Estados Unidos

Intervenção de Trump contra o ‘wokeismo’ chega à Fulbright

Embaixada norte-americana é clara ao dizer que a política trumpista do 'America First' orienta a concessão de bolsas de estudo

Os professores de Direito Lorena Martoni de Freitas, da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), e Marco Antônio Sousa Alves, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), denunciaram ao sítio Poder360 um e-mail recebido da Fulbright, programa de financiamento acadêmico vinculado ao governo dos Estados Unidos. Na mensagem, a instituição exigia a remoção de termos como “direitos humanos”, “opressão de gênero, classe e raça” e “justiça social” do projeto acadêmico, como condição para a liberação dos recursos previamente aprovados. Os destaques feitos pela fundação norte-americana foram enviados à reportagem de Poder360 e podem ser consultados nesse link.

O projeto dos docentes mineiros, aprovado em 2024, tinha como objetivo trazer ao Brasil o professor Bernard Harcourt, da Universidade Columbia, especialista no sistema penal norte-americano, para uma série de palestras na UFMG ainda em 2025. Contudo, a imposição da Fulbright de eliminar determinadas expressões do documento original gerou indignação entre os acadêmicos. Em entrevista ao Poder360, Sousa Alves relatou:

Na sexta-feira [07], a gerência da Fulbright ligou para pedir ajustes no projeto. Parecia uma mera formalidade, mas quando o documento chegou com os termos marcados ficou claro que se tratava de censura”. Apesar da insatisfação, os professores decidiram acatar as exigências para viabilizar a continuidade do projeto. Alves acrescentou: “é uma mutilação, mas vamos fazer o que pediram, porque queremos continuar com o projeto. Só acho que não temos que aceitar em silêncio. O professor Bernard Harcourt até ficou mais interessado [na vinda ao Brasil] depois que contamos sobre o episódio“, disse.

O sítio brasileiro informa na matéria que questionou a Embaixada dos EUA no Brasil sobre a existência de uma orientação oficial do governo norte-americano para proibir expressões específicas em projetos financiados pelos norte-americanos. A resposta obtida foi: “No momento, embaixada e consulados dos Estados Unidos no Brasil estão revisando os programas e parcerias para garantir que estejam alinhados com a política externa dos EUA e de acordo com a agenda America First [diretrizes de padronização de políticas e operações do novo governo]“.

Este episódio não é isolado. No início de fevereiro, a Fundação Nacional de Ciência dos EUA iniciou uma revisão de milhares de projetos de pesquisa acadêmica no país, com o objetivo de identificar e alterar termos que violam as diretrizes estabelecidas pelo novo governo, conforme reportado pelo jornal norte-americano The Washington Post.

A Fulbright é uma fundação com décadas de atuação junto a acadêmicos dos países atrasados e tem personalidades como a atual presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas Joenia Wapichana entre os beneficiários de seu programa de bolsas de estudo, que parecem um inofensivo programa de cooperação acadêmica, porém o caso envolvendo os professores da UFMG demonstra algo totalmente diferente: trata-se de uma política dedicada à cooptação política.

Historicamente, tais programas têm servido para promover agendas alinhadas aos interesses imperialistas norte-americanos, moldando o discurso acadêmico global conforme suas conveniências políticas. Ocorre que durante as últimas décadas, a promoção de políticas identitárias – chamadas nos EUA como cultura “woke” – foi incentivada, como forma de fragmentar movimentos progressistas e enfraquecer a esquerda.

Com a ascensão da extrema direita norte-americana liderada por Donald Trump, observa-se uma mudança estratégica. Não se trata uma ruptura com a política de cooptação, mas sim uma reconfiguração de suas diretrizes para atender aos novos objetivos imperialistas. O que Trump faz, embora grotesco por um lado, é positivo por expor como funcionam os mecanismos de controle ideológico na universidade.

A exigência de conformidade ideológica para a obtenção de financiamento acadêmico revela a instrumentalização da produção científica como ferramenta de controle ideológico. Ao ditar quais temas podem ou não ser abordados, o governo norte-americano deixa claro sua política de uso da universidade para mera produção de propaganda política, voltada aos interesses do imperialismo.

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