O Exército libanês reprimiu com extrema violência um protesto pacífico convocado pelo Hesbolá no sábado (15) nas proximidades do Aeroporto Internacional Rafic Hariri, em Beirute. Os manifestantes bloqueavam a via em repúdio à decisão do governo de impedir o pouso de um avião iraniano, deixando passageiros libaneses retidos em Teerã. A decisão, que gerou ampla indignação popular, foi denunciada como submissão do Estado libanês às imposições dos Estados Unidos e de “Israel”.
A repressão teve início quando soldados do Exército começaram a lançar pedras contra os manifestantes, um ato deliberado de provocação. Em seguida, os militares dispararam gás lacrimogêneo para dispersar a multidão, resultando em vários casos de sufocamento, desmaios e ferimentos entre os participantes, incluindo mulheres e crianças.
Há relatos de que forças de segurança também utilizaram balas de borracha e, posteriormente, munição real contra os manifestantes. Após o fim do protesto, diversas pessoas foram detidas arbitrariamente enquanto deixavam o local.
Resistência contra a submissão ao imperialismo
O protesto foi convocado pelo Hesbolá em resposta ao crescente controle estrangeiro sobre a política libanesa. Mahmoud Qomati, vice-chefe do Conselho Político do partido, discursou no local, denunciando a ingerência dos EUA e de ‘Israel’ sobre o Líbano.
“Este país permanece sob ordens americanas e não aceitaremos que ele seja controlado pelos Estados Unidos e pela entidade sionista”, declarou. Ele também criticou a decisão do governo de proibir voos iranianos, afirmando que se trata de um “insulto ao Estado libanês” e mais uma prova da submissão do país às imposições imperialistas.
O bloqueio da estrada do aeroporto foi uma resposta espontânea à indignação popular contra a decisão do governo. Chamados para a manifestação circularam amplamente nas redes sociais, denunciando o veto ao voo iraniano como uma medida arbitrária e contrária à soberania libanesa. A proibição aconteceu um dia após o porta-voz militar de “Israel” Avichay Adraee ter afirmado que o aeroporto de Beirute estaria sendo utilizado para transferir fundos ao Hesbolá. Mais uma vez, o governo libanês demonstrou sua disposição em seguir as ordens do sionismo.
Durante o ato, Qomati dirigiu-se aos políticos libaneses submissos ao imperialismo: “se vocês escolhem se submeter, o povo da resistência rejeita essa política de humilhação americana e ‘israelense’ e jamais aceitará isso”. Ele também reafirmou que a Resistência Libanesa seguirá lutando contra qualquer tentativa de imposição externa sobre o país.
Violência brutal contra manifestantes
A repressão ao protesto se intensificou ao longo da noite. Tropas do Exército utilizaram gás lacrimogêneo em grande quantidade, atingindo indiscriminadamente os manifestantes. Mulheres, crianças e até bebês foram vítimas do ataque químico, sofrendo crises de sufocamento e desmaios. Além do gás, os militares dispararam balas de borracha contra os manifestantes, escalando a violência com tiros reais pouco depois.
Relatos de fontes locais indicam que os militares prenderam vários manifestantes, incluindo pessoas que já haviam deixado o local. Alguns foram espancados antes de serem levados pelas forças de segurança. Essa tática de repressão, semelhante à usada por ditaduras que seguem a cartilha do imperialismo, revela o temor do governo libanês diante da crescente revolta popular contra sua política de subserviência.
Ocupação sionista avança enquanto governo persegue manifestantes
Enquanto o governo libanês reprime seu próprio povo, o Exército de ocupação de “Israel” avança sobre o território libanês. Nas últimas semanas, os sionistas intensificaram os ataques contra vilarejos no sul do país, destruindo casas e expulsando famílias. A ocupação militar se fortaleceu com a construção de bases em cinco locais estratégicos: Talat Al-Aziyah, Talat Al-Owaidah, Talat Al-Labouna, Talat Al-Hamamis e Jabal Balat.
Apesar disso, a ONU e sua chamada “força de paz” (UNIFIL) permanecem inertes diante da agressão sionista. Pelo contrário, a UNIFIL tem se concentrado em criminalizar os protestos contra a ocupação, condenando atos de resistência e exigindo repressão contra o povo libanês. O primeiro-ministro Nawaf Salam, alinhado a essa política, ordenou ao Ministério do Interior que tomasse “medidas urgentes” para prender os manifestantes, enquanto manteve silêncio absoluto sobre a ocupação sionista e os ataques diários contra o sul do país.
A UNIFIL chegou a classificar ações contra seus veículos como “violações graves do direito internacional” e “possíveis crimes de guerra”, mas não fez nenhuma menção aos crimes cometidos por ‘Israel’ contra o povo libanês.
Ao mesmo tempo, também no sábado, duas pessoas foram assassinadas e três outras ficaram feridas depois de um ataque de drones israelense contra um veículo com um míssil guiado na estrada Jarjou’-Louaigeh, na região de Iqlim al-Tuffah, no sul do Líbano. O veículo alvo pegou fogo após a greve, informou um correspondente da emissora libanesa Al Mayadeen.
Submissão total ao imperialismo
A repressão ao protesto ocorre em um momento de escalada da submissão do governo libanês às potências imperialistas. A suspensão de voos entre Teerã e Beirute segue sem solução, pois as autoridades do Líbano se recusam a autorizar a retomada dos pousos de aeronaves iranianas. O diretor do Aeroporto Imam Khomeini, Saeid Chalandari, confirmou na sexta-feira (23) que outro voo para Beirute foi cancelado, e que a Mahan Air tenta negociar com as autoridades libanesas para retomar a operação.
O parlamentar libanês Ibrahim al-Mousawi denunciou a cumplicidade dos EUA e da “comunidade internacional” com os ataques sionistas e com a política de bloqueio econômico contra o Líbano. “O inimigo sionista se sente à vontade para violar nossa soberania porque recebe apoio irrestrito dos Estados Unidos e cobertura da ONU”, afirmou. Ele ainda alertou que a falta de reação firme das autoridades libanesas pode encorajar “Israel” a intensificar sua agressão contra o país.
O Hesbolá, por sua vez, reafirmou seu compromisso com a Resistência e prometeu continuar lutando contra a dominação imperialista. A repressão violenta contra o protesto desta quinta-feira demonstra que o governo libanês está disposto a reprimir seu próprio povo para satisfazer as ordens das forças sionistas. No entanto, como enfatizou Qomati, “a paciência tem limites”, e o povo da resistência não aceitará calado a submissão do Líbano às forças imperialistas.