O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a fazer declarações sobre a Faixa de Gaza, afirmando que a região seria “entregue” aos EUA por “Israel” ao fim dos combates. A declaração, feita no Truth Social, faz parte de um plano fantasioso que inclui a remoção forçada dos palestinos para países vizinhos e a reconstrução de Gaza como um paraíso capitalista sob tutela norte-americana. Segundo Trump, não seria necessário o envio de tropas do país imperialista para implementar o projeto.
Na última quinta-feira (6), Trump publicou um texto em suas redes sociais defendendo que “os palestinos serão reassentados em comunidades muito mais seguras e bonitas, com casas novas e modernas, na região. Eles teriam então a chance de ser felizes, seguros e livres”, acrescentando, ainda:
“Os Estados Unidos, trabalhando com excelentes equipes de desenvolvimento ao redor do mundo, começariam lenta e cuidadosamente a construção do que se tornaria um dos maiores e mais espetaculares empreendimentos desse tipo na Terra. Os Estados Unidos não precisariam de soldados! A estabilidade reinaria na região!!!”
A bravata pegou até mesmo seus aliados de surpresa. Segundo a emissora norte-americana CNN, assessores próximos não tinham conhecimento prévio da proposta e ficaram “atordoados” com a declaração. O próprio Secretário de Estado de Trump, Marco Rubio, soube do plano ao vivo pela televisão, segundo a emissora. Dan Shapiro, ex-embaixador dos EUA em “Israel” durante o governo Obama, desqualificou a proposta como “não séria”, lembrando que seria economicamente inviável e rejeitada pelos países da região.
O deputado árabe-israelense Ayman Odeh, chefe da Lista Conjunta no Knesset, criticou veementemente a ideia e alertou que a única forma de enfrentar os planos de Trump é a unidade palestina. Odeh enfatizou que os moradores de Gaza resistiram a 15 meses de guerra genocida promovida pela ocupação sionista com apoio dos EUA e que não aceitarão um deslocamento forçado. Ele também ressaltou que o Egito rejeita a remoção de palestinos do território, pois isso comprometeria sua segurança nacional.
Principal partido revolucionário da Palestina, o Hamas rechaçou as declarações de Trump, classificando-as como uma “declaração de intenção de ocupação” e afirmando que Gaza continuará pertencendo a seu povo. O porta-voz do partido, Hazem Qassem, chamou a proposta de “absolutamente inaceitável” e exigiu uma reunião de emergência entre os países árabes para barrar o plano.
Na mesma quinta-feira (6), Qassem disse que o partido estava convocando uma “cúpula árabe” urgente em resposta à proposta do presidente Donald Trump de uma intervenção dos EUA no território palestino e deslocamento de sua população. “Pedimos uma cúpula árabe urgente para confrontar o plano de retirar os palestinos de Gaza”, disse, pedindo ainda que os “países árabes que resistam à pressão de Trump e permaneçam firmes”. O porta-voz também conclamou às “organizações internacionais que tomem medidas enérgicas contra o plano de Trump”.
Os protestos contra o projeto de Trump se estenderam a vários governos. O Egito reiterou sua oposição à remoção dos palestinos, e a Argélia denunciou a tentativa de esvaziar Gaza como parte de uma estratégia para enfraquecer o projeto nacional palestino.
O governo argelino destacou que a soberania palestina passa pela unificação dos territórios ocupados e alertou que qualquer tentativa de fragmentação apenas prolongaria o conflito. A Irlanda, por sua vez, exigiu um aumento na ajuda humanitária e o retorno dos palestinos deslocados para suas casas, chamando as palavras de Trump de “distração”.
Segundo a imprensa israelense, apesar do desejo da extrema direita sionista de transformar Gaza em uma colônia norte-americana, o projeto é “irrealizável”. O jornal Yedioth Ahronoth admitiu que não há nenhuma organização palestina disposta a cooperar com a ideia, pois a simples menção de “migração” evoca a catástrofe da Nakba de 1948.
O jornal também apontou que a continuação das operações militares não levará à derrota da Resistência, mas apenas ao aumento das baixas entre os soldados sionistas. Segundo a análise, a ideia de “nivelar Gaza ao chão” é um devaneio dos setores mais reacionários, mas que esbarra na realidade: não existe nenhum caminho concreto para implementar o plano.
Se os EUA realmente tivessem capacidade de fazer valer essas ameaças, o próprio Trump não teria pressionado Joe Biden a encerrar o conflito antes de sua posse.
No fim das contas, Trump não passa de um bravateiro tentando chamar atenção. Apesar do caráter farsesco de suas palavras, porém, suas declarações sobre Gaza merecem repúdio absoluto. A política genocida da ocupação sionista segue em curso e conta com o respaldo do imperialismo, devendo, por isso, manter os opositores da ditadura mundial e simpatizantes da luta do povo palestino em estado de atenção.