A convocação de uma manifestação pelo Partido da Causa Operária (PCO) e do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal) para o dia 7 de outubro, em celebração ao segundo aniversário do ataque do Hamas a “Israel”, gerou uma série de reportagens caluniosas na imprensa burguesa brasileira. Entre os órgãos que abordaram o tema, estão o portal Terra, o jornal O Globo, a revista Crusoé e a revista Oeste.
Nas redes sociais, o Partido havia descrito a Operação Dilúvio de Al-Aqsa de 7 de outubro de 2023, como “um dos mais gloriosos dias da história da humanidade”. Segundo o PCO, o povo palestino, “de dentro de um campo de concentração”, decidiu “dar um basta” à situação. O Partido classificou a ofensiva como uma “gloriosa operação” que “derrotou o Estado de ‘Israel’ de forma tão fulminante que colocou sua existência em xeque”. A manifestação foi convocada para comemorar essa data, homenagear os “mártires” e apoiar “aqueles que não desistem de lutar”.
O dia 7 de outubro marcou o início de uma guerra de resistência que já dura dois anos. Neste período, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), ao lado de outras forças armadas, conseguiu isolar completamente o sionismo na opinião pública internacional. Os combatentes seguem lutando contra um regime criminoso que já assassinou 65 mil palestinos, sendo 20 mil deles crianças.
A imprensa, no entanto, decidiu condenar a proposta do PCO e do Ibraspal. O Terra, em sua reportagem, inicia a matéria destacando a convocação do PCO para “celebrar” o “ataque” do Hamas. O texto, de autoria do Portal de Prefeitura, mente dizendo que o ataque resultou na morte de cerca de 1.200 pessoas, quando, conforme já demonstrado pela própria imprensa imperialista, o Estado de “Israel” foi o responsável pela maior parte das mortes naquele dia.
Em artigo publicado na coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo, é citada a vereadora Cris Monteiro (Novo-SP), que acionou o Ministério Público, pedindo a investigação do evento. O texto sai em defesa da vereadora, argumentando que, embora não pretenda coibir uma manifestação político-partidária, considera que o ato pode “fomentar discursos extremistas de intolerância”. A matéria também menciona que a vereadora questionou o uso do endereço da Academia Paulista de Letras para um evento relacionado a um “lamentável episódio”.
A revista Oeste, em uma matéria mais curta, também focou nesse ponto, ressaltando o pedido de investigação e descrevendo o ataque do Hamas como o “mais grave atentado terrorista” já registrado em “Israel”.
A revista Crusoé, por sua vez, procurou apresentar a questão da maneira mais policialesca possível, com o objetivo explícito de incriminar o Partido da Causa Operária. O texto afirma que o PCO tem intensificado sua participação em eventos pró-Hamas e citou a reunião do presidente nacional do Partido, Rui Costa Pimenta, com a liderança do Hamas em 2024. A revista também trouxe uma declaração política de Pimenta, fundamentada historicamente, que defende o terrorismo como “método de luta” e não como “crime”. A Crusoé acusa o Partido de infringir a Lei 13.260, que tipifica o terrorismo como crime desde 2016, justamente com o objetivo de “provocar terror social ou generalizado”.
As matérias surgem no mesmo momento em que organizações não governamentais (ONGs) vinculadas ao Departamento de Estado norte-americano e deputados de extrema direita tentam impedir o PCO e o Ibraspal de realizar o ato em homenagem à brava resistência palestina. Contrariando a propaganda favorável às liberdades democráticas, a extrema direita entrou com representações no Ministério Público Estadual de São Paulo e no Ministério Público Federal contra o evento que acontecerá em 7 de outubro.
Diante da pressão dos representantes do sionismo no Brasil, a Academia Paulista de Letras, que havia sido escolhida como sede do evento, cancelou a reserva do auditório. Nesta terça-feira (30), o PCO e o Ibraspal confirmaram que o ato acontecerá na sede da APEOESP, no bairro da República, em São Paulo.





