História

Incompetência de Stálin afundou a União Soviética

Assassinado pela burocracia comandada por José Stálin, Leon Trótski analisou em profundidade os acontecimentos na Rússia após a maior revolução já feita pela classe operária

Em ocasião dos 85 anos do maior crime do stalinismo, o assassinato de Leon Trótski, reproduzimos na edição de hoje o artigo A incompetência de Stálin afundou a União Soviética, publicado originalmente pelo Dossiê Causa Operária.

A incompetência de Stálin afundou a União Soviética

O ano é 1923 quando estoura na recém-formada União Soviética a chamada “Crise das Tesouras”, analisada pelo líder do Exército Vermelho e da Revolução Russa de 1917, e então Comissários do Povo para Assuntos Militares e Naval, Leon Trótski, assim como por militantes do Partido Bolchevique que formariam a Oposição de Esquerda alguns meses depois. Os anos da Guerra Civil Russa (1918 – 1921), vencida pelos revolucionários bolcheviques contra mais de uma dezena de potências imperialistas contrárias à tomada do poder pelo proletariado em 1917, deixaram uma situação extremamente delicada na URSS. A Rússia, vale lembrar, ingressou em uma guerra-civil meses depois de Lênin e Trótski tirarem o país da 1ª Guerra Mundial, cujos efeitos na economia russa, assim como no ânimo da população, foram devastadores.Ocorre que toda a destruição realizada na 1ª Guerra seria superada pela devastação da guerra civil russa, que duraria seis anos, de 1917, até 1923. A guerra deixaria o seguinte saldo: : um setor importante da vanguarda revolucionária, alguns dos melhores militantes e revolucionários, foi aniquilado pelo combate; e a economia soviética sofreu um duro golpe, ficando paralisada com a mobilização de recursos para vencer a guerra e com a transferência da mão-de-obra para as frentes de combate.

Os antecedentes econômicos

Em 1921, quando os revolucionários vencem a Guerra Civil, o principal dirigente da Revolução e Primeiro-ministro da União Soviética, Vladimir Lênin, anuncia uma importante mudança na política econômica do Estado operário. Para combater a crise de abastecimento, o desemprego e a estagnação econômica, Lênin lança a Nova Política Econômica (mais conhecida como NEP, em sua sigla em inglês). A NEP, implementada para tentar reverter os danos causados pela guerra à economia, pretendia, mediante a liberação do setor privado em determinadas áreas, como o varejo, reaquecer a economia soviética por meio de pequenos mercados capitalistas. No campo, o processo de coletivização foi mantido, mas famílias camponesas que tivessem acumulado recursos financeiros foram autorizadas a alugar outras terras para a produção.

Segundo Lênin, a permissão de um pequeno capitalismo de mercado era um recuo temporário, porém necessário para o Estado operário, uma vez que permitiria reerguer a economia soviética para, em seguida, implementar uma política econômica natural da ditadura do proletariado. Nas suas próprias palavras, “a maioria esmagadora dos meios de produção na esfera da indústria e do transporte fica nas mãos do Estado proletário. Juntamente com a nacionalização da terra, esta circunstância demonstra que a nova política econômica não altera a essência do Estado operário, modificando, no entanto, essencialmente, os métodos e as formas da construção socialista, uma vez que admite a emulação econômica entre o socialismo em construção e o capitalismo, que aspira a ressurgir, à base de satisfazer, através do mercado, a muitos milhões de camponeses” (“Sobre o Papel e as Tarefas dos Sindicatos nas Condições da Nova Política Econômica”, V.I.Lênin, 1922). Por isso, foram “admitidos e se desenvolvem o livre comércio e o capitalismo, que devem estar subordinados a uma regulamentação por parte do Estado” (Idem.).

A Crise das Tesouras

Ao estimular a economia capitalista, a NEP naturalmente criou uma nova classe de pequenos capitalistas, popularmente conhecido como nepistas; além de estimular camponeses proprietários ricos (cúlaques), assim como um setor, vinculados a estes, de varejistas que, aproveitando-se da pobreza industrial da URSS, enriqueceu à base da especulação sobre produtos básicos. Em 1923, a situação de disparidade entre a economia urbana, industrial, e a economia agrária foi apontada por Trótski no XII Congresso do Partido Comunista, em seu “Informe sobre a industrialização”. O dirigente da insurreição proletária de 1917 apontou que “apenas o desenvolvimento da indústria cria uma base inabalável para a ditadura do proletariado”. E, embora reconhecendo que a agricultura tinha “importância primordial na vida econômica da Rússia Soviética”, destacou que seu nível técnico era ainda “muito baixo”. Neste informe, Trótski apresentou um gráfico em forma de tesoura, no qual duas retas cruzavam-se: enquanto os preços agrícolas declinavam, o preço dos produtos manufaturados era ascendente. O motivo dessa disparidade era o atraso da indústria soviética. Ao passo que os cúlaques enriqueciam, e os camponeses aumentavam sua produção, a indústria penava em manter o ritmo de crescimento econômico e não conseguia acompanhar a demanda do campesinato que carecia cada vez mais de produtos manufaturados. Os preços destes subiam vertiginosamente, e os preços dos produtos agrícolas desciam, desvalorizados pela ausência de uma demanda equivalente. “ A indústria não podia se desenvolver num país que havia esgotado suas reservas e seus estoques apenas emprestando cerais e matérias-primas aos camponeses”. (A Revolução Traída, Leon Trótski, 1936)

Somente na medida em que a indústria fizer progressos reais e as indústrias pesadas — que formam a única base firme da ditadura proletária — forem restauradas, e na medida em que o trabalho de eletrificação for concluído, será possível e, na verdade, inevitável alterar a importância relativa da agricultura e da indústria em nossa vida econômica e deslocar o centro de gravidade da primeira para a segunda. O Partido deve trabalhar de forma sistemática e perseverante, independentemente do sacrifício ou do trabalho, para acelerar esse processo, especialmente no que diz respeito à rápida restauração da indústria pesada”, apontou Trótski (“Teses sobre a industrialização”, Leon Trótski, 1923).

Empréstimos muito pequenos poderiam culminar numa estagnação: não recebendo produtos industriais, os camponeses trabalhavam apenas para a satisfação de suas próprias necessidades e voltavam às antigas formas de artesanato.”(Idem.)

Trótski sabia que para resolver o problema da indústria soviética seria preciso uma rede elétrica suficientemente grande para abastecer o país. No informe supracitado, o líder revolucionário defendeu a construção de uma enorme hidrelétrica no país. Um alicerce para uma indústria com enorme potencial de crescimento, mas que necessita de bases sólidas para se desenvolver.

Prevendo uma crise social e política que estouraria anos depois, Trótski apontou que a disparidade entre a economia industrial e agrária levaria inevitavelmente ao enfraquecimento da “unidade entre o proletariado e o campesinato — esse sentimento de confiança do campesinato em relação ao proletariado que, durante o atual período histórico de transição, é um dos suportes mais fundamentais da ditadura proletária. A preservação e o fortalecimento dessa unidade é uma condição fundamental para a estabilidade do poder soviético e, consequentemente, representa a tarefa mais fundamental de nosso partido” (Idem.).

Em “A Revolução Traída” (1936), Trótski conta: “Na primavera de 1923, em um congresso do partido, foi demonstrado por um representante da ‘Oposição de Esquerda’ — ainda não conhecida por esse nome — a divergência dos preços industriais e agrícolas na forma de um diagrama sinistro. Esse fenômeno foi chamado pela primeira vez de ‘tesoura’ um termo que desde então se tornou quase internacional. Se o atraso ainda maior da indústria — disse o palestrante — continuar a abrir essas tesouras, então a ruptura entre a cidade e o campo será inevitável” (“A Revolução Traída”, Leon Trótski, 1936).

Apesar das advertências primordiais, a posição de Trótski, favorável à industrialização, foi derrotada no congresso partidário. Neste período, Lênin já estava doente, enquanto José Stálin buscava já isolar o líder do Exército Vermelho, apoiando-se em uma aliança (conhecida como Troika) com dois importantes dirigentes bolcheviques, Grigori Zinoviev e Lev Kamenev; utilizando-se do seu cargo no aparato partidário, de secretário-geral, para formar uma base a partir de uma forte burocracia estatal oriunda das necessidades de combater os escombros da Guerra Civil; e sustentando-se na nova classe de nepistas, que se fortalecia à medida que a revolução proletária mundial ia se enfraquecendo — sendo fundamental para este cenário a derrota da Revolução Alemã de 1923.

Expressando uma situação econômica grave, que ameaçava o Estado operário, as discussões do XII Congresso, que também giraram em torno da burocratização do partido pela Troika, precederam a formação da Oposição de Esquerda, liderada por Trótski contra o stalinismo. Antes disso, no entanto, um manifesto escrito por Eugênio Preobrajenski (dirigente bolchevique e chefe do Comissariado do Povo de Finanças) e assinado por 46 outros militantes bolcheviques, expressou a importância de levar adiante a política defendida por Trótski. O “Manifesto dos 46”, além de denunciar o início de uma ditadura da burocracia na União Soviética, ainda denunciava a ineficácia da política econômica oficial no planejamento industrial. Baseando-se na análise apresentado por Trótski, o manifesto sintetizava assim a situação da crise econômica soviética:

A crise econômica e financeira iniciada no final de julho do presente ano, com todas as consequências políticas internas ao partido que dela derivam, revelou inexoravelmente a incapacidade da liderança do partido tanto no domínio econômico como no das relações internas do partido.

O caráter ocasional, superficial e carente de sistematização das decisões do Comitê Central, que não conseguiu por ordem no domínio econômico, nos levou a uma situação em que, apesar dos indubitáveis êxitos conseguidos no setor da indústria, das finanças e do transporte — êxitos conseguidos espontaneamente pela economia do país e apesar da inépcia da liderança ou, em outras palavras, apesar da ausência de qualquer liderança —, estamos destinados não só ao desaparecimento de todos esses êxitos, mas também a uma grave crise econômica.

Temos diante de nós a visível desvalorização do chervonets [moeda russa inaugurada pela NEP], que se transformou espontaneamente numa moeda básica antes que fosse liquidado o déficit do orçamento; nos defrontamos com uma crise de crédito no qual o Gosbank [Banco Central da URSS] não pode, sem risco de um sério colapso, financiar a indústria ou o comércio de produtos industriais, nem sequer grãos para a exportação; nos defrontamos com a paralisação das vendas de produtos industriais como consequência de seus altos preços, o que se deve, por uma parte, à ausência de uma direção planificada e organizada da indústria e, por outra, a uma equivocada política de créditos; nos defrontamos com a impossibilidade de executar o programa de exportação de grãos devido à incapacidade para comprá-los; nos defrontamos com os preços extremamente baixos dos produtos básicos de subsistência, que prejudicam o campesinato e ameaçam com uma diminuição geral da produção agrícola; nos defrontamos com desigualdades no volume dos salários, o que provoca o natural descontentamento dos trabalhadores com o caos orçamentário, o que indiretamente, produz o caos no aparelho estatal.

[…]

Esses são alguns dos elementos da crise econômica, creditícia e financeira que já começou. Se não tomarem agora medidas enérgicas, pensadas e planificadas, se continuar a ausência de direção, nos defrontaremos com a possibilidade de um colapso econômico muito grave que, inevitavelmente, acarretará complicações políticas internas e uma paralisação total de nossa efetividade externa e de nossa capacidade de ação. E este último caos, como todos podem compreender, nos é agora muito mais necessário do que nunca; dele depende o destino da revolução mundial e da classe trabalhadores de todos os países” (“Manifesto dos 46”, Preobrajenski, 1923).

Enriquecimento dos camponeses

Naturalmente, não se tratava de uma simples discussão econômica. Na verdade, como bem denunciaram os assinantes do manifesto, estava em jogo a própria revolução proletária. Nem a decisão da Troika, de rejeitar o plano econômico de Trótski era uma medida meramente de divergência de pensamento econômico, se tratava de uma divergência de caráter político.  Com o aumento das tensões sociais, a polarização levou à formação de blocos políticos. Junto a vários dos assinantes do manifesto, entre outros habilidosos dirigentes bolcheviques, Trótski liderou a Oposição de Esquerda e denunciou a política da burocracia dirigente. A oposição continuou defendendo a necessidade de recuperar e desenvolver a indústria soviética mediante um planejamento centralizado, além de denunciar a ditadura da burocracia stalinista. Na obra “A Nova Econômica” (1926), Preobrajenski polemizou com a política da burocracia, que então seguida a linha desenvolvida por Nicolas Bukharin, defensor do “socialismo em um só país” e da política de enriquecimento dos camponeses ricos, apelando pela desnacionalização da terra e o abandono do monopólio estatal do comércio.

Trótski, em “A Revolução Traída” (1936), explica essa política: “À medida que as aldeias se recuperavam, a diferenciação dentro da massa camponesa começou a crescer. Esse desenvolvimento caiu nas velhas e bem trilhadas rotinas. O crescimento do cúlaque superou em muito o crescimento geral da agricultura. […] Os impostos agrícolas recaíam sobre os pobres de forma muito mais pesada do que sobre os abastados, que, além disso, ficavam com a nata dos créditos estatais. O excedente de grãos, principalmente em posse dos estratos superiores da aldeia, era usado para escravizar os pobres e para a venda especulativa aos elementos burgueses das cidades. Bukharin, o teórico da facção dominante na época, lançou ao campesinato seu famoso slogan: ‘Fique rico!’ Na linguagem da teoria, isso deveria significar um crescimento gradual dos cúlaques para o socialismo. Na prática, significava o enriquecimento da minoria às custas da maioria esmagadora” (“A Revolução Traída, Leon Trótski, 1936).

Cativo de sua própria política, o governo foi obrigado a recuar passo a passo diante das demandas de uma pequena burguesia rural. Em 1925, a contratação de mão de obra e o aluguel de terras foram legalizados para a agricultura. O campesinato estava se polarizando entre o pequeno capitalista de um lado e o trabalhador contratado do outro. Ao mesmo tempo, com a falta de commodities industriais, o Estado foi excluído do mercado rural. Entre o cúlaque e o pequeno artesão caseiro surgiu, como se estivesse debaixo da terra, o intermediário. As próprias empresas estatais, em busca de matéria-prima, eram cada vez mais obrigadas a negociar com o comerciante privado. A maré crescente do capitalismo era visível em toda parte” (Idem.).

Em 1925, quando o curso em direção ao cúlaque estava em pleno andamento, Stálin começou a se preparar para a desnacionalização da terra. […] Enquanto isso acontecia, na primavera de 1926, quase 60% dos grãos destinados à venda estavam nas mãos de 6% dos proprietários camponeses! O Estado carecia de grãos não apenas para o comércio exterior, mas até mesmo para as necessidades domésticas. A insignificância das exportações tornou necessário deixar de trazer artigos de manufatura e reduzir ao máximo a importação de maquinário e matérias-primas” (Idem.).

Retardando a industrialização e golpeando a massa geral dos camponeses, essa política de bancar o fazendeiro abastado revelou inequivocamente suas consequências políticas em apenas dois anos (1924 – 26). Ela provocou um aumento extraordinário da autoconsciência na pequena burguesia da cidade e da aldeia, a captura por ela de muitos dos Sovietes [poder legislativo criado pela revolução] inferiores, um aumento do poder e da autoconfiança da burocracia, uma pressão crescente sobre os trabalhadores e a supressão completa da democracia do partido e do Soviete. O crescimento dos cúlaques alarmou dois membros eminentes do grupo governista, Zinoviev e Kamenev, que eram, significativamente, presidentes dos sovietes dos dois principais centros proletários, Leningrado e Moscou. Mas as províncias, e ainda mais a burocracia, mantiveram-se firmes na defesa de Stálin. O caminho em direção ao agricultor abastado venceu. Em 1926, Zinoviev e Kamenev e seus adeptos se juntaram à Oposição de 1923 (os ‘trotskistas’)” (Idem.).

Isto é, o setor dominante da burocracia stalinista, abandonando os interesses da classe operária, se sustentou no aumento do poder dos camponeses ricos para fortalecer sua ditadura contra-revolucionária na União Soviética. Antigos aliados de Stálin contra Trótski, Zinoviev e Kamenev formaram uma oposição que depois se juntou à Oposição de Esquerda, formando a Oposição Unificada.

Em 1926, a plataforma da Oposição de Esquerda apontou que “o partido deve resistir e esmagar todas as tendências voltadas para a anulação ou enfraquecimento da nacionalização da terra, um dos pilares da ditadura proletária”. Diante da forte oposição, a burocracia teve de recuar nas investidas de desnacionalização. “Ao crescimento da agricultura individual [fermerstvo] no país, devemos contrapor um crescimento mais rápido das fazendas coletivas. É necessário reservar sistematicamente, ano a ano, uma quantia considerável para ajudar os camponeses pobres organizados em cooperativas. Todo o trabalho das cooperativas deve estar imbuído do propósito de converter a pequena produção em uma vasta produção coletivizada”, defendia a plataforma da oposição.

No entanto, o programa de coletivização foi apontado como utópico pela camarilha stalinista, que aproveitaram sua força política sustentada nos camponeses ricos para iniciar uma brutal repressão aos dirigentes e militantes dissidentes no interior do Partido Comunista, esmagando qualquer tentativa de recolocar a ditadura do proletariado nos rumos corretos. Se a política econômica favorecia o campo, de caráter capitalista em detrimento das cidades de economia socialista, ela fortalecia a burocracia, cujo caráter era, em última instância, restauracionista do capitalismo, contra os representantes do proletariado.

Em meio ao caos, coletivização forçada

Esses mesmos anos (1923 – 28) foram os da luta da coalizão governante (Stalin, Molotov, Rykov, Tomsky, Bukharin; Zinoviev e Kamenev passaram para a oposição no início de 1926) contra os ‘super-industrializadores’ partidários do plano.” (Idem.)

[…]

Quando a oposição exigia, a partir de 1923, a elaboração de um plano quinquenal, foi recebido com escárnio digno do pequeno burguês que teme o ‘salto para o desconhecido’. Em abril de 1927, Stalin afirmou novamente em sessão plenária do comitê central que iniciar a construção da grande usina de Dnipro seria para nós o que seria para o mujique comprar um gramofone em vez de uma vaca. (grifo nosso)” (Idem.)

Em 1927, Stálin e sua camarilha contrarrevolucionária expulsam Trótski da União Soviética. No mesmo ano, a Oposição Unificada é esmagada pelas botas da GPU, polícia secreta do país. Contudo, em 1928, a situação fica insustentável, o governo passou a ter que confiscar os cereais, não somente aos cúlaques que especulavam sobre esses produtos, mas também aos camponeses médios, para poder alimentar as cidades. Diante desse cenário, a burocracia stalinista, com sua incompetência gigantesca em gerir o país, dá uma virada brusca em sua política econômica e passa ao plano da coletivização forçada.

Em novembro de 1929, Stalin, rompendo com suas próprias hesitações, anunciou o fim da agricultura fragmentada: ‘Por aldeias inteiras, por cantões, mesmo por distritos, os camponeses entrar nos colcozes (fazendas coletivas que pertenciam ao estado soviético)’. Yakolev que, dois anos antes, demonstrou que os colcozes não seriam por muitos anos ‘apenas oásis no meio de inúmeras parcelas’, recebe como Comissário da Agricultura a missão de ‘liquidar os camponeses ricos como classe’ e implantar coletivização completa ‘o mais rápido possível’. Em 1929, o número de domicílios que entravam nos colcozes passou de 1,7% para 3,9%, chegou a 23,6% em 1930, 52,7% em 1931 e 61,5% em 1932.” (Idem.)

A coletivização forçada teve como resultado o aumento da fome, ao invés de resolvê-la. Parte porque os cúlaques começaram uma guerra contra o governo, queimando as reservas de trigo, e parte porque os camponeses, forçados a produzir, não tinham nenhum incentivo para fazê-lo a não ser as ameças da burocracia stalinista e dos campos de trabalho forçados. No mesmo ano (1929) começam os planos quinquenais, para retomar o parque industrial soviético. A velha proposta da Oposição da Esquerda tinha se tornado inevitável. A ideia era acelerar a industrialização da União Soviética através da hidrelétrica no rio Dnipro, entre outras coisas. O desfecho dessas mudanças bruscas para implementar um plano econômico às pressas e através da força promoveu uma das maiores fomes que o povo russo enfrentou em sua história, a primeira de muitas medidas da burocracia stalinista que foram afundando a União Soviética até o seu fim em 1991.

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