Nesta segunda-feira (15), o Serviço de Inteligência Estrangeiro Russo (SVR) denunciou que as manifestações que vêm ocorrendo na Sérvia desde novembro de 2024, são “em grande parte um produto da atividade subversiva da União Europeia”, isto é, do imperialismo europeu, e que elas têm o objetivo de é trazer “uma liderança dócil e leal… ao poder em um dos maiores países dos Balcãs“.
O acontecimento que serviu de pretexto para dar início às manifestações, e continua a ser utilizado para impulsioná-las, deu-se em 1º de novembro de 2024. Naquele dia, a cobertura de concreto da principal estação ferroviária de Novi Sad, na Sérvia, desabou sobre a calçada movimentada, matando 16 pessoas e ferindo gravemente outra.
Utilizando este ocorrido como pretexto, no dia 3 de novembro começaram manifestações pedindo responsabilização de políticos que teriam sido responsáveis pela falha na estrutura. Os protestos, que de início assumiram o tema geral de “anti-corrupção”, recentemente evoluíram para pedir a renúncia do presidente Aleksandar Vucic e eleições antecipadas.
Conforme denunciado pelo SVR, o imperialismo europeu já impulsiona os manifestantes, grande parte dos quais estudantes universitários, a utilizarem “métodos mais revolucionários de luta e violência“, sendo que há poucos meses, os protestos assumiram um caráter geral mais pacífico. Segundo o SVR, as tentativas do imperialismo de reproduzir uma “revolução colorida” na Sérvia vinham fracassando devido ao “sentimento patriótico, à influência unificadora da Igreja Ortodoxa e às memórias da agressão da OTAN e do bombardeio do país“.
A agência de inteligência também informou que o imperialismo, em novembro próximo, irá aproveitar o aniversário de um ano da tragédia em Novi Sad para impulsionar ainda mais a revolução colorida, na tentativa de derrubar o presidente sérvio e seu governo. SVR informa que o imperialismo quer fazer “Maidan Sérvio” — trata-se de uma referência ao Euromaidan, revolução colorida realizada pelos Estados Unidos e União Europeia em 2013-2014 na Ucrânia, uma revolução colorida que assumiu forma violenta, violência a qual foi levada a cabo por milícias nazistas ucranianas financiadas e treinadas pelo imperialismo.
Aleksandar Vucic agradeceu ao Serviço de Inteligência Estrangeiro Russo pelas informações sobre a tentativa de golpe. Anteriormente, em novembro de 2023, o governo de Vucic conseguira debelar uma revolução colorida com ajuda de informações do SVR
Sob a presidência de Vucic, vem crescendo o nacionalismo sérvio contra o controle imperialista sobre os Bálcãs, nacionalismo este que também se manifesta através de Milorad Dodik, presidente da República Sérvia (uma das repúblicas que constituem a Bósnia Herzegovina), que vem sendo alvo neste ano de 2025 também de uma tentativa de golpe do imperialismo. O país vem sendo há anos um aliado da Rússia na região.
Comentando sobre a revolução colorida na Sérvia, Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), afirmou, durante a mais recente edição do programa Análise Internacional, que “nós estamos vendo a desestabilização de regimes em toda a Europa Central, nos Bálcãs, em todos os lugares”.
O presidente do PCO acrescenta que a região “é uma espécie de zona de guerra contra os russos” e citando recentes golpes de Estado na Moldávia e Romênia, Pimenta afirma que “eles vão trabalhando no sentido de montar ali uma frente, uma espécie de cordão sanitário de países contra os russos”.
Rui Pimenta destaca que “isso não vai acabar, vai continuar, não tem muito para onde correr” e que essa ofensiva imperialista “só vai parar de fato se houver um movimento de luta do povo contra a ingerência do imperialismo”.





