Palestina

Há 22 anos, ocorria o martírio do fundador das Brigadas Al-Qassam

Foi na prisão que o xeque Salah fez uma mudança decisiva: passou de matar soldados a capturá-los. O objetivo era libertar os prisioneiros palestinos

Nesta quarta-feira (23), completaram-se 22 anos do martírio do fundador das Brigadas Al-Qassam, Salah Shehadeh (Abu Mustafa). Em homenagem ao comandante do braço armado do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que hoje está na vanguarda da luta armada pela libertação da Palestina, publicamos o artigo publicado pelo canal Resistance News Network:

‘Abram o Portão Oriental’

Salah Al-Din Mustafa Shehadeh nasceu em fevereiro de 1952, em Al-Shati’, numa família deslocada de Jafa. Em 1984, Salah fundou o precursor clandestino das Brigadas do Mártir Izz El-Din Al-Qassam, o grupo Mujahidin Palestinos, que receberia seu nome definitivo em 1991. De um pequeno grupo que compartilhava armas até um exército de 50 mil combatentes, o xeque Salah conduziu o caminho da resistência palestina desde seu início, sendo o cérebro por trás de suas estratégias dinâmicas.

Figura afável, trabalhou como assistente social no Egito antes de retornar a Gaza e atuar nos assuntos estudantis da Universidade Islâmica da Cidade de Gaza. Em 1984, foi sequestrado sem acusações sob a alegação de formar células armadas. Às vésperas da Primeira Intifada, Salah abraçou seu dever nacional. Foi novamente preso em 1988 por “liderar o braço armado do Hamas” e submetido a torturas brutais, como ter a barba arrancada fio por fio, sendo condenado a 14 anos de prisão.

Foi na prisão que o xeque Salah fez uma mudança decisiva: passou de matar soldados a capturá-los. O objetivo era libertar os prisioneiros palestinos. Para isso, fundou com Yahya Sinwar e Mahmoud Mabhouh uma unidade especial das Brigadas: a Unidade “101”.

“Abram o Portão Oriental”: foi a ordem enviada pelo xeque Salah desde sua cela. Pouco depois, “Avi Sasportas” foi capturado. Três meses mais tarde, o portão se abriu novamente e “Ilan Saadon” foi capturado. Ambos os soldados, após terem seus equipamentos confiscados, foram mortos, e seus corpos preservados para troca.

O então ministro da Guerra da ocupação, Yitzhak Mordechai, interrogou pessoalmente o xeque Salah, exigindo saber a localização dos cativos. Salah recusou-se a falar até que suas mãos e pés fossem desamarrados. Quando finalmente falou, respondeu: “Não sei” e negou qualquer informação. Mordechai o chamou de mentiroso, e o xeque retrucou:

“Meus homens são crentes corajosos e não conhecem a mentira nem a covardia… Seus soldados armados se renderam quando foram capturados e beijaram os pés dos combatentes para serem soltos, chamando por suas mães.”

Mordechai saiu da sala em silêncio.

O xeque Salah foi libertado no ano 2000 com ameaças de que seria assassinado se voltasse à militância. Fez o que se esperava: deixou o emprego na universidade e se dedicou integralmente à resistência.

Perseguido tanto pela entidade sionista quanto pela Autoridade Palestina, Salah supervisionou o lançamento do primeiro foguete “Qassam” e várias operações que mataram dezenas de colonos. Sob sua liderança e a de Adnan Al-Ghoul, as Brigadas Al-Qassam iniciaram a fabricação de armas próprias, tornando-o o “inimigo número um” de Ariel Sharon.

O ex-chefe do Shin Bet, Yaakov Peri, declarou:

“Ninguém conseguiu quebrar sua vontade. Ele é forte e resiliente, resistindo a todo tipo de tortura e tentação.”

Em 2002, aviões de guerra da ocupação lançaram uma bomba de uma tonelada sobre a casa do xeque Salah no bairro Al-Daraj, a leste da Cidade de Gaza. Morreram 18 pessoas, entre elas Salah, sua esposa Layla Khamees, sua filha Iman (14 anos) e o comandante Zaher Nassar.

As Brigadas Al-Qassam declararam em nota:

“Juramos, ó xeque Abu Mustafa, que faremos os sionistas ouvirem o lamento em cada casa e verem o luto em cada rua. Prometemos, ó nosso comandante, entregar uma resposta que agrade a Allah, pois contigo aprendemos a agradar nosso Senhor.”

“Juramos, Abu Mustafa, que nossos olhos não descansarão nem nossas pálpebras se fecharão até que os sionistas vejam seus corpos em cada restaurante, estação, ônibus e calçada. Fazemos esse juramento, e tu conheces nossa firmeza, de que os faremos amaldiçoar a hora em que pensaram em te matar. Abu Mustafa, descansa em paz, pois conquistaste o martírio que desejavas, nosso comandante.”

Um mês depois, Jihad Hamada realizou uma operação que matou 10 colonos e feriu 46 em “Meron”. O lamento se espalhou pela Segunda Intifada.

Hoje, o legado do xeque Salah vive em cada triângulo vermelho, seu espírito gravado no coração da resistência e nos anais da luta.

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