As violações israelenses do acordo de cessar-fogo com o Líbano continuaram sem cessar ao longo do último ano, anunciou o Departamento de Relações com a Imprensa do Hesbolá na quinta-feira (27), marcando um ano desde que o acordo de cessar-fogo foi alcançado em novembro de 2024. Conforme o comunicado, o cessar-fogo, que entrou em vigor às 4h do dia 27 de novembro de 2024, foi consequência de mais de dois meses de agressão militar israelense contra o sul do Líbano, as regiões orientais e a capital, Beirute. Outras áreas libanesas também sofreram ataques periódicos.
O Hesbolá denunciou que “Israel” cometeu uma série de “massacres horríveis” contra civis, o mais letal dos quais foi a detonação de pagers e dispositivos sem fio que assassinou crianças e mulheres. O partido libanês afirmou que a agressão deixou centenas de mortos e feridos, causando extensos danos a casas e à infraestrutura, com custos de reconstrução aproximados em U$11 bilhões pelo Banco Mundial.
Na declaração, o Hesbolá destacou que o cessar-fogo, patrocinado pelos Estados Unidos e pela França, estabeleceu um comitê de supervisão conhecido como Comitê de Mecanismo, presidido por um general norte0-americano e incluindo os representantes da França, Líbano, UNIFIL e “Israel”. Enfatizando que o descumprimento do acordo por parte de “Israel” continua violando a soberania libanesa por terra, mar e ar.
O Departamento de Relações com a Imprensa do Hesbolá ainda afirmou que as forças de ocupação israelenses realizaram assassinatos seletivos de cidadãos e autoridades libanesas, expandindo sua ocupação de territórios próximos à fronteira, estabelecendo bases militares após extensa destruição de aldeias na linha de frente, atacando deliberadamente as infraestruturas, instituições oficiais e veículos envolvidos nos esforços de recuperação pós-conflito.
O Hesbolá declarou que os ataques israelenses constituem “violações flagrantes” do cessar-fogo, que se baseia na Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU. O grupo citou relatórios da UNIFIL de 20 de novembro de 2025, que documentam mais de 10.000 violações aéreas e terrestres desde a entrada em vigor do cessar-fogo, incluindo mais de 7.500 violações aéreas e cerca de 2.500 violações terrestres ao norte da Linha Azul. Essas violações israelenses do cessar-fogo assumiram diversas formas, resultando na morte de 339 cidadãos libaneses e em 978 feridos, entre 27 de novembro de 2024 a 1 de novembro de 2025:
- 1.512 ataques aéreos contra civis, incluindo crianças e mulheres, infraestrutura, instalações civis, casas, veículos e terras agrícolas;
- 252 atentados a bomba contra tratores, escavadeiras, pessoal e estruturas pré-fabricadas;
- 244 tiroteios contra indivíduos, pastores e pescadores;
- 287 ataques de artilharia contra casas, pomares e estradas públicas;
- 233 demolições de casas na linha de frente;
- 62 violações de terreno envolvendo avanços militares e construções de muros;
- 7.127 missões aéreas;
- 306 operações de varredura;
- 28 lançamentos de folhetos;
- 64 operações de terraplanagem;
- 20 detenções;
- 20 ataques com bombas incendiárias;
- 13 casas incendiadas;
- 8 gravações provocativas feitas com drones;
- 41 construções de barreiras de terra e concreto;
- 356 ataques com bombas sonoras e bombas de iluminação.
Outras violações relatadas incluíram a destruição de duas mesquitas, a instalação de dispositivos de espionagem, a derrubada de árvores, o lançamento de objetos suspeitos e balões térmicos, a realização de simulações de ataques aéreos e múltiplas tentativas de infiltração em território libanês. Com essas ações, “Israel” expandiu sua ocupação do território libanês, de acordo com a declaração, violando o acordo de cessar-fogo, que exige que as forças israelenses se retirem das áreas em que entraram durante a guerra para permitir o destacamento do Exército Libanês.
O Departamento de Relações com a Imprensa do Hesbolá afirmou que “Israel” ultrapassou o período de retirada de 60 dias estabelecido pelo acordo, citando a aprovação dos Estados Unidos para uma prorrogação adicional. As autoridades israelenses, incluindo o ministro da Segurança, Israel Katz, afirmaram que as forças sionistas permanecerão em cinco “pontos estratégicos” no sul do Líbano por tempo indeterminado. Os cinco pontos ocupados pela invasão israelense são Tallat al-Hamams, Tallat al-‘Uwaydah, Jabal Blat, Tallat al-Labbouneh e Tallat al-‘Azziyeh.
O Hesbolá afirma que a presença, expansão e construção contínuas de “Israel” em território libanês constituem violações constantes da Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, comprometendo a soberania libanesa e ameaçando a estabilidade da região. O departamento de relações com a mídia citou também a documentação da UNIFIL sobre a construção de um muro de concreto a oeste da cidade de Yaroun, que se estende além da Linha Azul e torna inacessíveis mais de 4.000 metros quadrados de terras libanesas.





