Política internacional

Greenwald inclui Bolsonaro entre ‘banidos’ pelo imperialismo

Jornalista que denunciou a farsa golpista da Lava-Jato denuncia o papel do imperialismo na atual perseguição à extrema direita

O jornalista Glenn Greenwald, conhecido por revelar o esquema de espionagem dos Estados Unidos durante a Lava Jato, denunciou recentemente o que chamou de perseguição seletiva a Jair Bolsonaro e à extrema direita internacional. Segundo ele, trata-se de uma tática coordenada pelo imperialismo para eliminar adversários políticos num cenário de profunda crise do sistema capitalista.

Greenwald aponta que esse padrão de criminalização política se repete em vários países. Na Romênia, o ex-presidente Traian Băsescu, nacionalista e crítico da União Europeia, foi alvo de impeachment em 2007 e mais tarde impedido de concorrer a cargos públicos, com base em acusações amplamente contestadas. Em contraste, políticos alinhados a Bruxelas seguem blindados, mesmo envolvidos em escândalos de corrupção.

Na França, a líder do partido Reagrupamento Nacional, Marine Le Pen, tem sido alvo frequente da Justiça sob acusações de “incitação ao ódio” por sua oposição à imigração. Recentemente, foi impedida de disputar eleições sob denúncias de corrupção consideradas frágeis até por adversários — como o líder da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon. Enquanto isso, o governo de Emmanuel Macron, aliado da cúpula imperialista, aplica medidas antidemocráticas sem qualquer consequência judicial.

Nos Estados Unidos, Donald Trump enfrentou dois impeachments e diversos processos judiciais com motivação política evidente. Em contrapartida, Joe Biden e Hillary Clinton seguem ilesos, apesar dos escândalos com e-mails secretos e os negócios suspeitos da família Biden na Ucrânia — temas que foram abafados pela imprensa.

Para Greenwald e os setores da direita críticos do que chama de “globalismo”, essa repressão jurídica não é casual: é parte da estratégia do imperialismo para conter o avanço de lideranças que resistem à hegemonia da OTAN e do capital financeiro. Em um contexto de estagnação econômica, derrotas militares indiretas na Ucrânia e no Oriente Médio, e ascensão de potências como China e Rússia, EUA e Europa recorrem ao lawfare e à manipulação midiática para manter o controle sobre os países periféricos.

Nesse cenário, Bolsonaro, mesmo com suas inúmeras contradições e alianças com setores do imperialismo, representava um entrave parcial à submissão automática do Brasil. Seu governo manteve canais abertos com China e Rússia, criticou o ambientalismo burguês e chegou a atacar o “globalismo” — ainda que por motivações reacionárias. Isso foi suficiente para colocá-lo na linha de tiro do sistema jurídico-midiático, assim como ocorreu com Lula quando este assumiu posturas mais autônomas em relação aos EUA e acabou preso.

O roteiro se repete: qualquer liderança que ameace a ordem unipolar — seja de esquerda ou direita — será enquadrada por acusações jurídicas, amplificadas por uma imprensa cúmplice. Celebrar a perseguição a Bolsonaro é ignorar que o mesmo aparato será usado contra qualquer figura que questione o imperialismo. O verdadeiro inimigo é o sistema capitalista em colapso, que criminaliza seus opositores para preservar sua ditadura global.

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