No dia 1º de março,o presidente da Guiana, Irfaan Ali, acusou a Venezuela de ameaçar o navio de produção flutuante “Prosperity”. A acusação é mais um dos desdobramentos do conflito por Essequibo.
O território de Essequibo é uma zona atualmente em disputa, integrada pela Guiana, mas reivindicada pela Venezuela. A área tem extensão territorial de 159 500 km², situado no Planalto das Guianas, compreendido entre o rio Cuyúni e o rio Essequibo.
Com a criação da Capitania Geral da Venezuela em 1777, o território estabeleceu sob possessão desta, tendo como fronteira a margem oeste do rio Essequibo. Entretanto, em 1931, a Grã-Bretanha, a parti dos territórios de Demerara, Berbice e Essequibo (margem leste) estabeleceu a Guiana Britânica, e lastreado no seu poderio milita, estimulou os seus colos a avançarem e se estabelecerem na marge oeste do rio Essequibo.
Com o tempo, houve uma série de modificações arbitrárias das fronteiras, com constante expansão britânica, sem consentimento do governo venezuelano. No ano de 1899, houve o Laudo de Paris, onde potências internacionais, sem representação venezuelana, concederam o domínio aos britânicos.
Desde então, houve diversos conflitos na região, com a Venezuela retornando as reivindicar oficialmente o território em 1963. Em 1983, foram abertas negociações dietas com a Guiana, seguidos de novos conflitos, que resultaram na chamada do Plebiscito na Venezuela em 2023, onde Essequibo foi elevada de território a estado federativo e foi-lhe designado general responsável.
No vídeo divulgado, o mandatário guianês Ali acusava a Marinha venezuelana, de utiliza o ABV Guaquerí, para intercepta a Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência (FPSO) “Prosperity”. Essa FPSO pertencente a ExxonMobil operava nas águas da zona em disputa, extraindo petróleo bruto da bacia.
Caracas refutou a acusação afirmando que a embarcação somente realizava patrulhamento em águas pendentes de delimitação. Esta, ademais, demonstrou, mediante imagens de satélite, a presença de 28 FPSO estrangeiros operando ilegalmente na região.
Um ponto que cham atenção do pronunciamento de Ali, é sua declaração de que seus aliados, incluindo Grã-Bretanha, EUA e Brasil, estariam preparados para realizar possíveis retaliações. Para Ali, a Grã-Bretanha, os EUA e o Brasil, estão prontos para tomar qualquer ação necessária na sua defesa.
Explicitamente, isso significaria que o governo Lula teria formado uma aliança militar com o imperialismo norte-americano e o imperialismo britânico contra a Venezuela. Esse arranjo colocaria o Brasil como um aliado do imperialismo atuando contra seus interesses na Venezuela.
Essa denúncia é de extrema gravidade. Atuando dessa forma, o governo Lula, que já se mostrou alinhado ao imperialismo em outras oportunidades, como nas calúnias contra a resistência palestina, estaria sendo cooptado pelo imperialismo para operar como um agente abertamente contrarrevolucionário contra o regime mais progressista da América do Sul. Isto é, que o governo Lula, acreditando que o imperialismo irá lhe salvar da extrema direita bolsonarista, está disposto a conter os países vizinhos que lutam contra o imperialismo.
Essa política só levará o governo brasileiro a se desmoralizar ainda mais rapidamente perante os trabalhadores. Sem o apoio popular, o governo se tornará mais fraco e, ao contrário do que espera Lula, mais vulnerável às investidas do imperialismo.