A dívida pública federal do Brasil continua em uma trajetória de crescimento acelerado, e o principal motor desse avanço é o pagamento de juros, que alcançou a cifra impressionante de R$90 bilhões em julho de 2025. A constatação é da Auditoria Cidadã da Dívida, que alerta para o impacto desproporcional desses custos sobre o orçamento público.
Os jornais noticiaram que a dívida federal cresceu R$56 bilhões no último mês, chegando a R$ 7,939 trilhões. No entanto, a Auditoria Cidadã da Dívida destaca que o que realmente impulsionou esse aumento foram os R$90 bilhões em juros. Para colocar esse valor em perspectiva, a entidade aponta que ele é equivalente a quase todos os gastos com educação nos primeiros oito meses do ano de 2025. A dívida, assim, absorve um volume de recursos que poderia ser destinado a serviços essenciais.
Segundo a Auditoria, o governo teve que pagar R$34 bilhões a mais do que captou em novos empréstimos para que o crescimento líquido da dívida ficasse em R$56 bilhões. Isso demonstra que o endividamento não está servindo para financiar novos projetos ou investimentos, mas sim para cobrir o custo de uma dívida já existente.
A entidade, em sua análise, também questiona os números oficiais, alegando que eles omitem uma parcela substancial do passivo. A Auditoria Cidadã da Dívida afirma que o valor de R$7,939 trilhões não inclui os R$2,750 trilhões em títulos do Tesouro Nacional que estão nas mãos do Banco Central (BC).
Esses títulos, conforme a Auditoria Cidadã, geram juros para o Banco Central, que por sua vez, usa esses recursos para remunerar o setor financeiro através de operações como as “Operações Compromissadas” e os “Depósitos Voluntários Remunerados”. Ao adicionar essa parcela à conta, a dívida pública federal alcança a marca de R$ 10,689 trilhões.
A Auditoria Cidadã da Dívida defende que essa estrutura, que a entidade chama de “Sistema da Dívida”, transfere uma enorme quantidade de recursos públicos para o setor financeiro, e não para o bem-estar da sociedade. O grupo argumenta que uma auditoria completa da dívida é necessária para expor a ilegitimidade desse mecanismo e propor mudanças que priorizem o investimento em áreas sociais e no desenvolvimento do país.





