O Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu manter a exclusão das equipes da Rússia e Bielorrússia dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2026, permitindo apenas que alguns atletas desses países participem de forma individual, sob bandeira neutra, e após uma análise rigorosa de cada caso. Essa política sancionatória não é recente e tem se aprofundado desde 2014, quando eclodiu o conflito entre Rússia e Ucrânia — a partir do golpe de Estado apoiado por potências imperialistas em Quieve.
Desde então, a presença russa em grandes eventos esportivos internacionais foi sistematicamente restringida. Em 2016, parte da delegação russa foi impedida de competir nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro sob alegação de doping, mesmo sem provas concretas para barrar todos os atletas.
A partir daí, passou a ser comum a proibição do uso de símbolos nacionais, bandeiras e hinos nas competições. Muitos atletas foram obrigados a competir sob o rótulo de “atletas neutros”, enquanto outros foram sumariamente excluídos dos eventos mundiais.
O quadro se agravou com a intensificação da guerra na Ucrânia em 2022. No mesmo ano, o COI impôs novas sanções, banindo não apenas equipes, mas bloqueando qualquer participação que representasse oficialmente a Rússia. Nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021, atletas participaram sob o nome do Comitê Olímpico Russo (ROC), sem direito a bandeira, nome do país ou hino nacional. Mesmo assim, casos de repressão individual se multiplicaram: atletas que tentaram levantar ou exibir a bandeira russa em sinal de protesto foram imediatamente punidos e retirados das competições.
Em Paris, em 2024, a discriminação se repetiu. A participação russa foi condicionada à aceitação de exigências humilhantes, e qualquer manifestação de identidade nacional ou menção à legítima defesa do país no conflito resultou em exclusão sumária de atletas. Além das proibições esportivas, manifestações culturais e até mesmo reportagens de meios de comunicação russos sofreram censura pelo mundo, atingindo das artes e da literatura até a circulação de notícias e eventos científicos.
Esse processo de cerco não se restringe ao esporte. Desde que o conflito com o imperialismo se intensificou, universidades passaram a cancelar parcerias com instituições russas, obras de arte foram removidas de exposições e profissionais de diversas áreas, inclusive estudantes, foram hostilizados ou mesmo expulsos de seus cargos pelo simples fato de terem origem russa. Em casos amplamente divulgados, artistas perderam contratos e docentes foram desligados de centros acadêmicos porque se recusaram a condenar publicamente o governo de seu país.
Em todos esses exemplos, fica evidente o uso dos eventos esportivos e culturais como instrumentos de pressão política. O objetivo é punir não apenas lideranças ou governos, mas toda uma população, utilizando sanções e proibições amplamente generalizadas, que atingem pessoas comuns, atletas, criadores e trabalhadores em diferentes partes do mundo. O que deveria ser espaço de integração e confraternização global passa a ser palco de retaliação, punição coletiva e discriminação aberta, desmontando os princípios originais do movimento olímpico e das competições internacionais, e comprovando ainda, a força da ditadura imperialista, mesmo em áreas que não são diretamente ligadas à política, como os esportes.
