Na quinta-feira (3), o sítio A Gazeta Bahia publicou um artigo acusando índios de “vestirem-se de bandidos” e planejarem a expulsão da Força Nacional da região da Barra Velha, no extremo sul da Bahia. A publicação, baseada em boatos e insinuações, tenta justificar a ocupação militar da região e fomentar o ódio da população contra os índios, a pretexto de combater a criminalidade.
A campanha da imprensa tem como alvo a crescente mobilização de comunidades de índios que resistem à presença das tropas enviadas pelo Ministério da Justiça. Segundo os veículos locais, a resistência seria uma ação coordenada de “bandidos”, termo usado de maneira genérica e racista para atacar qualquer oposição à repressão do Estado.
O texto chega ao absurdo de atacar o próprio governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), insinuando que, por se declarar índio, ele estaria ao lado dos “bandidos”. A investida da imprensa faz parte de uma operação coordenada para isolar os índios e preparar o terreno para mais uma ofensiva repressiva em defesa dos interesses do latifúndio, da grilagem de terras e da especulação imobiliária.
A política de militarização das áreas de conflito agrário e de expulsão de comunidades camponesas tem se intensificado, mesmo sob o governo federal do PT. Enquanto isso, a grande imprensa cumpre o papel de fabricar consentimento popular para a violência do Estado, invertendo a realidade: os que resistem são chamados de criminosos, e os que reprimem são apresentados como defensores da ordem.
É preciso denunciar essa ofensiva reacionária e defender o direito dos povos indígenas à autodeterminação e à defesa de seus territórios contra a ação dos militares, latifundiários e seus porta-vozes nos meios de comunicação.




