Nesta quarta-feira (12), o imperialismo deu mais um passo na tentativa de golpe de Estado contra a República Sérvia. Através do Ministério Público da Bósnia-Herzegovina, foram emitidos mandados de prisão contra Milorad Dodik, presidente da república; Radovan Višković, primeiro-ministro; e Nenad Stevandić, presidente da Assembleia Nacional.
O golpe de Estado teve início no final de fevereiro, quando o Tribunal da Bósnia-Herzegovina (após acusação apresentada pelo Ministério Público) condenou o presidente da República Sérvia a um ano de prisão, e à proibição, por seis anos, de ser presidente. O pretexto dado pelo Tribunal foi o de que Dodik teria desrespeitado decisões do alemão Christian Schmitt, alto representante para a Bósnia-Herzegovina, isto é, um agente do imperialismo para controlar os Balcãs, e manter a região dividida em pequenos países.
Referido cargo foi criado em 1995 no âmbito dos Acordos de Dayton e tem a finalidade fazer valer referidos acordos. Estes foram impostos pelo imperialismo à Sérvia, ao fim da Guerra da Bósnia, na conjuntura do processo de dissolução da antiga Iugoslávia.
Entre 1º e 9 de julho de 2023, Dodik e outras autoridades teriam dado continuidade a processo legislativo para a aprovação de lei que impediria a entrada em vigor de uma lei imposta pelo imperialismo, isto é, a Lei sobre Emendas à Lei sobre Publicação de Leis e Outros Regulamentos da República Sérvia.
Ocorre que tanto o Tribunal da Bósnia-Herzegovina e o Ministério Público da Bósnia-Herzegovina são órgãos criados no ano de 2002 justamente pelo Alto Representante (que, à época, era Paddy Ashdown, do Reino Unido). Em outras palavras, órgãos de repressão controlados diretamente pelo imperialismo, com a função de criar processos arbitrários contra aqueles que são obstáculos ao imperialismo.
A República Sérvia não reconhece a autoridade do Tribunal e do Ministério Público, em razão de terem sido estabelecidos em violação à Constituição da Bósnia-Herzegovina. Após o início do golpe de Estado, o governo da República Sérvia, em 24 de fevereiro, publicou uma proposta contra a Subversão da Constituição da Bósnia e Herzegovina, medidas e tarefas destinadas a proteger a Constituição da Bósnia e Herzegovina, e a enviou para consideração à Assembleia Nacional da República Sérvia, conforme noticiado pela emissora Russia Today – Servia e Balcãs. Na proposta, foi destacado que “conforme declarado, entre outras coisas, na Informação, o julgamento do Presidente da República Sérvia e do diretor do ‘Diário Oficial da República Sérvia’ não é um julgamento de Milorad Dodik e Miloš Lukić, mas um julgamento da República Sérvia”.
“Depois que o Tribunal da Bósnia e Herzegovina emitiu um veredito de primeira instância contra o presidente Dodik por supostamente desrespeitar as decisões de Schmidt, a Assembleia Nacional da República Sérvia votou pela anulação e execução da lei e pela proibição das atividades de ‘instituições extraconstitucionais da Bósnia e Herzegovina’ no território da República Sérvia”, conforme noticiado pela RT – Sérvia e Balcãs, no final de fevereiro.
É nesta conjuntura de golpe de Estado contra a República Sérvia que foram emitidos os pedidos de prisão contra o presidente, o primeiro-ministro e o presidente do parlamento. No mesmo dia em que o mandado de prisão foi emitido, uma nova constituição está sendo discutida na Assembleia Nacional da República Sérvia, prevendo alterações para dificultar os ataques do imperialismo ao país.
A República Sérvia é uma das duas entidades políticas que conformam o país Bosnia-Herzegovina (a outra entidade tem o nome de Bosnia-Herzegovina). O golpe de Estado em andamento é um ataque do imperialismo também contra a Sérvia e o nacionalismo sérvio. Indiretamente é uma ação contra a Rússia, tanto em razão de laços históricos, como pelo fato de que o atual governo da Sérvia (e da República Sérvia) são contra a guerra de agressão contra a Federação Russa.