Palestina

Humilhado, governo Netaniahu tenta sobreviver ao acordo com Hamas

A vitória militar do Hamas causou um terremoto político no regime sionista, o govenro Netaniahu pode implodir completamente antes do fim do acordo de cessar-fogo

O Estado de “Israel”, após 15 meses de guerra genocida na Palestina, foi derrotado pelo Hamas e por toda a resistência. A guerra é uma extensão da luta política e, portanto, a gigantesca derrota militar se torna uma gigantesca derrota política. Netaniahu tenta sofrer com o terremoto que abala seu governo, mas a situação do regime político israelense é de calamidade. E a queda de Netaniahu tende a criar um governo ainda mais frágil.

Primeiro é preciso lembrar que “Israel” já sofria uma grande crise política antes de outubro de 2023, quando o Hamas realizou a gloriosa operação Dilúvio de al-Aqsa, que abalou totalmente o regime sionista. Netahiahu havia caido sob a pressão dos EUA mas o governo de centro foi totalmente incapaz de se sustentar. Assim Netaniahu voltou com um governo de uma verdadeira colcha de retalhos.

O Licude, seu partido de extrema direita, ficou com 32 cadeiras. Dois partidos dos chamados judes ultra-ortodoxos, ou Haredi, ficaram com 11 e 7 cadeiras. E dois partidos ainda mais à direita que o Licude, o Poder Judeu e o Sionismo Religioso, ficaram com 6 e 7 cadeiras respectivamente. Por fim o racha do Licude, o Nova Esperança, ficou com 4 cadeira.

O governo então é uma geringonça que mistura a extrema direita mais tradicional, que já está no governo desde a década de 1970. Os haredis, que representam 1,2 milhão de israelenses que vivem uma vida religiosa ascética e são totalmente contra participar das guerras, são inclusive isentos do serviço militar, o que foi foco de grandes crises em 2024. E a nova extrema direita, que tem como base os colonos das Cisjordânia e que defende passar por cima da vontade dos EUA e exterminar os palestinos independente das consequências internacionais.

Esse governo, que já era instável, foi abalado até os alicerces pelo terremoto que foi o Dilúvio de al-Aqsa. Só o 7 de outubro já seria uma crise gigantesca, mas nos 15 meses seguintes “Israel” passou pela desmoralização completa de seu exército, destruição de qualquer resquício de segurança em todo o norte devido aos ataques do Hesbolá, bloqueio do Mar Vermelho pelo Iêmen, ataques diretos do Irã, ataques diretos do Iêmen em Telavive, desmoronamento total da propaganda sionista internacionalmente, a gigantesca crise economica fruto de todos esses fatores somados, a enorme crise que foi manter cerca de 100 prisioneiros com o Hamas com altissimos riscos de serem assassinados pelos próprios bombardeios israelenses.

A terremoto político do cessar-fogo

Tudo isso ficou contido porque existia um esforço nacional de guerra, o que impedia a crise política de surgir. Mas agora o cessar-fogo foi assinado e a crise política é gigantesca. No primeiro dia de trégua o Poder Judeu, de Itamar Ben Gvir, saiu do governo. Esse foi o partido que se opôs até o fim ao acordo de cessar-fogo. Agora o Sionismo Religioso passa por uma enorme crise interna, pois aceitou o acordo. O presidente do partido, Smotrich, ameaça renunciar caso o acordo avance. Se ele sair do governo, Netaniahu perde a maioria, e assim podem ser chamadas novas eleições.

As eleições são o grande medo de todos os setores políticos pois, com exceção do Poder Judeu. Segundo uma pesquisa do jornal Maariv o Licude de Netanihu seria o partido mais afetado, perdendo 12 cadeiras, terminando com apenas 21. Já o Poder Judeu cresceria para 9 cadeiras, o Sionismo Religioso, que capitulou ao cessar-fogo, também perderia cadeiras, ficando apenas com 4. Yesh Atid, principal partido da oposição perdeu 10 cadeiras, fechando apenas com 13. Ou seja, tanto o principal partido da situação quanto o da oposição se desmoralizaram completamente. O único partido que cresceu foi o Poder Judeu, a extrema direita mais bélica do país.

Esse quadro na verdade representa uma migração geral da população de “Israel” ainda mais para a direita. O Licude, que já é fascista, não é o suficiente para a atual crise que passa a ocupação sionista. E esse é grande medo de todos os setores, inclusive do imperialismo. O governo Netaniahu é o único que ainda conseguia se sustentar, se ele cair o caso político será total. Os israelenses chegam a falar em guerra civil, afinal essa extrema direita está armada e organizada em milícias.

A mesma pesquisa indica que ninguém conseguiria maioria. A coalizão de Netanyahu alcançaria 51 cadeiras, enquanto a oposição garantiria 59, com os partidos árabes somando 10 cadeiras. Para a maioria é necessário obter 61. Os partidos árabes, são os que representam os palestinos que vivem em “Israel”. Eles estão sobre a ditadura sionista, e portanto não podem ser combativos, mas formar um governo com base neles ainda assim é uma grande fraqueza.

Qual pode ser então o futuro de “Israel”? Uma das possibilidades é que adiem as eleições ao máximo para tentar controlar a situação. Com isso o governo seria um “frankenstein” de Netaniau junto a oposição para impedir o avanço da extrema direita. Outra é que aconteçam as eleições e orquestram um tradicional golpe eleitoral, como Macron fez na França. Mas isso apenas adia a crise. Pode também tentar controlar a extrema direita, algo que o caso do Sionismo Religioso mostra ser difícil pois os votos já migraram para o partido mais radical.

Em resumo, o que existe em “Israel” é o caos total. O governo se sustenta pois tem um apoio gigantesco do imperialismo, mas as contradições internas são cada vez maiores. A extrema direita descontrolada, que chegou a ativamente afirmar que não vai seguir os ditames dos EUA, é uma força política que pode constantemente desestabilizar o regime. E quanto maior o caso em “Israel” maior é a vitória da resistência. A vitória total da Palestina nunca esteve tão próxima quanto após esse acordo de de cessar-fogo.

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