No programa Análise Internacional desta quinta-feira (28), o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, analisou a guerra na Ucrânia e as consequências políticas para a Europa. Para ele, o conflito se sustenta unicamente pelo apoio das grandes potências imperialistas.
“A situação no campo de batalha é que os europeus e, logicamente, o imperialismo norte-americano por baixo do pano, ou seja, à revelia do próprio Trump, estão impulsionando o esforço de guerra ucraniano”, afirmou. Segundo Pimenta, sem esse respaldo “tudo teria desmoronado”.
Ele destacou que os países imperialistas não abrem mão da política bélica mesmo com risco de desgaste interno. “Essa é a questão com a Alemanha: vão sacrificar o povo alemão porque os objetivos militares e políticos gerais, de controle da situação política mundial, são mais importantes que o povo alemão”, disse. Embora reconheça que os governos acreditam poder controlar a situação, apontou que “a eleição passada quase acabou em desastre” e advertiu: “A longo prazo, isso se encaminha para uma crise mundial muito grande na Europa”.
Pimenta ressaltou também que a repressão política nos países europeus está diretamente ligada à manutenção da guerra. “Para quem não entendeu até agora, toda a política de cerceamento da internet, da censura, está a serviço dessa situação. Países europeus já estabeleceram uma ditadura devido à crise e à crise nas relações internacionais”, disse. Ele citou o caso da prisão do fundador do Telegram: “Quando você vê o presidente do Telegram preso sem motivo, você já vê que é uma ditadura. E vai ter que haver uma ditadura, porque como você vai controlar o povo se não tiver ditadura?”
Comentando a situação francesa, Pimenta disse que Emmanuel Macron governa “num globo da morte”. Segundo ele, o presidente francês ignora os resultados eleitorais e se sustenta com uma maioria artificial. “Macron foi obrigado a ignorar totalmente o resultado da eleição. Ele está governando o país com uma maioria totalmente artificial, à revelia dos dois primeiros partidos colocados na eleição”, afirmou.
Para o dirigente, a França é apenas um exemplo de uma crise generalizada nos regimes europeus. “Há uma crise no regime político, uma crise também no regime da Inglaterra, Portugal, Espanha, França, todos da União Europeia”, afirmou. A raiz do problema, segundo ele, está na tentativa de administrar a crise capitalista sacrificando as condições de vida das populações. “Esses ataques enfraquecem o regime, tornando-o difícil de governar. Macron tem que continuar fazendo o que está fazendo ou tudo desmorona”.
O dirigente também abordou a situação brasileira diante da ofensiva imperialista. “O Brasil é, praticamente, uma colônia dos EUA”, disse, lembrando que, no caso do país, essa definição não é apenas figurativa. “As instituições são dominadas pelo imperialismo. Sem acabar com isso, não há como mudar essa situação”, afirmou.
Ele enfatizou que a ruptura não pode depender de líderes individuais: “Ela não será mudada porque um presidente da República romperá com o imperialismo. Isso nunca vai acontecer. A ruptura precisa ser apoiada na mobilização popular”.
Por fim, Pimenta comparou a atual guerra na Ucrânia à Guerra do Paraguai, quando Solano López manteve o país em resistência até a destruição do Estado paraguaio. “Os paraguaios decidiram lutar até o último homem, o que é uma decisão errada se tratando de um país. Isso significa que você está em uma política de tudo ou nada”, explicou.
Ele ressaltou que, naquele conflito, os paraguaios rejeitaram qualquer acordo: “Só terminou quando Solano López foi encurralado e morto pelo exército brasileiro”. Para ele, a Ucrânia segue a mesma linha: “Zelensqui está disposto a lutar até o último ucraniano. O imperialismo está disposto a lutar até o último ucraniano. É uma política criminosa. É sacrificar o povo em troca de nada”.





