Nesta quarta-feira (1º), teve início nos Estados Unidos o chamado shutdown, paralisação parcial dos serviços prestados por órgãos federais, após o orçamento federal não ter sido aprovado no Congresso norte-americano.
É o primeiro shutdown federal desde o ocorrido em 2018-2019, e sua principal causa foi o impasse entre democratas e republicanos sobre a inclusão (ou não) de certas medidas no que é chamado resolução temporária de continuidade, isto é, um orçamento provisório proposto pelos republicanos para financiar a administração temporal até 21 de novembro, enquanto o orçamento definitivo não é aprovado.
Especificamente, os democratas exigiram que o orçamento provisório proposto pelo governo Trump incluísse a reversão de cortes no Medicaid e a restauração de subsídios de seguro-saúde do Affordable Care Act (ACA), lei a qual estabelece plataformas através das quais as pessoas podem adquirir planos de saúde com mensalidades mais acessíveis. Referidos cortes foram feitos no mega projeto de lei do governo Trump aprovado em julho último.
Os republicanos se recusaram a reverter os cortes, afirmando que tal reversão custaria aos contribuintes norte-americanos mais de 1 trilhão de dólares.
Estima-se que cerca de 750 mil funcionários federais tenham sido afastados sem salário. Deste total, está previsto o afastamento de cerca de 80 mil funcionários do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, o que representa 41% dos quadros do órgão. Já o Departamento de educação prevê a suspensão temporária de 1,5 mil de seus funcionários, de um total de 1,7 mil.
Nos dias que antecederam o shutdown, o Escritório de Gestão e Orçamento (OMB, na sigla em inglês), o maior órgão dentro do Gabinete Executivo do Presidente dos Estados Unidos, instruiu agências federais a elaborar planos de redução de quadro permanente, e não apenas suspensões temporárias sem salário (furloughs), o que foi visto com uma ameaça do governo Trump para que o Congresso chegue a um acordo.
Conforme noticiado pelo portal norte-americano de notícias Politico, “sindicatos processam OMB e OPM por ameaças ‘ilegais’ de demissões em massa antes da paralisação”. OPM é asigla em inglês do órgão Escritório de Gestão de Pessoal, que faz administração de pessoal no serviço público federal dos Estados Unidos.
Nesta quarta-feira, o governo Trump informou ter suspendido parte do financiamento a grandes projetos de transporte urbano em Nova Iorque, incluindo o Túnel Hudson e o Metrô da Segunda Avenida, sob a justificativa de investigar se empresários contratados para os projetos estão envolvidos “em iniciativas impróprias de diversidade”, conforme noticiada pela Reuters. Segundo a agência britânica de notícias, esta suspensão seria para pressionar os legisladores democratas a aprovar o orçamento provisório encerrando o shutdown. Reuters acrescenta que o líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer, senador democrata de Nova Iorque, está envolvido nos projetos de transporte citados acima.
Ainda, conforme publicação no portal PolitiFact, na ONG Poynter Institute for Media Studies
Pouco antes do início do shutdown, Donald Trump afirmou, em seu estilo típico de afirmações bombásticas, que “não queremos o fechamento. Podemos fazer coisas durante a paralisação que são irreversíveis, que são ruins para eles e irreversíveis para eles, como cortar um grande número de pessoas, cortar coisas de que eles gostam, cortar programas de que eles gostam”.


