O treinador Alexi Stival, conhecido como Cuca, está sendo novamente vítima da política do “cancelamento” após ser anunciado como novo treinador do Atlético Mineiro. Um dos melhores técnicos brasileiros da atualidade, Cuca já foi campeão com o Galo seis vezes, conquistando três campeonatos estaduais (2012,2013 e 2021), uma Copa Libertadores (2013), um Campeonato Brasileiro (2021) e uma Copa do Brasil (2021)
O motivo do linchamento do treinador é, mais uma vez, o suposto crime de estupro que o treinador teria realizado contra uma menor de idade, na Europa, em 1987. Cuca, no entanto, não deve nada à justiça europeia, na qual chegou a ser condenado, muito menos à brasileira. No ano passado, após ser anunciado pelo Corinthians, uma onda de ataques contra o treinador fez com que ele perdesse o cargo.
No início desse ano, ele realizou um pedido de anulação da sentença, que foi aceito e a sentença foi anulada. Portanto, é como se a condenação nunca tivesse ocorrido. Dessa forma, Cuca é inocente perante a lei. Da mesma forma, o crime já prescreveu. Cuca, então, não deve nada à justiça.
A imprensa burguesa e a esquerda pequeno-burguesa, porém, que se dizem defensores da “democracia”, negam-lhe totalmente o usufruto de seus direitos democráticos, querendo impor-lhe uma exclusão da vida social. Pregam, desse jeito, sua morte — não sua morte física, mas sua morte social, o pior tipo de tratamento para um humano. Mesmo sendo inocente juridicamente, querem transformá-lo num pária, em alguém sem direitos, passando por cima de seus direitos democráticos, como sempre ocorre com a política de caça às bruxas do identitarismo.
Mais uma vez, a esquerda faz coro com a imprensa imperialista, que quer atacar um dos principais técnicos nacionais — que, segundo alguns órgãos de imprensa, era o principal cotado para substituir Tite na Seleção Brasileira após a Copa do Mundo de 2022.
No Uol, principal órgão de ataque ao futebol nacional, a colunista Alícia Klein aproveitou para atacar o treinador. Ela disse: “Enganou-se quem pensou que eu falaria aqui sobre o caso de estupro coletivo de uma criança, do qual Cuca supostamente teria participado nos anos 1980, na Suíça. Escrevi diversas vezes a respeito, e acho que minha posição sobre o assunto é bem clara”.
Para quem não sabe, Klein foi uma das paladinas do cancelamento contra Cuca quando este foi anunciado pelo Corinthians. No entanto, para enganar aqueles que já não levam a sério essa política anti-democrática, a colunista agora inventa um outro pretexto para atacar o treinador.
“Isto posto e assunto não mencionado, mantenho o questionamento. Por que o Galo achou que se tratava da melhor opção no mercado? De novo, não me refiro aqui à contratação de um homem que, até hoje, só conseguiu ler uma carta a respeito de um assunto tão sério quanto o estupro coletivo de uma criança. Não é sobre isso”, escreve.
Vejam, enquanto finge que não vai entrar no assunto, fica, tal qual uma cobra venenosa, fica lembrando do caso. Mas a posição é mais pérfida: tenta convencer os brasileiros que Cuca não é lá um grande treinador. Segundo ela, sua oposição a Cuca, “é sobre a falta de resultados recentes”, lembrando que Cuca “neste ano abandonou o projeto do centenário de um clube, que acreditou nele em um dos seus piores momentos. O Athletico terminou rebaixado no Brasileirão de 2024”.
Klein pode até ser convincente, mas apenas para um leigo no assunto. Cuca foi campeão paranaense no início do ano com o Athletico e deixou o time com 66% de aproveitamento, na quinta colocação do Campeonato Brasileiro. Qualquer pessoa minimamente esclarecida saberia que Cuca deixou o cargo por conta da pressão do policiamento identitário, da qual Klein faz parte. Isto é, a jornalista culpa o treinador por algo que é, essencialmente, culpa dela e dos cruzados do cancelamento.
Em 2023, quando saiu do Corinthians, e ficou quase um ano sem treinar qualquer equipe, Cuca fazia um bom trabalho (mesmo curto) com o Corinthians, classificando o clube paulista na Copa do Brasil. Antes disso, à frente do Galo, fez um 2022 decente e conquistou, em 2021, as duas principais competições nacionais. No ano anterior, foi vice-campeão da Libertadores com o Santos. Quer dizer, apontar Cuca como um técnico sem “resultados recentes” é puro cinismo para justificar o cancelamento que se busca.
Ela diz: “claro, além da Libertadores conquistada em 2013, o treinador esteve no comando da equipe que venceu Mineiro, Copa do Brasil e Brasileiro em 2021, ano marcante na história do clube. Ao final daquela temporada, entregou o cargo, com um ano de contrato por cumprir. Voltou sete meses depois, em julho de 2022, apenas para encerrar a terceira passagem já em novembro, em ‘comum acordo’ com a diretoria”.
“Além” da Libertadores, do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil? O que mais Cuca poderia conquistar? Quantos treinadores conquistaram, nos últimos dez anos, todas as principais competições para um clube brasileiro. Lembrando que Cuca também foi campeão brasileiro com o Palmeiras em 2016, campeão mineiro com o Cruzeiro em 2011, campeão carioca com o Flamengo em 2009, entre outros bons trabalhos.
Mas Klein ignora tudo isso e continua: “depois disso, vieram a passagem relâmpago pelo Corinthians — interrompida pela pressão ao redor do caso do estupro coletivo de uma criança — e os três meses no Athletico, time que ele próprio resolveu largar”. Quer dizer, Cuca foi claramente uma vítima do identitarismo.
“O retrospecto mais recente de Cuca não tem a ver com o suposto estupro coletivo de uma criança. Muito menos com resultados — o Paranaense de 2024 é seu único título no currículo desde o Brasileirão de 2021. A marca mais forte de sua carreira nas últimas temporadas tem sido o abandono”. Mas é claro! Cuca está totalmente sob pressão da imprensa e da furiosa horda identitária, não é fácil se manter nos holofotes.
Por isso, a pergunta que conclui o artigo de Klein (“Então, eu pergunto: precisava, Galo? Com tudo que vem neste pacote, precisava mesmo?”) não passa do mais puro cinismo.