O governo de transição da Guiné-Bissau anunciou, nesta sexta-feira (28), a nomeação de Ilídio Vieira Té como novo primeiro-ministro. A decisão foi oficializada pelo Decreto Presidencial n.º 2/2025, assinado pelo líder do período de transição, general Horta Inta-a, que assumiu o comando do país após a deposição do presidente Umaro Sissoco Embaló, na quarta-feira (26).
Segundo o decreto, Vieira Té acumulará a chefia do governo com a pasta das Finanças. A nomeação ocorre no momento em que o Alto Comando Militar para a Restauração da Segurança Nacional e Ordem Pública (ACM) anuncia o levantamento das restrições de circulação e o fim do bloqueio ao acesso às redes sociais, medidas adotadas logo após o golpe.
Quem é o novo primeiro-ministro
Ilídio Vieira Té, nascido em 5 de maio de 1983, é ligado ao Partido da Renovação Social (PRS) e dirigiu a campanha da Plataforma Presidencial, que apoiava Embaló nas eleições legislativas de 23 de novembro. É formado em Direito Público e mestre em Direitos Humanos e Desenvolvimento pela Universidade Pablo de Olavide, na Espanha.
Eleito deputado pela primeira vez nesta legislatura, ocupou cargos de direção na Administração Pública e comandou o Ministério das Finanças em diferentes governos, incluindo os de Rui de Barros e Braima Camará. O novo primeiro-ministro é considerado próximo do presidente deposto e figurava entre seus quadros de confiança.
Toque de recolher é derrubado
Em comunicado, o ACM informou que o recolher obrigatório, as barreiras militares e a suspensão de plataformas digitais foram encerrados às 00h desta sexta-feira. As ruas de Bissau registraram a retomada da circulação de veículos, transporte público e abertura de mercados. Bancos e estabelecimentos privados também reabriram.
O comando militar afirmou que os antigos chefes do Estado-Maior, generais Biaguê Na N’Tan e Mamadu Turé, encontram-se sob custódia, mas sem ferimentos. Já Embaló permanece exilado em Dacar, no Senegal, para onde foi levado em um voo fretado pelo governo senegalês, segundo comunicado oficial.
O que está acontecendo em Guiné-Bissau
A deposição de Embaló ocorreu em meio a uma disputa acirrada pelas eleições presidenciais de 23 de novembro. Tanto o então presidente quanto seu principal adversário, Fernando Dias da Costa (PAIGC), declararam vitória antes da divulgação de resultados oficiais. A crise escalou com confrontos armados na capital e a prisão de lideranças políticas, incluindo o próprio Embaló, membros do governo e dirigentes da oposição.
Os militares anunciaram pela televisão estatal a criação do Alto Comando Militar para a Restauração da Ordem, dissolvendo as instituições e suspendendo o processo eleitoral. Justificaram a intervenção alegando ter identificado um plano de manipulação dos resultados e um conluio entre políticos, um narcotraficante e atores estrangeiros.
No dia seguinte, as fronteiras foram reabertas e o general Horta Nta Na Man foi empossado como presidente de transição por um período de um ano.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), organização africana controlada pelo imperialismo, condenou a derrubada do governo, classificando-a como “interrupção ilegal do processo democrático”, e suspendeu a Guiné-Bissau do bloco. A União Africana (UA) também pediu a restauração da ordem constitucional.





