Nesta semana, a China voltou a realizar exercícios militares ao redor de Taiuã, o exercício militar durou dois dias – terça e quarta-feira no horário local. O Departamento de Estado dos Estados Unidos denominou a ação de “agressiva”.
As autoridades chinesas descreveram a operação como uma resposta direta à escalada da atividade separatista da liderança de Taiuã. Segundo as autoridades, os exercícios tinham como objetivo fortalecer as capacidades de ataque e demonstrar a determinação de Pequim em deter os movimentos de independência.
O exercício se deu após a declaração do líder taiuanês, William Lai Ching-te, no dia 13 de março, em que classificou Pequim como uma “força estrangeira hostil” e anunciou medidas de segurança mais rígidas contra a China.
O Exército de Libertação Popular (ELP) – exército chinês – o denunciou como um separatista “incorrigível” que há muito tempo “vendeu” os interesses de Taiuã, alegando que ele manipulou narrativas históricas e favoreceu potências estrangeiras em detrimento da paz entre os dois lados do estreito.
O jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) publicou um artigo descrevendo Lai como um “belicista desesperado” e que suas medidas tinham como objetivo o armamento de Taiuã para um confronto. O artigo criticou o recente aumento dos gastos com defesa e a mobilização da defesa civil de Taipé, chamando-os de atos de “fomentação do medo e de sabre” que colocaram os civis em risco.
De acordo com o ELP, a China continental lançou a operação “Strait Thunder-2025ª”. A operação tinha como alvo portos simulados e instalações de energia no Mar da China Oriental e utilizava munições de fogo reais.
“Os exercícios focam em identificação e verificação, alerta e expulsão, além de interceptação e detenção, para testar a capacidade das tropas de regular e controlar áreas, impor bloqueios conjuntos e realizar ataques de precisão contra alvos estratégicos“, afirmou o Exército.
Um analista disse ao jornal South China Morning Post que os exercícios também transmitiram uma mensagem estratégica de dissuasão para as forças americanas e japonesas estacionadas nas Ilhas Ryukyu – cadeia de ilhas japonesas que se estendem do sudoeste do Japão até Taiuã.
O porta-voz do Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular, coronel sênior Shi Yi, afirmou à emissora estatal CCTV que o exercício de ataque de precisão “atingiu os objetivos pretendidos”.
O porta-voz militar também disse que qualquer tentativa de separar Taiuã da China seria “resolutamente esmagada a qualquer custo”, não deixando “nenhum espaço” para movimentos de independência. O recente anúncio da política de Lai empurrou Taiuã para mais perto de “um confinamento quase militar”, acrescentou.
Zhang Chi, professor da Universidade de Defesa Nacional do ELP, disse que os exercícios de fogo real demonstraram a capacidade dos militares chineses de atacar em toda a extensão de Taiuã com precisão e eficiência. Segundo o professor, a artilharia de longo alcance chinesa pode atingir toda a província rebelde de Taiuã, com munições guiadas capazes de ter precisão de um metro, mesmo a distâncias de várias centenas de quilômetros.
Song Zhongping, ex-instrutor do ELP, afirmou que o “ELP está demonstrando sua capacidade de negar acesso e impor custos às forças de intervenção estrangeiras” e que os ataques simulados em portos e centros de energia tinham como objetivo “paralisar a prontidão militar da ilha [Taiuã] e isolá-la estrategicamente”.
Zhongping acrescentou que, com a capacidade chinesa demonstrada no exercício, o ELP “poderia forçar as forças de Taiuã a entrar em colapso sem um confronto terrestre em grande escala”.
De acordo com o Ministério de Defesa de Taiuã, 76 missões do ELP e 15 navios de guerra, além de quatro navios “oficiais”, foram detectados perto da ilha às 6h da manhã de quarta-feira.
O ministério acrescentou que 37 missões haviam cruzado a linha mediana – o ponto médio fictício no Estreito de Taiuã que separa a ilha da China continental – e entrado na zona de identificação de defesa aérea de Taiuã.
Após o exercício militar, o Departamento de Estado dos EUA declarou que os exercícios estavam exacerbando as tensões e reafirmou o compromisso de Washington com Taiuã.
“Mais uma vez, as atividades militares agressivas e a retórica da China em relação a Taiuã só servem para exacerbar as tensões e colocar em risco a segurança da região e a prosperidade do mundo. Diante das táticas de intimidação e do comportamento desestabilizador da China, o compromisso duradouro dos Estados Unidos com nossos aliados e parceiros, incluindo Taiuã, continua. Os Estados Unidos apoiam a paz e a estabilidade no Estreito de Taiuã e se opõem a mudanças unilaterais no status quo, inclusive por meio de força ou coerção”.
A União Europeia e o Japão também publicaram declarações semelhantes à dos EUA.
“A UE tem um interesse direto na preservação do status quo no Estreito de Taiuã. Nós nos opomos a qualquer ação unilateral que altere o status quo pela força ou coerção”, disse um porta-voz da União Europeia.
O secretário-chefe do Gabinete do Japão, Yoshimasa Hayashi, disse que o governo transmitiu sua preocupação à China sobre o exercício militar do ELP.
“Estamos observando isso com grande interesse”, disse Hayashi em uma coletiva de imprensa. “A paz e a estabilidade no Estreito de Taiuã são extremamente importantes para toda a comunidade internacional, incluindo nosso país”.
O principal porta-voz do governo acrescentou que Tóquio “tomará todas as medidas possíveis para atividades de vigilância e monitoramento”.