aspectos mais surpreendentes do ataque foi o uso de parapentes motorizados pelo Hamas para transportar combatentes para o território palestino ocupado, uma capacidade subestimada pela inteligência israelense.
A operação da Resistência causou um golpe severo às forças de ocupação israelenses nas primeiras horas, com a Divisão de Gaza sendo efetivamente derrotada em duas horas. Além disso, a maioria dos comandantes de nível médio, incluindo líderes de batalhões e companhias, foi morta nos estágios iniciais.
Além das perdas devastadoras, os comandantes de três brigadas também foram eliminados, totalizando 157 soldados israelenses mortos nas primeiras três horas.
O jornal israelense Walla! relatou que o Hamas alvejou bases aéreas da Força Aérea Israelense com ataques pesados de foguetes, interrompendo decolagens e causando ainda mais confusão na resposta militar.
Uma investigação separada do jornal Maariv descreveu o desempenho militar das forças de ocupação israelenses em 7 de outubro como “uma falha histórica e sem precedentes”. Um alto oficial militar israelense admitiu: “as investigações sobre os eventos de 7 de outubro não fornecem explicações satisfatórias”.
O Maariv comentou que a Divisão de Gaza foi derrotada nas primeiras duas horas da guerra pelo Hamas.