Em uma decisão que expõe a debilidade do governo, o presidente Lula deu aval a um projeto de lei complementar que exclui R$5 bilhões anuais em investimentos para as Forças Armadas do cômputo da meta fiscal.
A proposta, articulada pelo Ministério da Defesa e protocolada pelo senador Carlos Portinho (PL-RJ), prevê um total de R$30 bilhões em seis anos para financiar projetos estratégicos do setor militar, com a relatoria do líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP). O projeto, que substitui a proposta de fixar 2% da receita corrente líquida para a Defesa, surge em um contexto de crise orçamentária que já força medidas drásticas nas próprias Forças Armadas, como a suspensão de 40 aeronaves e o afastamento de 137 pilotos da Aeronáutica desde julho.
Apesar disso, o governo opta por garantir um fluxo estável de recursos aos militares, enquanto ignora as necessidades de outros setores igualmente pressionados. Por exemplo, o Ministério da Educação enfrenta dificuldades para implementar programas de universalização do ensino, e o Ministério da Saúde não consegue atender à demanda crescente por atendimento médico. Essa escolha reflete a incapacidade de Lula de resistir às pressões de seus inimigos políticos, expondo, assim, a fragilidade de seu governo.
A política social do Partido dos Trabalhadores (PT), centrada na redução das desigualdades, parece cada vez mais distante da realidade. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Esteatítica (IBGE) de 2024 mostram que 11,4% da população vive abaixo da linha da pobreza, mas programas como o Bolsa Família e investimentos em moradia popular não recebem a mesma prioridade que os militares. A articulação do projeto no Congresso, com Randolfe Rodrigues como relator, é um sinal da submissão do governo às demandas das Forças Armadas, que, em setembro, pressionaram por mais de R$2 bilhões para fechar as contas de 2025.
A decisão de driblar o ajuste fiscal para beneficiar as Forças Armadas, sem oferecer respostas concretas aos milhões de brasileiros que enfrentam a pobreza e a fome, reforça a imagem de um governo que hesita em transformar suas promessas em ações, deixando o povo sem respostas.
Essa capitulação, em um momento no qual se aproximam as eleições presidenciais, deverá deixar o governo em uma situação cada vez mais complicada.


