Líbano

Imperialismo intensifica pressão para governo desarmar Hesbolá

Portal de notícias israelense Walla publicou matéria em que afirma que a batalha com o Hesbolá é inevitável no interior do Líbano

Nesta quarta-feira (29), a enviada dos Estados Unidos ao Oriente Médio, Morgan Ortagus, esteve no Líbano, reunindo-se com o presidente do país, Joseph Aoun; com o primeiro-ministro, Nawaf Salam e outras autoridades.

Representando o imperialismo, ela novamente instou o Estado libanês a desarmar o Hesbolá completamente até o final do ano. Já no dia anterior (28), o imperialismo norte-americano ameaçou deixar o Líbano “à própria sorte” se o país não trabalhasse conjuntamente com “Israel” para o desarmamento do Hesbolá. A ameaça foi feita por Tom Barrack, enviado dos EUA à Síria. Conforme noticiado pelo jornal libanês Al Akhbar, o representado do imperialismo declarou:

“Esta será minha última visita ao Líbano. Informarei ao presidente, ao primeiro-ministro e ao presidente do Parlamento que eles têm uma última chance: ou aprendem a lição e decidem iniciar negociações diretas com Israel sob os auspícios dos EUA, para estabelecer um cronograma e um mecanismo para o desarmamento do Hesbolá, ou o Líbano será abandonado à própria sorte e permanecerá assim por muito tempo, sem que ninguém se importe com ele, nem na América nem na região, e ninguém poderá pressionar Israel para impedi-lo de fazer o que julgar apropriado para realizar o desarmamento pela força.”

O plano de desarmar o Hesbolá foi imposto pelos Estados Unidos em agosto. No dia 5 daquele mês, o governo do Líbano se reuniu determinando ao Exército Libanês a elaboração de um plano para desarmar o partido revolucionário xiita, mantendo o monopólio das armas sob o Estado libanês (que é subserviente ao imperialismo e ao sionismo).

Dois dias depois (7), em uma reunião dedicada ao desarmamento do Hesbolá, a maioria do governo libanês, comprada pelo imperialismo, votaram favorável à medida, e o Exército foi encarregado de criar o plano para desarmar o Partido de Alá até o final do ano.

Cerca de um mês depois, em 5 de setembro, Nawaf Salam (o primeiro-ministro) declarou que o plano foi aceito pelo governo. A aprovação ocorreu apesar de os cinco ministros xiitas que compõem o governo terem saído da reunião em protesto. 

O plano consistiria em 5 fases. Na primeira, o exército libanês concluiria o desarmamento a sul do rio Litani, onde já foram recolhidas armas com a ajuda da UNIFIL (tropas de ocupação da ONU). Na segunda, a operação seria expandida para o norte do rio Litani até o rio Awali. Na terceira, o exército se concentraria em Beirute, para fins de centralização da operação e reprimir possíveis protestos. Na quarta fase, o foco da operação será o vale do Becá, leste do Líbano. Na quinta e última, a operação de desarmamento do Hesbolá seria realizada no restante do país, incluindo o norte.

Isto em tese. Na prática, no entanto, o imperialismo vem fracassando em desarmar substancialmente o partido revolucionário. Conforme noticiado pelo jornal The New York Times (NYT), desde o cessar-fogo do ano passado, o Exército Libanês teria removido 10.000 foguetes e 400 mísseis. 

Contudo, NYT informou que o arsenal pré-guerra do Hesbolá era estimado entre 120.000 e 200.000 projéteis e, segundo relatos, estaria sendo reconstruído, o que foi utilizado por “Israel” como pretexto para intensificar os ataques que vem realizando rotineiramente contra o Líbano desde novembro de 2024, em violação ao cessar-fogo firmado naquele mês.

Um destes criminosos ataques foi perpetrado na segunda-feira (27), resultando no assassinato de duas pessoas em al-Baiyad, no sul do Líbano. Este foi o 11º ataque israelense contra o Hesbolá em 6 dias. Conforme noticiado pelo portal de notícias Islamic World News, citando dados divulgados pelos militares israelenses, mais de 330 membros do Hesbolá teriam sido assassinados em ataques de drones israelenses no sul do Líbano, desde o início do cessar-fogo em 28 de novembro de 2024.

Em meio a estes crimes, “Israel” teria informado às autoridades norte-americanas que visitaram o Líbano nos últimos dias que o Hesbolá contrabandeou centenas de mísseis de curto alcance da Síria, e que as forças israelenses de ocupação teria conseguido interceptar apenas parte dos carregamentos. Utilizando isto como pretexto, a entidade teria igualmente informado aos EUA que intensificará os ataques ao Líbano em resposta ao fortalecimento militar do partido revolucionário xiita.

Também no dia 27, o chefe do Serviço Geral de Inteligência Egípcio, Hassan Mahmoud Rashad, teria transmitido uma mensagem ao presidente libanês Joseph Aoun sobre planos israelenses de lançar uma nova e ampliado ataque contra o Líbano “sob o pretexto de eliminar completamente o arsenal do Hesbolá”, conforme noticiado pelo portal de notícias Al Araby Al Jadeed.

O referido portal informou também que o governo egípcio teria se oferecido para mediar o conflito entre o Hesbolá o Estado libanês, com o objetivo de chegar a uma fórmula aceitável para limitar o controle de armas ao Estado e desarmar o partido revolucionário. Contudo, Joseph Aoun, o presidente libanês, teria observado ser difícil implementar o desarmamento do Hesbolá neste momento, alertando que tal medida “poderia levar o Líbano a uma nova fase de guerra civil“. 

Não coincidentemente, como parte da campanha de pressão do sionismo e do imperialismo sob o governo libanês, o portal de notícias israelense Walla publicou matéria em que afirma que a batalha com o Hesbolá é inevitável no interior do Líbano.

Sobre estas ameaças de “Israel”, o analista político israelense Menahem Horvitz criticou que “Israel inicia suas campanhas com discursos grandiosos, nomes chamativos para as operações e promessas de ‘vitória decisiva’, mas os desfechos são discretos — às vezes até mesmo escondidos sob a notícia de um cessar-fogo”, acrescentando que “se Israel não conseguiu desarmar o Hesbolá ou eliminar a resistência na Cisjordânia, como alguém pode falar em retomar Gaza ou torná-la uma ‘área judaica’?”.

Por outro lado, há notícias de que o Hesbolá teria conseguido se reorganizar desde o assassinato de suas lideranças no ano passado, e não obstante os recentes ataques contra militantes do partido. Nesse sentido foi a declaração do deputado iraniano, Dr. Amirhossein Sabeti, em entrevista ao canal de comunicação Middle East Spectator

Ele declarou que “um grupo de deputados iranianos visitou recentemente o Líbano, e um deles me confirmou que o Hesbolá conseguiu se reconstruir de forma rápida e bem-sucedida”, acrescentando que “o Hesbolá superou o choque e a crise iniciais após o assassinato de Hassan Nasseralá e, ​​daqui para frente, será um adversário ainda mais difícil para Israel. Tudo o que eles precisavam do Irã lhes foi concedido, e eles reconstruíram sua capacidade”, ressaltando que, “no entanto, o Hezbollah não depende exclusivamente do apoio iraniano para sua sobrevivência

Diante da intensificação da ofensiva imperialista contra o Hesbolá, e da possibilidade de uma nova guerra de “Israel” contra o Líbano, fontes informadas dentro do partido revolucionário teriam informado que “o Hesbolá está estudando cuidadosamente as circunstâncias e monitorando os desdobramentos, bem como o nível sem precedentes de intimidação contra seus apoiadores”, conforme noticiado pelo canal de comunicação Palestine Updates.

Tais fontes também teriam informado que “a liderança do partido não vê nada de excepcional na prontidão de Israel para uma operação de combate em larga escala e que todo o discurso sobre prazos não passa de especulação, parte de uma campanha contínua de pressão contra a resistência”.

Foi igualmente informado que o Hesbolá esperava novos ataques como parte da pressão do imperialismo e do sionismo para que o governo libanês continue com o plano de desarmamento.

As fontes também teriam declarado que “o partido não responde às ameaças israelenses com pânico, mas com calma e com uma ‘ambiguidade construtiva’, para garantir o melhor nível possível de preparação caso essas ameaças se transformem em realidade no campo de batalha, lidando com elas de forma adequada”, acrescentando que apesar do compromisso do partido com o cessar-fogo e da intenção de deixar a guerra total no passado, ele não ignora a possibilidade de uma agressão israelense em grande escala e elaborou planos para lidar com todas as possibilidades”.

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