Palestina

Hamas discute nova proposta de cessar-fogo com a resistência

Enquanto “Israel” continua assassinando quase 100 palestinos diariamente, imperialismo e sionismo tentam forçar a Resistência a um acordo desfavorável

No início da tarde de quarta-feira (28), o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe), publicou declaração informando que havia chegado “a um acordo com o enviado dos EUA, Steve Witkoff, sobre uma estrutura geral que alcance um cessar-fogo permanente, uma retirada completa das forças de ocupação da Faixa de Gaza, o fluxo irrestrito de ajuda e um comitê tecnocrático assumindo a administração dos assuntos da Faixa imediatamente após o anúncio do acordo” e que estava “aguardando uma resposta final a essa estrutura”.

Conforme noticiado pela emissora libanesa Al Maydeen, nos termos daquela proposta estariam inclusos um cessar-fogo de 70 dias, durante o qual seriam iniciadas negociações formais para uma solução política duradoura. Quanto à libertação de prisioneiros, 10 israelenses (cinco vivos, cinco já falecidos), seriam soltos. Em troca, um número não informado de palestinos seriam libertos dos cárceres israelenses.

Duas horas depois da declaração, Witkoff apareceu ao lado do presidente dos EUA, Donald Trump, no Salão Oval e anunciou que havia redigido “um novo termo de compromisso” para aprovação do presidente Trump, conforme noticiado pelo portal de notícias Axios. Referido portal também informou que “as principais mudanças se concentram na cláusula referente às garantias que o Hamas quer para assegurar que uma negociação séria sobre um cessar-fogo permanente ocorra durante o cessar-fogo temporário de 60 dias e que, enquanto essas negociações estiverem em andamento, Israel não quebrará unilateralmente o cessar-fogo, como fez em março”. 

Por outro lado, os EUA também teriam tentado “encontrar uma linguagem […] que permitisse que Israel se sentisse confiante de que não estava se comprometendo antecipadamente a acabar com a guerra”.

Na quinta-feira (29), o Hamas publicou declaração sobre o andamento das tratativas, informando que a liderança do partido “recebeu, dos mediadores, a nova proposta de Witkoff, a qual está sendo estudada com responsabilidade, de uma maneira que atenda aos interesses do nosso povo, forneça alívio e alcance um cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza”.

No mesmo dia, Bassem Naim, um dos membros do birô-político do Hamas, afirmou que o partido havia recebido “a resposta sionista à proposta acordada com o enviado americano Witkoff, na semana passada”. O partido denunciou que “a essência da resposta sionista se resume a perpetuar a ocupação e continuar a matança e a fome (mesmo durante o período de trégua temporária). Ela não atende a nenhuma das reivindicações do nosso povo — a principal delas é o fim da guerra e da fome”. Contudo, ele ressalvou que “a liderança do Movimento está estudando a resposta com toda a responsabilidade nacional, à luz do genocídio que nosso povo está enfrentando”.

Já na sexta-feira (30), o portal de notícias Drop Site News publicou o que seria os termos da última proposta de Witkoff. Segundo os documentos divulgados, haveria um cessar-fogo temporário de 60 dias, com Trump supostamente garantindo que “Israel” não violaria o cessar-fogo durante o período.

Igualmente, negociações para um cessar-fogo permanente já se iniciaram no primeiro dia do cessar-fogo temporário e eventual anúncio do mesmo. Nelas, seriam discutidas realocações e retirada das forças israelense de ocupação e arranjos de segurança a longo prazo dentro da Faixa de Gaza”.

No que diz respeito à soltura de prisioneiros, “Israel” teria de libertar 125 palestinos cumprindo “pena perpétua” e mais 1.111 detidos após 7 de outubro. Em troca disto, o Hamas libertaria 10 prisioneiros israelenses que ainda estão vivos. Quanto aos israelenses que já morreram em decorrência dos bombardeios de “Israel” contra Gaza, o Hamas entregaria os restos mortais de 18 deles. A entidade sionista, por sua vez, entregaria 180 palestinos mortos pelos israelenses.

Contudo, em uma cláusula sobre “atividades militares de Israel”, a suposta proposta dispõe uma cessação de movimentos aéreos (militar e de vigilância) na Faixa de Gaza, por apenas 10 horas diárias, e por 12 horas diárias nos dias de trocas de prisioneiros. Em outras palavras, permitindo as referidas ações durante o restante dos dias.

Não foi confirmado se os documentos divulgados são realmente a proposta feita por Witkoff.

Ainda na sexta-feira, o Hamas publicou nova declaração, em que afirma que o partido “está atualmente realizando consultas com as forças e facções palestinas sobre a proposta de cessar-fogo que recebeu recentemente do Sr. Witkoff por meio de mediadores”.

Enquanto ocorrem as negociações para um cessar-fogo, a extrema direita israelense faz campanha por uma ofensiva total contra Gaza

Ministro da Polícia de ‘Israel’: ‘hora de entrar com força total’ em Gaza

Igualmente nesta sexta-feira, Itamar Ben-Gvir, ministro da Polícia de “Israel”, fez publicação em seu canal de Telegram pedindo: “Sr. Primeiro-Ministro [Benjamin Netaniahu], depois que o Hamas rejeitou novamente a proposta de acordo, não há mais desculpas”, escreveu Ben-Gvir em seu canal no Telegram. “A confusão, a confusão e a fraqueza precisam acabar”.

A publicação foi feita mesmo depois da declaração do Hamas, já citada, de que o partido está revisando a nova proposta de cessar-fogo feita pelos EUA.

Ben-Gvir, que também é líder do partido de extrema-direita Poder Judeu, partido este que possui 6 parlamentares formando a base do governo Netaniahu, declarou também que “já perdemos muitas oportunidades”, e que “é hora de entrar com força total, sem pestanejar, para destruir e matar o Hamas até o último“.

O líder do Poder Judeu é um dos principais líderes dos colonos israelenses, milícias fascistas que vem atacando os palestinos da Cisjordânia com cada vez mais intensidade. Recentemente, Ben-Gvir protagonizou mais um ataque contra eles, ao invadir a Mesquita de Al-Aqsa, junto com inúmeros outros colonos, e com a proteção das forças de ocupação.

Pelo peso de seu partido no governo Netaniahu, e por ser um dos líderes da extrema-direita, ele é um dos fatores na continuidade e na intensificação do genocídio.

Genocídio: mais de 70 palestinos mortos em 24 horas

Em informe diário, o Ministério da Saúde de Gaza informou que, entre as 17h00 de quinta-feira (29), e as 17h00 de sexta-feira (30), mais de 72 palestinos mortos e pelo menos 278 feridos haviam chegado aos hospitais de Gaza. Destacou, contudo, que esse número não inclui os hospitais do norte de Gaza, em razão da dificuldade em ter acesso às instalações.

O Ministério também informou que um número não determinado de vítimas permanecem sob escombros e nas estradas, incapazes de serem alcançadas pelas ambulâncias e pela defesa civil.

Mais tarde no dia, o canal de comunicação Resistance News Network (RNN), hospedado no Telegram, informou que, apenas na sexta-feira, foram mortos mais de 54 palestinos, informando que “as forças israelenses de ocupação (IOF) realizaram cinturões de fogo no norte da Faixa de Gaza após deslocamentos forçados generalizados. No noroeste da Cidade de Gaza, no norte de Rafah e no leste de Khan Iunis, as demolições não pararam por um instante”.

O genocídio já resultou na morte de mais de 54.321 palestinos desde 7 de outubro de 2023, deixando ao menos 123.770 feridos. 

Desde que o segundo cessar-fogo foi rompido por “Israel”, em 18 de março, mais de 4.058 palestinos foram assassinados pelas forças de ocupação, que também feriram mais de 11.729.

Resistência Palestina realiza inúmeras ações contra os invasores

Em resposta à intensificação do genocídio, o Hamas e demais organizações da Resistência Palestina vem aumentando as ações revolucionárias contra os invasores, eliminado e ferindo vários sionistas.

Nesta sexta-feira, as Brigadas al-Qassam (ala militar do Hamas), publicou vídeo mostrando a eliminação, através de explosivos camuflados, de vários colaboradores do sionismo. No vídeo, é possível ver a cabeça de um dos traidores do povo palestinos explodindo. Veja o vídeo, com a respectiva descrição feita na publicação das brigadas:

“ÚLTIMAS NOTÍCIAS – Brigadas Mártir Izz El-Din Al-Qassam:

Cenas de ataques a vários musta’ribeen (disfarçados) do exército de ocupação a leste de Rafah, no sul da Faixa de Gaza.

Notas:

0:10 – 1. O exército de ocupação utilizou vários musta’ribeen em operações de limpeza de casas e na busca por túneis e combatentes da resistência durante a incursão em várias áreas da Faixa de Gaza.

  1. Os musta’ribeen trabalharam ao lado de soldados inimigos em terra em missões conjuntas.
  2. O inimigo atribuiu a eles diversas outras tarefas, incluindo plantar explosivos e instalar armadilhas em casas.
  3. Os musta’ribeen circulam em veículos blindados nas áreas de incursão.

0:25 – Os musta’ribeen monitoram a área sob ordens das forças inimigas.

0:32 – Os musta’ribeen começam a limpar a área sob a proteção de aeronaves inimigas.

01:46 – Detonando um explosivo sob a força dos musta’ribeen durante a limpeza de uma casa antes da entrada das Forças de Defesa de Israel (IOF) na área”.

Em outro informe, as Brigadas al-Qassam noticiaram que foi realizada uma ação conjunta com as Brigadas al-Quds (ala militar da Jiade Islâmica):

“Combatentes do Al-Qassam, em cooperação com combatentes do Saraya Al-Quds, atacaram uma força sionista entrincheirada dentro de uma casa com um projétil antifortificação TBG e um projétil antipessoal, matando e ferindo membros da força na área de Habitação Europeia, a sudeste da cidade de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza. Os confrontos continuam na área”, consta no informe.

Em outro vídeo, os combatentes Al-Qassam atraíram uma força de infantaria sionista para uma armadilha com explosivos. Veja o vídeo:

Tal operação fez parte da série de operações “Pedras de Daví”. Já no dia anterior, as Brigadas Al-Qassam publicaram vídeo mostrando outra operação de armadilha complexa, que resultou na eliminação de sionistas, ferindo outros mais. Eis o vídeo e sua respectiva descrição, contida na publicação das Brigadas:

“Brigadas Mártir Izz El-Din Al-Qassam:

Como parte da série de operações “Pedras de David”: Imagens da complexa emboscada que teve como alvo soldados e veículos inimigos perto da Escola Al-Aqsa, na cidade de al-Qarara, a leste da cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza.

Inundação de Al-Aqsa

Notas:

0:19 – Série de operações Pedras de David

0:23 – Detalhes da Emboscada

  • Os combatentes enganaram o inimigo empregando a tática do “Uivo do Lobo”, atraindo as tropas para um poço de túnel previamente equipado com explosivos.
  • Eles detonaram o poço sobre os soldados inimigos, aproximaram-se à queima-roupa e, em seguida, atraíram as forças de resgate e explodiram dois dispositivos antipessoal adicionais entre eles.
  • Em seguida, os combatentes detonaram três prédios nos quais as forças inimigas haviam se fortificado.

0:40 – Veículos avançando para a área da emboscada.

0:46 – Trechos dos prédios com armadilhas explosivas. Área da Escola de Al-Aqsa.

1:08 – Preparando as cargas

1:16 – Soldados inimigos entrando em um dos prédios com armadilhas explosivas.

1:19 – “A casa tem várias pessoas lá dentro… há mais de um [soldado]. Dois deles estão lá dentro com um cachorro.”

1:24 – Monitorando veículos e forças inimigas.

1:44 – Localização do poço com armadilhas explosivas.

2:08 – Efeitos da detonação dos prédios com armadilhas explosivas sobre os soldados inimigos e a intervenção de aviões de guerra.

2:20 – Abrindo fogo contra um dos soldados inimigos e sua fuga.”

O aumento do número de operações por parte do Hamas e demais organizações da Resistência, apesar do assassinato de lideranças revolucionárias, e dos bombardeios indiscriminados e da política de fome contra civis palestinos, é uma demonstração do fracasso militar de “Israel” em sua tentativa de derrota a Resistência Palestina.

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