Sete ativistas pró-Palestina, membros do grupo Palestine Action, estão em greve de fome nas prisões britânicas entre 26 a 36 dias, enfrentando um risco iminente de morte após seis a oito semanas sem alimentação sólida. Segundo o Dr. James Smith, médico do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que mantém contato com as famílias, o risco para a vida delas é “muito, muito alto”. Esses ativistas foram presos preventivamente, sem condenação, sob suspeita de envolvimento em ações diretas contra a Elbit Systems — maior fornecedora de armamentos para “Israel” — e contra a base da Força Aérea Britânica. Eles sobrevivem apenas com água e soluções caseiras de eletrólitos, pois tiveram negado o direito à fiança. Cinco deles retornaram recentemente de hospitais, onde ficaram algemados a oficiais durante toda a internação, ilustrando as condições duras a que estão submetidos pelo sistema penitenciário britânico.
Os ativistas em greve de fome são:
Qesser Zuhrah, Amu Gib e Jon Cink, no Centro Prisional de Bronzefield
Heba Muraisi, na prisão de New Hall
Teuta Hoxha, na prisão de Peterborough
Kamran Ahmed, na prisão de Pentonville
Muhammad Umer Khalid, na prisão de Wormwood Scrubs
Quatro desses presos — Qesser Zuhrah, Heba Muraisi, Teuta Hoxha e Kamran Ahmed — fazem parte do caso “Filton 24”, relacionado a uma ação contra a Elbit em Filton, perto de Bristol, em agosto de 2024. O julgamento, realizado no Woolwich Crown Court desde 17 de novembro, está previsto para durar dez semanas, enquanto outros processos foram adiados para abril e junho de 2026. Os outros três ativistas são acusados por participarem de um protesto em junho de 2025 contra a base da Força Aérea em Brize Norton, Oxfordshire, onde aviões militares foram pintados de vermelho. Muitos deles estão em prisão preventiva há cerca de um ano, ultrapassando o limite legal usual de seis meses.
Entre as principais reivindicações dos ativistas estão: a concessão imediata de fiança; o fim da censura a livros, cartas e chamadas telefônicas; o direito a um julgamento justo e sem o rótulo de “terroristas”; a revogação da proibição do Palestine Action — banido como organização terrorista em 5 de julho sob a Lei Antiterrorismo de 2000 pelo governo trabalhista, hoje sob o comando de Keir Starmer — e o fechamento das operações da Elbit Systems no Reino Unido. O Dr. Smith critica o “tratamento inadequado” que esses ativistas recebem nas prisões, apontando a ausência de monitoramento essencial, como pesagens diárias e medições de frequência cardíaca, pressão arterial e níveis de glicose, condições que podem levar inevitavelmente à morte, mesmo em indivíduos sem histórico de doenças.
“O que mais me preocupa é o tratamento inadequado no sistema prisional… Se alguém está em greve de fome, o óbvio é que precisa ser pesado todos os dias. Pelas informações que tenho recebido das famílias, parece que, para a maioria delas, não houve um único dia em que suas observações tenham sido totalmente verificadas: frequência cardíaca, pressão arterial, níveis de açúcar no sangue, peso correto, É fundamental ressaltar que eles não foram condenados por nada.” disse Smith.
Os presos políticos denunciam violações à liberdade de expressão em um ambiente de perseguição estatal.
A proibição do Palestine Action, motivada por suas ações contra a Elbit Systems e a Força Aérea Britânica, desencadeou uma repressão em larga escala: até dezembro, foram registradas mais de 2.700 prisões relacionadas ao apoio ao grupo. Muitas aconteceram após manifestações pacíficas organizadas pelo movimento Defend Our Juries — movimento dedicado a denunciar abusos judiciais contra ativistas, com pessoas exibindo cartazes como “Eu me oponho ao genocídio” e “Eu apoio a Palestine Action”.
As penas previstas podem chegar a 14 anos sob a Seção 12 (incentivo ao apoio) ou até seis meses sob a Seção 13 (exibição de símbolos de apoio) da Lei Antiterrorismo. Em novembro, ocorreram prisões massivas, incluindo 143 em frente ao Palácio da Justiça.
A situação dos ativistas pró-Palestina nas prisões britânicas destaca uma séria violação dos direitos humanos, revelando a tendência à rebelião da população e o descaso do Estado em garantir tratamentos dignos e justos.





