Palestina

Hamas denuncia política criminosa de ‘Israel’ em Rafá

“O que está acontecendo em Rafá representa uma intensificação perigosa na guerra de extermínio brutal contra nosso povo"

Nessa quinta-feira (11), o Ministério da Saúde em Gaza revelou que, nas últimas 24 horas, 40 palestinos foram assassinados e 146 ficaram feridos em decorrência dos bombardeios israelenses. Com isso, o total de mortos desde o início da ofensiva israelense em 7 de outubro de 2023 chegou a 50.886, com 115.875 feridos.

O Ministério fez um apelo urgente para o reabastecimento dos hospitais e centros de saúde, destacando uma escassez crítica e sem precedentes de medicamentos e suprimentos médicos. Segundo o comunicado, 37% dos medicamentos essenciais e 59% dos insumos médicos estão esgotados.

Além disso, 80 mil pacientes com diabetes e 110 mil hipertensos estão sem medicação nos postos de saúde, e 54% dos remédios contra câncer e doenças do sangue estão fora de estoque, agravando ainda mais a crise sanitária.

O Ministério também informou que salas de cirurgia, UTIs e prontos-socorros estão operando com estoques mínimos de remédios e equipamentos de emergência, colocando vidas em risco.

O fechamento contínuo das fronteiras, que impede a entrada de medicamentos e ajuda humanitária, intensificou a catástrofe, tornando quase impossível garantir cuidados básicos a feridos e doentes.

No mesmo dia em que o Ministério da Saúde divulgou os dados catastróficos, a Resistência Palestina, por meio de sua principal organização, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe), divulgou uma série de comunicados oficiais.

O Hamas celebrou duas resoluções aprovadas recentemente por organismos internacionais. Em Paris, o Conselho Executivo da UNESCO, em sua 221ª sessão, aprovou por unanimidade duas decisões que exigem a interrupção de todos os projetos de colonização sionista em Jerusalém e no complexo de Al-Khalil (Hebron). O movimento declarou: “valorizamos o papel de todos os países irmãos e amigos que contribuíram para a aprovação dessas resoluções” e defendeu que a ONU e a comunidade internacional exerçam pressão sobre a entidade sionista para implementar essas decisões e parar de violar o direito internacional.

Em comunicado separado, a Resistência Palestina também elogiou a posição da Assembleia Geral da União Interparlamentar (UIP), reunida em Tashkent, Uzbequistão, que condenou os planos de deslocamento forçado da população de Gaza. “Trata-se de um novo golpe contra o ocupante e seus apoiadores”, declarou o Hamas, reforçando o pedido por um boicote político, diplomático, de segurança e militar ao regime sionista e apelando por ações concretas para frear os crimes de genocídio cometidos em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém ocupada.

O movimento destacou com veemência os ataques em curso na cidade de Rafá, no sul da Faixa de Gaza, denunciando uma nova escalada na política de extermínio contra o povo palestino. “O que está acontecendo em Rafá representa uma intensificação perigosa na guerra de extermínio brutal contra nosso povo e uma tentativa desesperada de fabricar um feito militar cometendo crimes de guerra e crimes contra a humanidade”.

Segundo o comunicado, as demolições de casas, bairros inteiros e infraestruturas fazem parte de uma estratégia deliberada de limpeza étnica, reforçada pelo anúncio de Benjamin Netaniahu sobre a criação do chamado “Corredor Filadélfia 2”, com o objetivo de isolar Rafá do restante de Gaza e anexá-la à zona tampão na fronteira com o Egito. “O que se busca é cortar completamente Gaza de sua profundidade árabe e privar nosso povo da única passagem para o mundo exterior”, afirmou o Hamas.

O grupo responsabilizou o silêncio internacional e regional pela continuidade dos massacres e exigiu ações urgentes para impedir o avanço da campanha genocida. “Conclamamos todas as nações e os livres do mundo a erguerem a voz contra esses crimes, pressionando por medidas concretas que impeçam o deslocamento forçado de nosso povo e a liquidação de sua causa”.

Ainda nessa quinta-feira (10), o Hamas anunciou ter dado entrada em uma contestação legal contra o governo britânico pelo seu decreto, emitido em outubro de 2021, que classifica a organização como uma entidade terrorista. O recurso foi apresentado à Secretaria do Interior do Reino Unido por meio do escritório jurídico britânico Bindmans LLP, sob liderança de Musa Abu Marzouk, chefe do Escritório de Relações Internacionais e Assuntos Jurídicos do Hamas.

O comunicado qualifica a medida como “injusta” e afirma que ela representa “um alinhamento vergonhoso com a entidade sionista, que continua cometendo crimes contra nosso povo”. O Hamas denunciou que a decisão britânica ignora o direito internacional e os princípios democráticos, incluindo o direito dos povos à resistência e à autodeterminação, e reiterou que o Reino Unido tem “responsabilidade histórica” pelas tragédias do povo palestino. “Chegou a hora de Londres corrigir seus erros históricos, cancelar a classificação de nossa legítima resistência como terrorismo e parar de apoiar política e militarmente o regime sionista”.

Gostou do artigo? Faça uma doação!