Palestina

Hamas confirma martírio de Abu Obeida

Hamas confirma martírio de Abu Obeida, assassinado com esposa e filhos, e anuncia também o martírio de Mohammed Sinwar, Shabana, Hikmat Issa e Raed Saad

O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe) confirmou, nesta segunda-feira (29), o martírio de Abu Obeida (Husayf al-Khalout), comandante da comunicação militar e porta-voz das Brigadas Izz al-Din al-Qassam, braço armado do partido palestino, assassinado junto de sua esposa e filhos. No mesmo pronunciamento divulgado pelas al-Qassam, o Hamas também anunciou o martírio de outros dirigentes militares, apresentados como comandantes da Operação Dilúvio de Al-Aqsa.

De acordo com o comunicado, foram assassinados Mohammed Sinwar (Abu Ibrahim), chefe do Estado-Maior das Brigadas al-Qassam; Mohammed Shabana (Abu Anas), comandante da Brigada de Rafá; Hikmat Issa (Abu Omar), comandante conhecido por atividades de resistência no Líbano e na Síria antes de se estabelecer em Gaza; e Raed Saad (Abu Muadh), chefe da divisão de manufatura e ex-chefe de operações. O pronunciamento foi feito por um novo porta-voz, que passou a utilizar o nome de guerra Abu Obeida, em uma sinalização de continuidade, segundo o próprio texto, de que a resistência segue como uma organização “sólida” e “bem estabelecida”.

A seguir, a nota oficial do Hamas na íntegra conforme tradução feita pelo Diário Causa Operária (DCO):

“Nota anunciando o martírio de um grupo de líderes seniores das Brigadas al-Qassam, mártires heroicos da batalha ‘Dilúvio de Al-Aqsa’

Com todo o orgulho, honra e determinação, e com grande fé e certeza na promessa de Alá a Seus servos, e com firmeza no caminho da jihad e da preparação, e do acúmulo de força e resistência, defendendo a Palestina, seu povo, sua terra e seus locais sagrados, especialmente Al-Quds al-Sharif e a Mesquita de Al-Aqsa, estes grandes líderes das Brigadas al-Qassam ascenderam às mais altas posições como mártires na batalha ‘Dilúvio de Al-Aqsa’, após uma longa e árdua jornada de jihad, planejamento e preparação, e do acúmulo de força e resistência, em defesa da Palestina e de seu povo.

Esses líderes mártires mantiveram-se firmes nos valores e princípios de sua nação e permaneceram fiéis ao sangue e aos sacrifícios dos mártires, dos prisioneiros e dos feridos, e foram sinceros em sua luta, conduzindo as fileiras da resistência e permanecendo com seu povo no coração da batalha, realizando feitos heroicos em todas as etapas da luta contra o inimigo, a mais recente das quais foi a batalha ‘Dilúvio de Al-Aqsa’, que aprofundou a fragilidade da ocupação e recolocou nossa causa em seu caminho correto, e estabeleceu novos marcos para o nosso povo rumo à libertação e ao retorno.

Anunciamos hoje o martírio deste grupo abençoado de líderes das Brigadas al-Qassam, e nos colocamos, com todo orgulho, honra e dignidade, diante de sua trajetória de jihad, que se estendeu por três décadas na terra de Gaza abençoada, cada um em seu campo e especialidade e em seu papel decisivo: uma liderança militar sábia; uma administração prudente; um planejamento e uma preparação meticulosos, que produziram resultados estratégicos na história e no curso da resistência palestina.

Cada um desses grandes líderes das Brigadas al-Qassam foi uma escola de liderança e preparação militar, e um exemplo de forte vontade e firmeza lendária, e um modelo singular de dedicação, sacrifício e devoção diante de desafios e perigos, e um símbolo de presença nos campos da educação, da orientação e da convivência com o Alcorão; todos eram um só corpo, um só espírito, um só pensamento e uma só mente, ligados à Palestina e unificados na direção de libertar sua terra e Al-Quds al-Sharif e a Mesquita de Al-Aqsa.

Afirmamos, no Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que os crimes da ocupação ao assassinar os líderes, símbolos e filhos do nosso povo palestino não quebram nossa vontade e a força de nossa resistência, e não nos desviam de continuar nosso caminho de resistência. O movimento permanece firme em seus princípios, apegado a seus direitos e fiel ao sangue e aos sacrifícios de seus mártires, até obter todos os nossos direitos nacionais sem qualquer redução, em primeiro lugar a libertação de nossa terra e o estabelecimento de um Estado palestino independente, com Al-Quds al-Sharif como sua capital.

Que Alá Todo-Poderoso tenha misericórdia deste grupo abençoado de líderes das Brigadas al-Qassam, os vitoriosos, que se juntaram às fileiras dos mártires no Paraíso, e que sejam recompensados com alegria pelo que Alá lhes concedeu, e que se alegrem por aqueles que ainda não se juntaram a eles dentre seus sucessores, sem temor por eles nem tristeza por eles.

‘E não considereis mortos aqueles que foram mortos no caminho de Alá. Ao contrário, estão vivos, junto de seu Senhor, recebendo sustento, alegrando-se com o que Alá lhes concedeu de Seu favor; e Alá não faz perder a recompensa dos crentes.’

Movimento de Resistência Islâmica – Hamas

Segunda-feira: 9 Rabi’ al-Awwal 1447 AH

Correspondente a: 29 de dezembro de 2025”

Depois dessa nota, o Hamas divulgou um comunicado separado apenas sobre Abu Obeida. A seguir, o texto na íntegra:

“Em nome de Alá, o Misericordioso, o Compassivo.

‘Entre os crentes há homens que cumpriram o que pactuaram com Alá. Entre eles, há os que já cumpriram seu termo, e entre eles há os que aguardam; e não mudaram em nada.’

Nota de luto pelo grande comandante e mártir heroico Husayf al-Khalout (Abu Obeida), comandante da comunicação militar e porta-voz das Brigadas al-Qassam, o braço militar do nosso movimento abençoado.

‘A voz trovejante que sacudiu os leitos dos líderes da ocupação e de seu exército, e inspirou o nosso povo, a nossa nação e os homens livres do mundo no caminho de libertar a terra e os locais sagrados.’

Com um coração crente e confiança na promessa de Alá a Seus servos fiéis, e com crescente serenidade, entrega, orgulho e determinação de seguir o caminho dos mártires, anunciamos, no Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), ao nosso povo palestino, à nossa nação árabe e islâmica e aos homens livres do mundo, o martírio do grande comandante e mártir heroico Husayf al-Khalout (Abu Obeida), comandante da comunicação militar e porta-voz das Brigadas al-Qassam, o braço militar do nosso movimento abençoado, que ascendeu a Alá como mártir, junto de sua esposa e filhos — que Alá tenha misericórdia de todos — em um fim abençoado que ele buscou e desejou e permaneceu em seu caminho até alcançar a mais alta aspiração, após uma vida plena de jihad, sacrifício, firmeza e resistência na terra de Gaza, sendo escolhido por Alá na batalha Dilúvio de Al-Aqsa, onde sua voz trovejante sacudiu os leitos da ocupação, de seu exército e de seus líderes, e inspirou milhões do nosso povo e os homens livres do mundo.

Nós, no Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), ao lamentarmos o grande comandante e mártir heroico Abu Obeida — que Alá tenha misericórdia dele e o aceite entre os justos — afirmamos que o assassinato de nossos líderes e símbolos do nosso movimento pela ocupação não quebra sua vontade e sua resistência, e que os crimes de matar, assassinar e atacar fortalecem sua determinação, sua firmeza e sua adesão a seus direitos e à defesa da terra, de Jerusalém e da Mesquita de Al-Aqsa. A história mostra que, após o assassinato de nossos líderes, o nosso movimento se torna mais forte, mais coeso e mais determinado, e mais feroz e incansável no enfrentamento do inimigo sionista.

Descanse em paz, Abu Obeida, pois sua alma pura permanece viva, pulsando com resistência e jihad, e sua imagem luminosa permanece firmemente enraizada nos corações do nosso povo, da nossa nação e dos homens livres do mundo. Sua voz trovejante de liberdade e independência ecoa pelos horizontes e se enraíza na realidade, anunciando a queda da ocupação e a libertação da terra e dos locais sagrados.

Se um de nossos líderes morre, outro toma seu lugar,

e um sucessor digno carrega seu legado e sua missão,

e ele é mais feroz e incansável no enfrentamento do inimigo.

Que Alá Todo-Poderoso tenha misericórdia do mártir heroico Abu Obeida e o aceite entre os justos, e lhe conceda um lugar no mais alto Paraíso entre os profetas, os justos, os mártires e os virtuosos. Que Ele conceda ao nosso povo e à nossa nação árabe e islâmica paciência e firmeza, e que nos compense com a melhor compensação. Esta é uma jornada contínua, cheia de sacrifícios, firmeza e resistência, e é uma jihad por vitória ou martírio.

Movimento de Resistência Islâmica – Hamas

Segunda-feira: 9 Rabi’ al-Awwal 1447 AH

Correspondente a: 29 de dezembro de 2025”

Quem foi Abu Obeida

O perfil biográfico de Abu Obeida foi publicado pelo Quds News Network após seu martírio. Segundo o texto, por anos o mundo ouviu sua voz sem ver seu rosto. Ele falava de trás de uma máscara como porta-voz das Brigadas al-Qassam, e sua imagem, seu nome e sua história pessoal ficaram sob sigilo. Dessa vez, porém, sua identidade passou ao conhecimento público após seu martírio, como ocorre com diversos quadros da resistência cuja trajetória ganha publicidade depois de sua morte.

De acordo com o Quds News Network, Abu Obeida se chamava Hudhayfa Samir Obeida al-Kahlout. Ele nasceu em 1984, como refugiado, na Arábia Saudita, onde sua família vivia naquele período. Sua família tem origem no vilarejo de Najaliya, no distrito de Ascalão, destruído por milícias fascistas sionistas em 1948, junto de centenas de outras cidades e aldeias palestinas.

Ainda criança, ele voltou com a família para Gaza e viveu no campo de refugiados de Jabalia, no norte do território. Mais tarde, ingressou na Universidade Islâmica de Gaza, onde estudou xaria e fundamentos da religião. Ele tinha forte capacidade de oratória e transmitia com clareza a posição da resistência, o que o transformou em um dos símbolos mais conhecidos do povo palestino em escala internacional. Entre apoiadores da Palestina, especialmente jovens, copiar a máscara que ele usava virou uma forma de solidariedade, e suas palavras passaram a circular em todo o mundo.

O Quds News Network também relata que Abu Obeida se incorporou às Brigadas al-Qassam no início da Segunda Intifada de Al-Aqsa, iniciada em setembro de 2000. Sua primeira aparição pública, segundo o texto, ocorreu em 2004, nas batalhas conhecidas como “Dias de Ira”, quando organizações da resistência enfrentaram uma invasão sionista do norte de Gaza. Em uma coletiva dentro de uma mesquita, ele anunciou uma série de operações, dando início à sua trajetória na comunicação militar das al-Qassam.

A biografia recorda que Abu Obeida apresentou anúncios sobre feitos da resistência, incluindo a captura do soldado sionista Gilad Shalit, a leste de Rafá, no verão de 2006, e a declaração de captura do soldado Shaul Aron, durante uma emboscada no leste de Gaza, na guerra de 2014. O texto afirma que, ao longo de duas décadas de confrontos, ele apresentou atualizações do campo de batalha, explicou operações militares, analisou o quadro local, regional e internacional e falou diretamente aos públicos árabe e islâmico e a ativistas internacionais.

Nas primeiras horas da heroica operação de 7 de outubro de 2023, o Dilúvio de Al-Aqsa, Abu Obeida voltou a emitir comunicados militares. Ele anunciou derrotas militares e de inteligência impostas às forças sionistas e a tomada de instalações e assentamentos na área que “Israel” chama de “entorno de Gaza”, região que inclui localidades esvaziadas em 1948, entre elas áreas ligadas à história familiar do próprio Abu Obeida.

Mesmo sob perseguição permanente dos serviços de inteligência da ocupação, apoiados pelos Estados Unidos e outras potências, ele seguiu com pronunciamentos durante os meses de genocídio em Gaza, convocando mobilização contra os crimes sionistas. Abu Obeida fez uma série de denúncias contra regimes árabes, elites e figuras religiosas que não apoiaram Gaza durante a guerra, ao mesmo tempo em que ressaltou a unidade entre as organizações de resistência, elogiou combatentes na Cisjordânia e em Jerusalém e citou frentes de confronto em outros pontos da região, como Líbano, Iraque, Iêmen e Irã, além de reconhecer ações de solidariedade internacional.

Além de notas oficiais, o martírio de Abu Obeida e seus companheiros foi anunciado por meio de um pronunciamento do novo porta-voz das Brigadas Al-Qassam, que também adotará o nome de guerra de Abu Obeida. O DCO transcreveu e traduziu o discurso, que pode ser lido abaixo:

Declaração de Abu Obeida, porta-voz das Brigadas Al-Qassam, 29 de dezembro de 2025

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso. Louvado seja Deus, Senhor dos mundos, que honra os Seus servos crentes e humilha os incrédulos e os criminosos opressores, ainda que após algum tempo. Louvado seja Deus, que disse: “E recordai quando éreis poucos, oprimidos na terra, temendo que as pessoas vos arrebatassem; então Ele vos deu abrigo, vos fortaleceu com o Seu socorro e vos concedeu das coisas boas, para que agradecêsseis.” E (disse também): “Entre os crentes há homens que foram fiéis ao pacto que fizeram com Deus: alguns já cumpriram o seu voto e outros aguardam, e não mudaram em nada.”

Que as bênçãos e a paz estejam sobre o nosso Profeta, o combatente e mártir, que combateu por Deus como é devido, foi ofendido por Deus e perseverou, e então lhe chegou de seu Senhor a vitória e o fortalecimento.

E, depois disso: a paz esteja convosco, e a misericórdia de Deus e Suas bênçãos.

Saudamo-vos desde a terra da dignidade e da altivez, a terra do combate, do martírio, da pureza e do orgulho. Gloriamo-nos de pertencer a Gaza, a Gaza da honra, e do nosso imenso orgulho pelo seu povo: os grandes combatentes, os perseverantes, os que esperam recompensa (de Deus), herdeiros dos profetas, descendentes de Maomé — que Deus o abençoe e lhe conceda paz. Ó mais nobres das pessoas, ó maiores das pessoas, ó escolhidos de Deus dentre os Seus servos, em Sua terra escolhida; ó verazes, dentre os que aguardam e não mudaram em nada. Paz sobre vós pelo que suportastes com paciência — e que excelente morada final.

Paz sobre Gaza, com o seu pó, a sua água, o seu céu e o seu ar. Paz sobre os seus homens, as suas mulheres e as suas crianças. Paz sobre a sua resistência e os seus heróis. Paz sobre vós pelo que carregastes de dores de perda, de cativeiro e de ferimentos, e pelas angústias do deslocamento. Paz sobre vós enquanto hoje enfrentais a dureza da vida e o frio do inverno. Paz sobre as vossas tendas gastas e as vossas casas rachadas, e sobre os vossos corpos cansados. Mas o vosso espírito, a vossa fé, a vossa determinação e a vossa certeza em Deus são mais fortes do que imaginam todos os inimigos e conspiradores, que se deleitam com o vosso sofrimento e aguardam a vossa queda. E como poderiam alcançá-la, com a permissão de Deus? Vós sois a glória e a abertura de uma história gloriosa.

E que orgulho e honra que a sede dos combatentes se misture com o sangue de seus familiares; e que os líderes e suas famílias estejam no meio das fileiras daqueles que sacrificam tudo o que possuem. Pois nós somos de vós e vós sois de nós. Oferecemos juntos, com almas satisfeitas, o mais precioso que possuímos, respondendo ao chamado do nosso Senhor e desejando o que há junto d’Ele. Estamos certos de que Deus não nos privará do valor das nossas obras, e de que esse sangue puro não se perderá junto d’Ele. Confiai no vosso Senhor: as voltas do destino recairão sobre os opressores, ainda que após algum tempo. “E não penseis que Deus está desatento ao que fazem os opressores.”

Ó filhos do nosso povo, em todos os lugares onde estais — em Gaza, em Jerusalém, na Cisjordânia, no interior ocupado e na diáspora —; ó filhos da nossa grande nação que se estende; ó todos os livres do mundo: hoje anunciamos a vós, com todo orgulho e altivez, uma grande constelação de filhos do nosso povo e de combatentes heróis que cumpriram o seu voto depois de a ocupação ter rompido a trégua e retomado a sua guerra criminosa em março passado, juntando-se a uma longa caravana de mártires virtuosos.

E destacamos, em especial, um grupo de líderes abençoados de Al-Qassam que ascenderam no campo de batalha e nas salas de comando e controle, em seus postos, desempenhando suas funções de combate sem cansaço nem fadiga.

Anunciamos o grande comandante, o mártir combatente Muhammad Al-Sinwar (Abu Ibrahim), chefe do Estado-Maior das Brigadas do Mártir Izz ad-Din al-Qassam, o melhor sucessor do melhor predecessor; dono de uma mente excepcional, que liderou as Brigadas de Al-Qassam numa etapa de extrema dificuldade, sucedendo o grande mártir da nação, Abu Khaled al-Deif, depois de ter sido comandante do setor de operações durante o Dilúvio de Al-Aqsa. Teve contribuição enorme e papel de destaque no planejamento e na execução da gloriosa operação de 7 de outubro, bem como na supervisão de diversos detalhes do plano defensivo e do enfrentamento à agressão brutal da ocupação contra Gaza. Uma trajetória iniciada há décadas pelo nosso grande comandante, marcada por estações grandiosas: da “Vingança Sagrada” ao “Delírio Desfeito”; da liderança da Brigada de Khan Yunis a uma série de altos postos de comando em Al-Qassam — até que sua trajetória fosse coroada com o martírio nos postos de honra e dignidade.

Anunciamos também o grande comandante Muhammad Shabana (Abu Anas), comandante da Brigada de Rafah nas Brigadas de Al-Qassam, que ascendeu junto do comandante Abu Ibrahim Al-Sinwar e de um grupo de seus irmãos líderes e combatentes. Abu Anas foi companheiro de caminhada dos dois grandes comandantes Abu Shmala e Al-Attar; um líder singular com contribuições em diferentes frentes, da comunicação ao abastecimento; um herói conhecido pelo sul e por suas operações de alto impacto, do “Delírio Desfeito” ao “Anúncio da Explosão”, à captura de “Dar Golden”, e culminando na grande criatividade registrada pelos heróis combatentes de Rafah durante o Dilúvio de Al-Aqsa.

Anunciamos igualmente o grande comandante Hakam Al-Issa (Abu Omar, “o Emigrante”), o combatente dedicado, o líder devoto e humilde, respeitoso entre seus irmãos, firme e arrojado nos campos de confronto. Percorreu países carregando a responsabilidade do combate na Palestina; foi conhecido no Líbano, na Síria e em muitas outras terras, antes de seu destino se fixar na terra de Gaza da honra, para completar o caminho do combate e transmitir sua experiência aos seus irmãos combatentes na Palestina. Passou por diferentes postos de comando, entre os mais notáveis o setor de treinamento, a direção de institutos e academias militares, até chegar ao setor de armamentos de combate.

E anunciamos o grande comandante que se juntou recentemente a essa caravana: o xeique mártir Raed Saad (Abu Muadh), comandante do setor de manufatura nas Brigadas de Al-Qassam e ex-comandante do setor de operações. O xeique devoto e venerável, conhecido nos campos do combate desde o início, que transformou suas noites e seus dias em doação e entrega: foi comandante da Primeira Brigada de Gaza, depois transitou por diferentes posições de comando e múltiplas frentes de combate. Encerrrou sua trajetória liderando o sistema de manufatura militar que produziu o armamento de Al-Qassam de forma autônoma, com mãos palestinas em estado de devoção: da bala ao fuzil, do foguete ao explosivo e ao projétil, do barco à aeronave não tripulada. Armas que tiveram papel decisivo na travessia de 7 de outubro e na batalha defensiva que se seguiu.

E, enquanto estamos diante de vós nesta posição, não podemos senão deter-nos com reverência e grandeza diante do صاحب deste مقام — aquele que sempre se apresentou a vós com sua voz forte, suas palavras sinceras e suas boas novas aguardadas; o encapuzado que milhões amaram e cuja aparição esperavam com entusiasmo; que viram nele uma fonte de inspiração; e cujo lenço vermelho se tornou um ícone para todos os livres do mundo. O grande líder mártir, porta-voz das Brigadas de Al-Qassam: Abu Ubaida, a voz retumbante da nação, o homem da palavra e da posição, o pulso da Palestina, de Jerusalém, do seu povo e da sua resistência; líder da comunicação de Al-Qassam, de profundo impacto na alma dos filhos da nação. Esse cavaleiro não se afastou do seu povo nas circunstâncias mais duras: falou-lhes do coração da batalha, anunciando-lhes boas novas, fortalecendo-os, consolando-os e firmando-os, apesar do perigo extremo e dos repetidos ataques. E, muitas vezes, o público do inimigo o aguardou — antes mesmo do nosso povo — para ouvir dele a palavra decisiva e a notícia certa.

E hoje o anunciamos à nossa nação e ao nosso povo com seu nome e sua alcunha reais: anunciamos o grande comandante Hudhayf Samir Abdullah Al-Kahlout (Abu Ibrahim), que desmontou do cavalo (da luta) após duas décadas de irritar os inimigos e alegrar os peitos dos crentes, encontrando Deus na melhor condição. E que sinal é mais evidente da sinceridade com Deus do que Deus elevar sua lembrança entre os mundos e lhe conceder aceitação na terra? Ele desmontou após ter liderado, com plena competência, o sistema de comunicação de Al-Qassam e, com seus irmãos, ter preservado (em sigilo) aquilo que amigo e inimigo viram de uma atuação honrosa: levou ao mundo os acontecimentos do Dilúvio de Al-Aqsa em sua forma mais brilhante e as heroicas ações dos combatentes de Gaza que surpreenderam o mundo e enfureceram os inimigos. Partiu o líder Hudhayf Al-Kahlout, e herdamos dele o لقب (título) Abu Ubaida. Paz sobre ti entre os eternizados; e compromisso de que seguiremos o caminho.

O sangue dos filhos do nosso povo, de nossos combatentes e de nossos líderes, que foi derramado em Gaza na mais honrosa das batalhas, é prova contra todos e chamado ao despertar da nação, à remoção do pó e à mobilização em apoio à Palestina e a Al-Aqsa. Gaza ofereceu o que tinha de mais precioso, em desculpa diante de Deus de que cumpriu o que lhe cabia — e ainda cumpre. Seus filhos não deixarão cair a bandeira até a vitória sobre os inimigos ou o martírio no caminho de Deus, em defesa da causa mais justa que a história moderna conheceu.

E nós, nas Brigadas do Mártir Izz ad-Din al-Qassam — depois de mais de dois meses do anúncio da cessação da guerra de extermínio que durou dois anos completos e da entrada em vigor do cessar-fogo — afirmamos o seguinte:

Primeiro: 7 de outubro foi uma explosão retumbante diante da injustiça, da opressão, do cerco e de todas as formas de agressão contra Al-Aqsa e contra o nosso povo — agressões que ultrapassaram todas as linhas vermelhas, ignoraram todas as exigências e advertências e lançaram ao desprezo todos os tratados e acordos. O Dilúvio veio para corrigir o rumo e trazer de volta ao centro do palco uma causa que começava a cair nas profundezas do esquecimento; despertou as consciências dos livres na nação e no mundo; desmascarou a ocupação nazista, seu sadismo, seu crime e seu extermínio, e a expôs como criminosa fugitiva diante da justiça. O nosso grande povo, com sua firmeza e seus sacrifícios, frustrou tudo o que o inimigo planejou: desde o deslocamento forçado, passando por campos de concentração e armadilhas de morte, até a tentativa de reinstalar colonatos. Derrubou todos os objetivos da guerra: o inimigo não conseguiu arrancar o espírito de resistência do povo de Gaza; ao contrário, deixou em cada casa palestina um desejo de vingança. Não conseguiu recuperar seus prisioneiros pela força: eles só voltaram por meio de troca, depois de a Unidade da Sombra valente tê-los preservado ao longo de toda a batalha.

Segundo: o cessar-fogo que entrou em vigor há mais de dois meses, interrompendo o rio de sangue derramado em Gaza diante de um mundo injusto, é fruto da firmeza do nosso povo, de seus sacrifícios e da constância de seus resistentes. Se tivesse sido dado espaço ao nosso inimigo e se, do nosso povo e de seus resistentes, ele tivesse encontrado submissão ou rendição, não teria parado de exterminar pessoas, pedras e árvores. Apesar de tudo o que ocorreu de agressões e violações desde a interrupção da guerra — violações que ultrapassaram todas as linhas vermelhas —, a resistência cumpriu suas obrigações e agiu com máximo senso de responsabilidade, considerando os interesses do nosso povo e evitando dar ao ocupante a chance de inventar pretextos falsos para retomar o derramamento de sangue. Reafirmamos: nosso direito de responder aos seus crimes é direito essencial e garantido. Convocamos todos os envolvidos a conter a ocupação, deter sua agressão e obrigá-la a cumprir o que foi acordado. E apelamos a todos os que se importam com isso que trabalhem para desarmar o armamento mortal da ocupação — que foi e continua sendo usado no extermínio do nosso povo e na agressão aos países da região —, em vez de se ocuparem com os leves fuzis palestinos, que o inimigo tenta usar como pretexto frágil para sabotar o acordo de cessar-fogo. O nosso povo se defende e não abrirá mão de suas armas enquanto a ocupação permanecer; não se renderá, ainda que lute com as próprias unhas. E Rafah e seus homens heróis e firmes, que preferiram o martírio à rendição, são a melhor prova e evidência.

Terceiro: além da agressão da ocupação a Gaza e de sua violação escancarada do cessar-fogo, sua agressão contra a Mesquita de Al-Aqsa, a Cisjordânia e os prisioneiros segue uma trajetória ascendente: profanação da santidade de Al-Aqsa; expulsão do nosso povo nos campos (refugiados) da Cisjordânia; violência dos colonos em suas ruas; e tentativa de completar o projeto de anexação, que o governo dos colonos acelera para impor no terreno. Soma-se a isso toda a agressão brutal contra os nossos prisioneiros valentes e a aprovação de uma lei de execução dos prisioneiros. Essa agressão e outras exigem que o nosso povo as enfrente; e enviam uma mensagem a todos os livres do mundo de que a agressão da ocupação não parou — e, portanto, a mobilização deles também não deve parar. Ela deve continuar e crescer, popular, política e juridicamente, para que os criminosos não escapem da punição. Por lealdade, saudamos os que estiveram com o nosso povo: os heróis da nação no Iêmen da fé, no Líbano, no Iraque, no Irã, e os livres da Jordânia e de outros países; e todos os que estiveram com o nosso povo em diferentes fóruns; e os livres do mundo que organizaram marchas e atos, e frotas da liberdade.

Quarto: desde a terra de Gaza da honra e da altivez — que morre de pé, recusando-se a se ajoelhar ou a deixar cair a bandeira —, chamamos os filhos da nossa nação: socorrei Gaza. Ainda que as vozes das armas tenham baixado, ela continua sofrendo enormemente. É vosso dever socorrê-la e aliviar o seu sofrimento, e vós sois capazes disso. É o mínimo que se pode oferecer ao seu povo depois de tantos terem abandonado quando estavam sendo exterminados. Aprendei: quem se cala diante da injustiça contra seus irmãos na arabidade e no Islã deve esperar a sua vez de ser violado e atacado. O dever do momento para a nação é ficar unida, como uma só fileira, diante do seu primeiro inimigo — que, a cada dia, acrescenta à sua lista de alvos uma capital dentre as capitais da região e quer transformar os países da área numa porta para aquilo que chama de “Israel maior”. Prova disso é sua agressão contínua contra o Líbano e a Síria, países irmãos.

Aqui, é necessário saudar o nosso povo na Síria, que enfrentou a agressão sionista com os próprios corpos, após terem sido deixados sozinhos. Despertai, ó nação do Islã. Reconhecei a fraqueza desse inimigo inchado, que foi humilhado na terra de Gaza. Sabei que o outono da ocupação começou, que a maldição da oitava década caiu sobre ela, e que outra batalha hoje sacode seus pilares e corrói sua construção — sinais do seu declínio, com a permissão de Deus. Permanecerá a maldição do sangue de crianças, mulheres e inocentes, e da destruição de lavouras e descendência, a persegui-lo até que toda a criação o rejeite — até a pedra e a árvore. Sua isolação, o corte dos laços das pessoas com o seu apoio, sua queda após sua ascensão e sua grande corrupção são anúncio de sua proximidade do fim, de sua ruína e da realização da Promessa Final. Então se manifestará a justiça contra todos os que cometeram crimes contra o nosso povo: todos os que coordenaram, normalizaram relações, conspiraram com o nosso inimigo; todos os que cooperaram com o ocupante e aceitaram ser seus agentes — e depois foram lançados humilhados à beira da estrada, como ocorreu com aqueles que lideraram essa transgressão há poucas semanas.

E, por fim: ó nosso povo, ó nossa gente, ó grande povo de Gaza, ó montanhas elevadas de Gaza, ó nossos pais e mães, nossos irmãos e nossos filhos, ó nossas famílias combatentes e nossos clãs valentes: nós somos vossos filhos, e temos orgulho disso. Beijamos vossas cabeças e nos curvamos em reverência diante de vós, e vos prometemos permanecer leais a vós e aos vossos sacrifícios. Assim como vivemos juntos a dor e o sofrimento, construiremos juntos o que a ocupação destruiu; curaremos as feridas; acariciaremos as cabeças dos aflitos. Confiantes em Deus, os vossos sacrifícios não se perderão. Deus honrou cada casa dentre as vossas, concedendo-lhe participação na batalha de defesa de Al-Aqsa; colocou em vossos corações a bela paciência; envolveu-vos com Sua gentileza. Isso é favor de Deus sobre vós, porque sois amados do Mensageiro de Deus; porque sois os que seguram a brasa; porque quase não encontram ajudantes na verdade; porque sois os melhores guardiões de fronteira, e o melhor posto de vigília é Ascalão. Tendes direito de erguer bem alto a cabeça apesar da dor: Deus vos escolheu e vos selecionou para serdes o povo dessas dádivas divinas e dessas boas novas proféticas que todo muçulmano sobre a face da terra deseja. E o que há junto de Deus é melhor e mais duradouro. Nesse dia, aos crentes pacientes parecerá como se nunca tivessem provado miséria alguma.

Eis que os aliados de Deus não terão medo, nem se entristecerão. Os pacientes receberão sua recompensa sem medida. Deus prevalece em Seu desígnio, mas a maioria das pessoas não sabe. É um combate de vitória ou martírio.

E a paz esteja convosco, e a misericórdia de Deus e Suas bênçãos.

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