Acordo de cessar-fogo

Hamas liberta mais 183 palestinos das masmorras sionistas

“Ainda temos muitas cartas em nossas mãos para responder [às violações de Israel]", declarou membro do Birô Político do Hamas

Nesse sábado (8), na cidade de Deir Al-Balah – no centro de Gaza – 183 prisioneiros palestinos foram libertados como parte da quinta etapa da primeira fase do acordo Dilúvio dos Livres – acordo de libertação dos prisioneiros palestinos. A Comissão para Assuntos de Prisioneiros e Ex-prisioneiros e o Clube de Prisioneiros Palestinos haviam anunciado na sexta-feira (7) o nome dos prisioneiros libertados no sábado.

No total, o número de prisioneiros libertados por ordem da Resistência Palestina foi de 183, sendo 111 presos após o 7 de outubro, 18 prisioneiros condenados à prisão perpétua e 54 prisioneiros com sentenças altas.

Em troca, a Resistência libertou 3 prisioneiros de guerra israelenses. Todos homens entre 30 e 60 anos de idade.

Os prisioneiros libertados pela resistência foram recebidos por uma grande cerimônia. Durante o evento, crianças realizaram uma marcha e cantaram em homenagem ao líder assassinado do Hamas Iahua Sinuar. Diversas faixas foram estendidas durante a cerimônia. Em uma delas, uma frase zombava da “vitória absoluta” do genocida derrotado e humilhado Benjamin Netaniahu.

Em entrevista, uma mulher relata em celebração para a imprensa da resistência:

“A próxima marcha será para Al-Aqsa! (…). Estamos firmes em nossa terra, saudação ao Al-Qassam! (…). Estou aqui hoje para apoiar nossa juventude, nossos combatentes e a vitória do Islã para os muçulmanos!”

Na cidade de Khan Younis, 42 prisioneiros libertados chegaram em frente ao Hospital Europeu. As cenas descritas pelo jornal Al Jazeera são celebração e emoção, enquanto as pessoas se abraçam e se cumprimentam. Após a conclusão dos exames médicos, espera-se que os prisioneiros libertados se dirijam aos seus bairros, que foram predominantemente devastados por 15 meses de ataques israelenses.

Durante a recepção dos prisioneiros, o Hamas acusou “Israel” de adotar uma política de “morte lenta” dos prisioneiros palestinos mantidos nas prisões sionistas, depois que 7 detentos foram imediatamente internados em hospitais ao chegarem em Ramallah.

“O fato de sete prisioneiros terem sido transferidos para hospitais imediatamente após sua libertação (…) reflete as agressões sistemáticas e os maus-tratos aos nossos prisioneiros por parte das autoridades prisionais israelenses”, disse o Hamas em um comunicado, acrescentando que isso era ‘parte da política do governo israelense extremista, que busca a morte lenta de prisioneiros dentro das prisões’.”

“Todos os prisioneiros que foram libertados hoje precisam de cuidados médicos, tratamento e exames como resultado da brutalidade a que foram submetidos nos últimos meses. Há sete que foram transferidos para o hospital”, disse Abdullah al-Zaghari, diretor da Sociedade dos Palestinos Presos.

Dente os prisioneiros libertados, está Mohammed Ibrash, preso em 2003 e condenado a três penas de prisão perpétua por matar três soldados da IOF com tiros e explosivos. Ibash seus irmãos e primos passaram, coletivamente, cerca de 200 anos nas prisões israelenses. Ibash possui diversos problemas de saúde, tendo perdido a perna esquerda em uma tentativa de assassinato, desenvolvido gangrena em sua prótese por negligência médica. Além de sofrer com ferimentos por estilhaços, arritmia cardíaca, infecções graves no ouvido, cegueira total em um olho e quase cegueira no outro devido a maus-tratos. Em uma carta contrabandeada para fora da prisão, Ibash disse:

“Não digam à minha mãe que fiquei cego. Ela me vê, mas eu não consigo vê-la. Eu sorrio e a engano durante as visitas quando ela quer me mostrar fotos de meus irmãos, amigos e vizinhos do bairro. Ela não sabe que fiquei cego depois que a doença se infiltrou em meus olhos até que a escuridão invadiu todo o meu corpo”.

O líder do Hamas e ex-prefeito de Al-Bireh, Sheikh Jamal Al-Tawil, tamb´me foi libertado durante esta fase do acordo. Porém, assim que desceu do ônibus, foi imediatamente transferido para o hospital devido à deterioração de seu estado de saúde, após ter sido brutalmente espancado pelos carcereiros israelenses até os últimos momentos antes de sua libertação.

Outro prisioneiro liberto foi Shadi Fakhri Barghouthi, preso em em 22 de dezembro de 2003 e condenado a 27 anos de prisão. Seu pai, Fakhri Barghouthi, é membro do Conselho Revolucionário do Fatah em Kober e passou 33 anos preso nas masmorras sionistas até ser libertado em 2011. Esta é a primeira vez que Shadi e Fakhri se veem sem as grades da Prisão de Majdal entre eles.

O reencontro entre a família Barghouthi ocorreu apesar do brutal ataque ocorrido na manhã de sábado, em que as forças de ocupação invadiram a casa de Fakhri Barghouti, agredindo-o e o ameaçando contra qualquer comemoração que marcasse a libertação de seu filho. Mais tarde, Fakhri foi transferido para tratamento médico devido à gravidade do ataque.

“Suportamos condições duras e difíceis nas prisões da ocupação (…). Momentos antes de sermos libertados, fomos submetidos a abusos pelas forças de ocupação (…). A ocupação nos privou do direito a tratamento médico dentro das prisões (…). Perdi cerca de 35 quilos devido à política de fome da ocupação (…). Minha família foi reunida pela primeira vez em 45 anos”, disse Shadi à Al Jazeera.

Basem Naim, membro do birô político do Hamas, declarou à Al Jazeera que “Israel” continua fazendo “jogos sujos” para minar o acordo de cessar-fogo. Naim disse que o grupo alertou os mediadores, incluindo os EUA, que as violações israelenses – os atrasos nas entregas de ajuda, bem como a morte de palestinos em Gaza – poderiam ameaçar o acordo.

“Desde o primeiro dia, nosso objetivo era como parar essa agressão, como evitar a guerra contra nosso povo repetidamente, portanto, discutimos com os mediadores que estamos prontos para superar quaisquer problemas, quaisquer obstáculos, quaisquer desafios, a fim de dar a esse acordo uma chance de sucesso”, disse Naim.

Porém, advertiu que “se os israelenses insistirem em violações”, isso poderia levar ao colapso do acordo:

“Ainda temos muitas cartas em nossas mãos para responder [às violações de Israel]. Podemos adiar a entrega dos prisioneiros. Estamos fazendo o máximo em cooperação com os mediadores para evitar todos esses obstáculos”.

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