O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, deixou claro em recentes declarações que o Reino Unido e o conjunto dos países imperialistas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) não têm qualquer intenção de buscar a paz na Ucrânia. Pelo contrário: o objetivo é prolongar e intensificar a guerra contra a Rússia usando o povo ucraniano como bucha de canhão em defesa dos interesses econômicos e políticos do imperialismo.
Em discurso realizado em Londres, Starmer afirmou que “o destino da Ucrânia é vital para nossa própria segurança nacional” e que a Grã-Bretanha deve “assumir sua responsabilidade na defesa da Europa”. Para o líder do partido trabalhista — hoje um dos principais representantes do imperialismo britânico — a guerra deve continuar até que a Rússia seja “derrotada” e que os países membros da OTAN imponha sua vontade sobre o Leste Europeu.
Essas declarações são cristalinas, o imperialismo precisa da guerra. A escalada militar é vista como saída para a profunda crise econômica que atinge os principais países capitalistas desde 2008, agravada pela estagnação industrial, desemprego e descontentamento popular. A indústria bélica, um dos pilares do capitalismo britânico e norte-americano, lucra como nunca com a destruição da Ucrânia — e os governos agem como verdadeiros lobistas dos monopólios armamentistas.
A política de Starmer representa uma completa capitulação da antiga direção trabalhista às ordens dos EUA e da União Europeia. Sob sua liderança, e de Tony Blair, o Partido Trabalhista britânico — que no passado chegou a defender bandeiras sociais e anti-imperialistas — converteu-se em instrumento da burguesia inglesa e de sua máquina de guerra.
Enquanto o povo britânico enfrenta uma crise social sem precedentes — com inflação, cortes em serviços públicos e colapso do sistema de saúde —, o governo anuncia bilhões de libras em armamentos, mísseis e treinamento para o Exército ucraniano. O objetivo, nas palavras do próprio Starmer, é “garantir que a Rússia nunca mais possa atacar”, ou seja, manter um estado permanente de tensão e militarização no continente europeu.
Trata-se da política imperialista de dominação, como sempre travestida de “defesa da democracia”. Mas na prática, significa a subordinação total da Europa aos Estados Unidos e à OTAN, e o avanço de um novo cerco militar contra a Rússia e seus aliados.
A propaganda de Starmer e das potências imperialistas tenta convencer a opinião pública de que a guerra seria uma defesa da liberdade e da soberania ucraniana. No entanto, a realidade é outra: desde o golpe de 2014, organizado e financiado pelos norte-americanos e Londres, a Ucrânia tornou-se um protetorado do imperialismo, governado por oligarcas e forças reacionárias abertamente nazistas.
A guerra, portanto, não é entre “democracia e ditadura”, mas entre o imperialismo e um Estado que resiste à sua expansão militar. A Rússia, que busca conter o avanço da OTAN em suas fronteiras, é tratada como inimigo absoluto — enquanto o verdadeiro agressor, o imperialismo, se apresenta como ‘’Democrático’’.
Enquanto as potências imperialistas lucram com a guerra, quem paga a conta são os trabalhadores. Na Ucrânia, milhões de pessoas foram deslocadas, cidades inteiras destruídas e uma geração inteira de jovens sacrificada nos campos de batalha. Nos países da OTAN, o custo é o desmonte das políticas sociais, o aumento do custo de vida e a repressão crescente contra qualquer voz anti-guerra.
Na Grã-Bretanha, os mesmos políticos que dizem “defender a liberdade ucraniana” impõem aos trabalhadores greves ilegais, cortes salariais e privatizações. Starmer — que proibiu parlamentares do seu partido de apoiar manifestações pela paz — é um verdadeiro inimigo da classe operária e um agente direto dos interesses imperialistas.
Diante disso, é fundamental que o movimento operário internacional se coloque contra a guerra imperialista e contra a OTAN. Nenhum apoio deve ser dado aos governos que, em nome da “defesa da Europa”, arrastam o mundo a um conflito cada vez mais perigoso.
A verdadeira luta pela paz não passa pelos governos imperialistas, mas pela mobilização independente dos trabalhadores, tanto nos países da OTAN quanto na Ucrânia, contra seus próprios exploradores e pela autodeterminação dos povos.
O imperialismo quer a guerra — Starmer apenas disse em voz alta o que todos os dirigentes políticos dos países imperialistas pensam em silêncio.




