A greve dos analistas tributários e auditores da Receita Federal e do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf), que já duram dois meses e meio, estão causando sérios impactos nas empresas e na arrecadação do governo. A paralisação afetou não apenas a entrega de produtos importados, mas também a produção de indústrias que enfrentam a falta de componentes essenciais.
Cerca de 75 mil remessas de importação e exportação estão paradas nos terminais alfandegários, e o tempo de liberação nas aduanas aumentou significativamente, de cinco para 14 dias em cargas normais e de dois para sete dias em cargas expressas. Essa situação tem gerado atrasos na entrega de produtos, afetando tanto o comércio quanto as indústrias, que estão reduzindo sua produção por falta de componentes importados.
Além dos prejuízos para as empresas, a greve também pode impactar a arrecadação do governo, com a paralisação de 1.120 processos tributários no Carf, resultando em uma possível perda de R$ 51 bilhões em arrecadação, caso as decisões fossem favoráveis à Receita Federal. Se a paralisação continuar, estima-se que em fevereiro a Receita poderá deixar de julgar processos que representem uma perda de quase R$ 94 bilhões em arrecadação potencial.
O governo Lula diante dessa greve deveria aceitar as reivindicações dos servidores. Ao não atender as reivindicações da greve se enfraquece dentro de sua própria base, os trabalhadores assalariados, e também deixa o dano econômico afetar a economia desnecessariamente.
A greve que envolve cerca de 7 mil auditores fiscais e 6,5 mil analistas tributários em todo País começou no dia 26 de novembro de 2024. O motivo do protesto é o arrocho salarial de 27,46% acumulado entre janeiro de 2019 e dezembro de 2024, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).