Argentina

Imperialismo resgata Milei, que conquista maioria no parlamento

Vitória eleitoral do partido do presidente argentino, com 40,84% dos votos, superou todas as expectativas da própria imprensa imperialista

Neste domingo (26), o presidente Javier Milei, da coalizão La Libertad Avanza (LLA), conquistou uma vitória impactante nas eleições legislativas nacionais, revertendo a derrota sofrida um mês antes nas urnas provinciais. O triunfo, que garantiu a Milei a governabilidade que lhe faltava no Congresso, reflete uma mudança da posição do imperialismo em relação ao presidente argentino.

O partido de Milei obteve 40,8% dos votos, superando a principal força de oposição peronista, Fuerza Patria, que obteve 24,5% dos votos — cerca de 31%, contando com seus aliados. Esta vitória vem junto a um resgate de US$20 bilhões dos Estados Unidos e uma condicionalidade explícita: o rompimento da Argentina com a China.

O primeiro ano de governo de Javier Milei foi uma política de “choque”, no qual a conquista de um superávit orçamentário e a queda da inflação mensal para 3% foi obtida ao custo de um colapso social avassalador. A austeridade radical levou a pobreza a disparar para 53% da população, criando uma crise humanitária que serviu como barril de pólvora político. A sustentabilidade do projeto neoliberal estava em uma corrida desesperada contra o tempo social, e o descontentamento se traduziu em capital político para a oposição peronista.

Este desgaste se materializou no mês passado, quando o LLA sofreu um revés eleitoral claro nas eleições legislativas da Província de Buenos Aires, o maior distrito do país. A coligação peronista (Fuerza Patria), liderada por Axel Kicillof, obteve 47,12% dos votos, superando o LLA, que ficou com 33,8% – uma diferença de 13,3 pontos percentuais. Essa derrota foi reconhecida pelo próprio Milei.

Além do revés eleitoral, o governo enfrentava a paralisia legislativa: o Congresso, com a oposição majoritária, derrubou vetos presidenciais que impediam o aumento das aposentadorias, demonstrando a fragilidade institucional do LLA, que inicialmente contava com apenas 37 dos 257 deputados.

As derrotas de Milei eram resultado da desconfiança do grande capital sobre sua capacidade de sustentar o governo em meio a uma crise de estagflação. Os dados eram alarmantes: apesar da queda da inflação mensal, um índice ainda altíssimo para os padrões internacionais, a austeridade radical paralisou a economia. O efeito direto foi o disparo no desemprego, alterando a principal preocupação do argentino médio, que passou da inflação para a falta de renda e de emprego. Esta combinação socialmente explosiva ameaçava a continuidade da política neoliberal.

A vulnerabilidade do governo se manifestou na crise de confiança que provocou uma “corrida ao peso argentino”, conforme noticiado pelo Financial Times, levando o país a depender de um resgate, materializado no anúncio de um empréstimo de US$20 bilhões pelo governo dos Estados Unidos, condicionado, implicitamente, ao sucesso eleitoral de Milei.

Contudo, a vitória eleitoral do LLA, com 40,84% dos votos, superou todas as expectativas da própria imprensa imperialista. O partido não só ampliou significativamente sua base, conquistando 64 das 127 cadeiras em disputa na Câmara e 13 das 24 no Senado, como teve uma vitória que pode fazer com que supere a crise política. O ganho mais importante foi atingir o patamar de mais de um terço dos assentos na Câmara, o que confere a Milei o poder de impedir que futuros vetos presidenciais sejam derrubados pelo Congresso, blindando os decretos de necessidade e urgência e as reformas já implementadas e futuras.

O portal G1 apresentou a vitória de Milei como um “respaldo das urnas para seguir com sua política de austeridade e suas reformas”. Já o jornal britânico Financial Times destacou que o resultado “reforçará a posição de Milei no Congresso e o ajudará a levar adiante sua reforma radical da economia argentina”. Para a aprovação de novas matérias e privatizações, o LLA precisará de apoio de apenas cerca de 15 deputados extras para atingir a maioria simples.

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