Guilherme Boulos

Homem do ‘Não vai ter Copa’ vira ministro dos movimentos sociais

A relação do governo Lula com os trabalhadores só irá piorar — e, consequentemente, suas pretensões eleitorais também serão afetadas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta segunda-feira (20) o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República. A pasta é responsável pela articulação e relação do governo federal com os movimentos sociais e diversos segmentos da sociedade.

Boulos substitui o ex-deputado Márcio Macêdo (PT-SE), que ocupava o cargo desde o início do terceiro mandato de Lula, em janeiro de 2023. A decisão foi comunicada a Boulos em uma reunião no Palácio do Planalto, que contou também com a presença de Macêdo e de ministros como Gleisi Hoffmann (SRI), Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Secom).

A Secretaria-Geral é um dos cinco ministérios que funcionam no Palácio do Planalto, o que facilita o acesso de seu titular ao presidente. O órgão foi criado em 1990 e tem como competência coordenar as relações políticas do governo com a sociedade, sendo o principal canal de interlocução com os movimentos sociais.

Em suas redes sociais, após o anúncio, Boulos postou um agradecimento ao presidente Lula. Ele afirmou que sua missão principal será “ajudar a colocar o governo na rua, levando as realizações e ouvindo as demandas populares em todos os estados do Brasil”, e que levará seu aprendizado no movimento social para o Planalto.

Segundo a grande imprensa, Boulos permanecerá no ministério até o final do mandato, o que o impedirá de concorrer à reeleição a deputado ou a outro cargo em 2026, visto que a legislação eleitoral determina que ministros que pretendem se candidatar precisam deixar seus cargos em março de 2026.

Segundo matéria do UOL/Folha de S.Paulo, a escolha de Boulos teria sido resultado da avaliação de que a articulação com os movimentos sociais, a principal atribuição da pasta, “não estava funcionando”. Assim, a nomeação visaria melhorar a relação com os movimentos sociais e aumentar o contato com movimentos ligados à juventude. Já para Mario Sabino, articulista do Metrópoles, Boulos seria o “ministro da Reeleição” de Lula, pois teria um papel importante em 2026.

A escolha de Boulos como ministro da secretaria-geral da presidência está, na verdade, entre os piores erros de Lula em seu terceiro mandato. Se o objetivo era melhorar a relação com os movimentos sociais, por que Lula não nomeou alguém do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que possui milhões de assentados e tem sido uma base decisiva para as vitórias eleitorais do Partido dos Trabalhadores (PT) nas últimas décadas? Seria por que um de seus líderes, João Paulo Stédile, vem defendendo uma política que se aproxima aos interesses reais da população pobre, como a defesa da Venezuela, e criticado a “ineficiência” do governo?

Boulos, ao contrário de Stédile, não lidera movimento algum. Sua participação nos movimentos sociais ocorreu apenas nos momentos em que a burguesia precisava de alguém para sabotar a luta do povo por suas reivindicações. Em 2020, o tenente-coronel aposentado Adilson Paes de Souza, da Polícia Militar, gravou um vídeo para apoiar a candidatura de Boulos à prefeitura de São Paulo e contar a experiência que teve com ele em 2010.

“Em meados de agosto-setembro de 2010, eu recebi uma determinação judicial para realizar uma operação policial de reintegração de posse em um terreno ocupado pelo MTST no município de Taboão da Serra (SP). Eu como primeira providencia chamei as partes reunidas, na qual compareceram um representante do autor da ação e o Guilherme Boulos e alguns representantes que era réus na ação….nós desencadeamos juntos vários procedimentos e várias medidas para realizar a reintegração de posse da maneira mais pacifica e tranquila possível. Em todos os momentos Guilherme Boulos foi um interessante parceiro nessa iniciativa. Nós fizemos contato com representantes do executivo municipal, estadual e federal uma solução digna para a retirada das pessoas do imóvel,” disse.

Boulos, de fato, tem experiência em mediar negociações com movimentos sociais. Mas, no caso, ele atua como advogado dos poderosos. É um homem que tem experiência em convencer o povo que está lutando por seu teto a abrir mão desta luta e acatar as criminosas ordens de despejo.

A relação do governo Lula com os movimentos sociais só irá piorar — e, consequentemente, suas pretensões eleitorais também serão afetadas.

Causa ainda mais espanto a escolha de Boulos quando levado em consideração seu papel ativo no golpe de Estado de 2016, dado contra a presidente Dilma Rousseff, do PT. Na época, Boulos foi a principal liderança de um movimento financiado pela CIA, o serviço de inteligência norte-americano, para desgastar o governo do PT: o movimento “Não vai ter Copa”.

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