EUA

Identitários se enfurecem por Trump defender mulher

Política de proteção das mulheres em espaços íntimos é atacada por esquerdistas, que defendem a ideologia do imperialismo

O sítio Em defesa do comunismo, pertencente ao racha do PCB, PCBR, expressou uma grande preocupação contra o decreto do presidente dos EUA, Donald Trump, de oposição à política identitária, em artigo intitulado A cruzada de Trump contra a identidade de gênero, onde procuram demonstrar a relação de algumas ações do presidente norte-americano com o possível aumento da opressão e até de assassinatos das chamadas “pessoas trans”.

A questão central da matéria é o decreto emitido por Trump, com o nome Defendendo mulheres da ideologia de gênero extremista e restaurando verdade biológica no Governo Federal, que segundo o articulista do PCBR, consiste na “perseguição de pessoas transgênero e no prenúncio do cerceamento dos direitos de todas as mulheres”. No entanto, apenas pelos fatos elencados no próprio artigo, não é possível constatar que seja verdade essa colocação.

O articulista relata que as medidas de Trump vão no sentido de impedir que “homens que se identifiquem como mulheres acessem espaços e atividades exclusivos para mulheres, citando como exemplo centros de acolhimento para vítimas de violência doméstica e chuveiros femininos nos locais de trabalho”. Isso por si só não se trata de uma perseguição a pessoas trans, mas de uma medida que de fato representa uma proteção às mulheres.

Afinal, existe um grande risco de estupros e outras formas de violência acontecerem caso se possibilite que uma mulher trans (homens biológicos) adentre espaços como banheiros femininos e outros. É preciso também ressaltar que a política defendida pelo PCBR e outros identitários é extremamente impopular.

O articulista chama essa preocupação natural da população de “pânico moral”, e afirma que a direita estaria usando a questão da violência sexual para “estigmatizar pessoas transgênero”. No entanto, é evidente que a medida defendida pelo governo Trump não caracteriza nada excessivo e é até uma exigência da maioria da população, preocupada com a segurança das mulheres.

Outra confusão manifestada pelo PCBR é como a questão das reivindicações da comunidade LGBT se tornaram um debate tão central em determinados meios. A análise por eles apresentada é de que a sociedade se encontra em um momento de “contrarrevolução cultural frente aos avanços conquistados pelos movimentos feminista e LGBTI+ dentro do social-liberalismo, especialmente na década de 2010”. Trata-se de uma ideia absurda e que não leva em consideração a verdadeira natureza do identitarismo.

Ele continua, afirmando que esse período dos anos 2010 teria sido “um momento caracterizado não apenas pelo debate cultural dentro da sociedade, como também por avanços legais, como é o caso do casamento homoafetivo e a criminalização da homofobia. Todo esse processo foi cooptado pelo social-liberalismo, de modo que as questões econômicas, estruturais e materiais das opressões ficaram em segundo plano. Observa-se, assim, um capitalismo colorido, repleto de pinkwashing e purplewashing, em que pautas identitárias passaram a ser mercantilizadas e cooptadas pelo capital”.

A ideia é incorreta e mostra a incapacidade do PCBR de enxergar a realidade, ou demonstra que eles são coniventes com as mentiras plantadas pelo imperialismo. O identitarismo não é um movimento que “ganhou força” dentro do que eles chamam de “social-liberalismo”. É uma política do próprio imperialismo, gestada em suas universidades e difundida pelo mundo através das organizações de fachada da CIA e de seu aparato de inteligência, como a USAID e o NED, que levavam adiante o financiamento de ONGs, trabalhos acadêmicos e até de partidos que defendessem a política do identitarismo.

Tanto é assim que a folha de pagamento desses órgãos do imperialismo incluía diversas organizações que lutavam supostamente pelos direitos dos negros, mulheres ou LGBT. Não se trata, portanto, de uma política adotada pelo capitalismo por pressão de organizações de esquerda sem nenhuma relevância ou força política, mas sim o contrário: o imperialismo impôs e infiltrou essa política no meio da esquerda, a fim de combater os seus setores mais ligados à classe operária e mais revolucionários.

Essa tendência de Trump se revelou em diversas áreas, como nas companhias de redes sociais (a Meta tirou os absorventes dos banheiros masculinos de sua empresa) e até a Disney, que afirmou que iria modificar seus programas cujos objetivos principais fossem fazer propaganda identitária, privilegiando programas que representassem um aumento em sua arrecadação da bilheteria.

Logo abaixo, o PCBR faz uma crítica à ideia que está por trás da medida de Trump, a qual procura defender a adoção de um conceito definido e claro do que seria uma mulher: “O objetivo da ordem é o de retomar a ‘verdade científica’, a segurança pública, a moral e a confiança no governo, afirmando o compromisso da administração trumpista de defender os direitos das mulheres e proteger a liberdade de consciência ao utilizar uma linguagem clara e identificar corretamente mulheres”. Essa questão é tão natural que o PCBR apresenta dificuldade de refutá-la.

Um método importante da política do imperialismo para agrupar apoiadores e mobilizá-los contra seus inimigos políticos é o identitarismo. Atento a isso, Trump promete um enfrentamento contra essa ideologia repudiada pela população, até como modo de sobrevivência.

O fato de o PCBR se prestar a defender esse instrumento dos monopólios para levar cisão às bases da esquerda demonstra que apesar da crise terminal, ainda existem esquerdistas desorientados dispostos a defendê-la. O identitarismo, porém, deve ser denunciado e combatido.

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