Oriente Médio

Hamas: reconhecimento deve vir acompanhado de medidas práticas

Reino Unido, Canadá, Portugal e Austrália reconheceram Estado Palestino

Neste domingo (21), Reino Unido, Canadá, Portugal e Austrália reconheceram, formalmente, o Estado da Palestina como um Estado independente e soberano.

Ao anunciar o reconhecimento formal, Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido, expôs que um dos objetivos do reconhecimento é a “solução” de dois Estados: “estamos agindo para manter viva a possibilidade de paz e de uma solução de dois Estados“.

Em seu discurso, Starmer vocalizou a propaganda sionista afirmando que “o Hamas é uma organização terrorista brutal”, acrescentando que “esta solução não é uma recompensa para o Hamas”, e que “o Hamas não terá futuro nenhum papel no governo, nenhuma função em segurança. Já proscrevemos e sancionamos o Hamas…E iremos mais longe – Orientei o trabalho para sancionar outras figuras do Hamas nas próximas semanas”, disse o representante do imperialismo britânico.

O premiê britânico também afirmou que em razão da intensificação do conflito por parte de “Israel”, e pelo fato de “a construção de assentamentos estar sendo acelerada na Cisjordânia a esperança de uma Solução de Dois Estados está desaparecendo”, acrescentando que “não podemos deixar que essa luz se apague”. Starmer declarou que “estamos construindo consenso com líderes na região e além em torno da nossa Estrutura para a Paz […] um plano prático” que envolve “uma série de passos incluindo a reforma da Autoridade Palestina”.

As declarações de Canadá, Portugal e Austrália seguiram a mesma linha: condenar o Hamas, culpando-o pelo genocídio perpetrado por “Israel”, minimizar este crime monstruoso, ao mesmo tempo em que reconhecem um Estado da Palestina sem o Hamas e demais organizações da Resistência, bem como um Estado desmilitarizado. Abaixo, trechos da declaração do primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney: 

O reconhecimento do Estado da Palestina, liderado pela Autoridade Palestina, fortalece aqueles que buscam a coexistência pacífica e o fim do Hamas. Isso não legitima o terrorismo, nem representa uma recompensa por ele. Além disso, não compromete de forma alguma o apoio inabalável do Canadá ao Estado de Israel, ao seu povo e à sua segurança – segurança que só pode ser garantida, em última análise, por meio da obtenção de uma solução abrangente de dois Estados.

A Autoridade Palestina assumiu compromissos diretos com o Canadá e a comunidade internacional sobre reformas muito necessárias, incluindo a reforma fundamental de sua governança, a realização de eleições gerais em 2026, nas quais o Hamas não poderá participar, e a desmilitarização do Estado palestino. O Canadá intensificará os esforços para apoiar a implementação desta agenda de reformas pela Autoridade Palestina, na qual já houve progresso”

No mesmo sentido, o ministro das Relações Exteriores de Portugal, declarou que o Hamas, partido que lidera a Resistência ao genocídio, “não pode ter qualquer forma de controle em Gaza ou fora dela“.

Pronunciando-se sobre o reconhecimento de um Estado da Palestina, limitado à “solução” de dois Estados, o primeiro-ministro de “Israel”, Benjamin Netaniahu, declarou que o reconhecimento é “dar uma grande recompensa ao terrorismo”, e que “isto não irá acontecer: um Estado Palestino não irá ser estabelecido a oeste do Rio Jordão”.

Na mesma oportunidade, e vangloriando-se de sua política genocida e de limpeza étnica, Netaniahu afirmou também que, sobre sua liderança, “Israel” “dobrou os assentamentos judeus” na Cisjordânia “e nós continuaremos neste rumo”. 

O premiê israelense afirmou que “a resposta à recente tentativa de nos impor um estado terrorista no coração da nossa terra será dada após meu retorno dos Estados Unidos. Espere“.

Ao fechamento desta edição, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que em diversas oportunidades já se colocou contra a política de dois Estados, ainda não havia se pronunciado sobre o reconhecimento. 

A decisão de Reino Unido, Canadá, Portugal e Austrália reconhecendo um Estado da Palestina ocorre a poucos dias do início do debate geral da 18º Sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas [ONU]. O evento começará em 23 de setembro, e está programado para terminar no dia 29. Conforme noticiado pela emissora britânica BBC, espera-se que a França, Bélgica e outros países reconheçam o Estado da Palestina, durante o evento. Até hoje, 151 países da ONU já reconheceram formalmente um Estado palestino.

Além disto, meses antes do reconhecimento, foi publicada a Declaração de Nova Iorque. Por iniciativa da França e da Arábia Saudita, a declaração propôs o reconhecimento de o Estado palestino desmilitarizado, o desarmamento do Hamas e demais organizações da Resistência, bem como a proscrição política destas, que seriam excluídas de eleições gerais planejadas para 2026.

O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), principal partido da Palestina e líder da Resistência, publicou declaração afirmando que o “reconhecimento é passo importante”, mas que deve ser “acompanhado de medidas práticas” para interromper o genocídio bem como a expansão sionista sobre as terras palestinas. O partido conclamou à comunidade internacional a isolar “Israel” e intensificar medidas contra a entidade sionista. Leia a declaração do Hamas, na íntegra:

Em nome de Alá, o Clemente, o Misericordioso.

Comentando o reconhecimento do Estado da Palestina por parte da Grã-Bretanha, do Canadá e da Austrália, bem como o anúncio de diversos países sobre a intenção de reconhecer o Estado palestino, nós, no Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), afirmamos o seguinte:

 

  • Este reconhecimento é um passo importante para reafirmar o direito do nosso povo palestino à sua terra e aos seus locais sagrados, assim como para estabelecer seu Estado independente com Jerusalém como capital. Trata-se de um resultado merecido da luta, da firmeza e dos sacrifícios do nosso povo no caminho da libertação e do retorno.
  • Este passo importante deve ser acompanhado de medidas práticas que levem à interrupção imediata da guerra brutal de genocídio contra o nosso povo palestino na Faixa de Gaza, bem como ao enfrentamento dos projetos de anexação e judaização na Cisjordânia e em Jerusalém.
  • Conclamamos a comunidade internacional, as Nações Unidas e suas instituições a isolar essa entidade fora da lei, suspender todas as formas de cooperação e coordenação com ela, intensificar as medidas punitivas contra ela e trabalhar para levar seus líderes criminosos de guerra aos tribunais internacionais, responsabilizando-os por seus crimes contra a humanidade.
  • O governo de ocupação fascista insiste em prosseguir no desafio às leis e convenções internacionais, bem como às normas humanitárias, cometendo as mais hediondas violações contra o nosso povo por meio de políticas declaradas de genocídio, limpeza étnica e deslocamento forçado, o que exige agora posições claras e eficazes para contê-lo.
  • A resistência e a luta do nosso povo palestino contra a mais hedionda ocupação conhecida pela história moderna é um direito natural garantido pelo direito internacional. Os países do mundo devem apoiar o nosso povo no enfrentamento dessa ocupação criminosa, até que possam exercer o seu direito à autodeterminação e estabelecer seu Estado palestino independente, com Jerusalém como capital.

Movimento de Resistência Islâmica – Hamas

Domingo: 29 de Rabi’ al-Awwal de 1447 da Hégira

Correspondente a: 21 de setembro de 2025 d.C.”

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