O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) afirmou que o recente reconhecimento do Estado palestino por vários países imperialistas responde mais à necessidade de aliviar as pressões internacionais do que a um apoio genuíno.
Osama Hamdan, representante do partido palestino no Líbano, em entrevista nesta terça-feira (23) à emissora libanesa Al Mayadeen, declarou que a recente onda de reconhecimento da Palestina como Estado representa um avanço político fruto da pressão popular e das ações da Resistência ao longo dos últimos 23 meses.
Ao advertir que alguns governos recorrem ao reconhecimento do Estado palestino para evitar a imposição de sanções efetivas contra os ocupantes israelenses, o dirigente do Hamas pediu sanções reais contra o Estado de “Israel” por seus crimes contra os palestinos. Ele enfatizou que o reconhecimento da Palestina carece de valor real enquanto não forem adotadas medidas concretas para frear a agressão israelense contra a Faixa de Gaza.
Hamdan explicou que o reconhecimento da Palestina em 2025 é um avanço simbólico diante de uma tragédia humana inaceitável, destacando a hipocrisia internacional. O dirigente insistiu que são necessários passos concretos que punam a entidade ocupante, e não medidas que usurpem a voz e a autonomia do povo palestino.
Ao mencionar o ataque israelense contra a residência de líderes do Hamas no Catar, Hamdan assegurou que a Resistência palestina não enviou mensagem ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nem a outros desde o ataque israelense em Doha.
O dirigente destacou que a agressão israelense ocorreu um dia após a delegação norte-americana propor uma oferta, o que demonstra que “Israel” “não respeita nenhuma fronteira nem soberania”.
Sobre as negociações em curso com os mediadores, o dirigente afirmou que antigas propostas estão sendo retomadas apenas para aparentar um processo de negociação e encobrir os crimes da ocupação. “’Israel’ não busca trégua nem cessar-fogo, mas tenta ganhar tempo na esperança de obter benefícios políticos que não conseguiu em dois anos de agressão”, acrescentou.
Hamdan negou que a Resistência vá fazer concessões ou se enfraquecer, destacando que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netaniahu, “se equivoca se acredita que ocupar Gaza será uma vitória”.
Ao se referir às ameaças de “Israel” na região da Ásia Ocidental, Hamdan destacou que o perigo não se limita aos palestinos, pois Israel pretende impor sua posição também aos países vizinhos. “As advertências do agressor devem ser levadas a sério”, alertou.
Em outra parte da entrevista, Hamdan recordou o laço profundo entre o Hamas e o partido libanês Hesbolá e seus objetivos comuns em três eixos: a luta contra a entidade, a unidade da nação e a centralidade da questão palestina.
Ele destacou a continuidade das reuniões entre os líderes do Hamas e do Hesbolá, afirmando que existem conquistas ocultas que ainda não é o momento de anunciar.
Hamdan ressaltou que, apesar do martírio de Saied Hassan Nasseralá, a resistência libanesa cresce e mantém sua unidade. “O martírio dos líderes da Resistência não a enfraquece, e continuar o caminho de libertar a terra e destruir o regime ocupante é um dever compartilhado”, afirmou.





