Nessa quinta-feira (7), o gabinete de segurança de “Israel” aprovou um plano do primeiro-ministro Benjamin Netaniahu para a ocupação militar da Cidade de Gaza, localizada no norte do enclave palestino.
“As Forças de Defesa de Israel se prepararão para tomar o controle da Cidade de Gaza, enquanto fornecem ajuda humanitária à população civil fora das zonas de combate”, disse o gabinete de Netaniahu em comunicado divulgado na madrugada desta sexta-feira, anunciando o plano de ocupação.
Duas fontes do governo israelense disseram à agência britânica Reuters que qualquer resolução do gabinete de segurança ainda precisará ser aprovada pelo gabinete completo do governo, que pode não se reunir antes de domingo.
Ocupar a Cidade de Gaza representa uma grande escalada na guerra de “Israel” contra o território palestino e deve resultar no deslocamento forçado de dezenas de milhares de residentes, já exaustos e famintos, que vivem sob condições de fome extrema, enquanto “Israel” continua bloqueando a entrada de ajuda humanitária no enclave.
Indicando que a medida não é um consenso entre o bloco imperialista, o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, declarou que o plano de “Israel” para intensificar os ataques em Gaza é “errado”:
“Essa ação não contribuirá em nada para encerrar este conflito nem ajudará a garantir a libertação dos prisioneiros. Apenas trará mais derramamento de sangue”, disse ele em nota oficial.
Segundo o jornalista Barak Ravid, do portal Axios — o primeiro a divulgar a aprovação do plano pelo gabinete de segurança —, um funcionário israelense afirmou que a operação envolverá o deslocamento forçado de todos os civis palestinos da Cidade de Gaza para os campos centrais e outras áreas até 7 de outubro:
“Um cerco será imposto aos militantes do Hamas que permanecerem na Cidade de Gaza, e ao mesmo tempo será realizada uma ofensiva terrestre”, escreveu Ravid na rede X, citando o funcionário.
Na quinta-feira, antes da reunião do gabinete, Netaniahu declarou que “Israel” “tomará o controle de toda Gaza”.
Em entrevista à emissora norte-americana Fox News, ele também disse cinicamente que “Israel” não quer governar Gaza, e que entregará a administração a uma terceira parte não especificada:
“Não queremos manter o controle. Queremos estabelecer um perímetro de segurança. Não queremos governar”, afirmou.
As declarações de Netaniahu vieram após reportagens na imprensa israelense indicarem que o premiê anunciaria em breve planos para ocupar todo o território da Faixa de Gaza.
Foto: Soldados israelenses observam a Cidade de Gaza a partir da fronteira norte de “Israel”, em 1º de janeiro de 2024 [Menahem Kahana/AFP]
Ainda não está claro quantas pessoas permanecem na Cidade de Gaza, que era o maior centro populacional do enclave antes da ofensiva israelense, que já matou mais de 61 mil palestinos desde outubro de 2023.
Centenas de milhares de pessoas foram obrigadas a fugir da cidade nas primeiras semanas da guerra, mas muitas retornaram durante o curto cessar-fogo no início deste ano.
O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), acusando o primeiro-ministro de “Israel”, Benjamin Netaniahu, de romper explicitamente as negociações de paz e de planejar crimes de guerra. A organização alega que os planos de “Israel” para “ocupar Gaza sem mantê-la” e, posteriormente, “controlar” a cidade, visam à “limpeza étnica” da população palestina e sacrificam a vida dos prisioneiros israelenses em troca de interesses políticos.
Em seu comunicado de 7 de agosto, o Hamas afirmou que as declarações de Netaniahu representam uma “ruptura explícita com o processo de negociações” e revelam os “verdadeiros motivos por trás de sua retirada da última rodada” de conversas de paz. O grupo militante palestino também acusou Netaniahu de buscar “se livrar de seus prisioneiros, sacrificando-os para servir a seus interesses pessoais e à sua agenda ideológica extremista”. O Hamas concluiu o comunicado alertando que a ampliação da agressão contra o povo palestino “terá um preço alto e doloroso para o ocupante e seu exército nazista”.
Um novo comunicado, emitido em 8 de agosto, intensificou o tom das acusações. O Hamas condenou a aprovação, pelo gabinete israelense, de planos para “ocupar a Cidade de Gaza e expulsar todos os seus habitantes”, chamando a iniciativa de “um novo crime de guerra”. O grupo reforçou que as ações de “Israel” fazem parte de uma política de “extermínio, expulsão forçada e práticas bárbaras que configuram limpeza étnica contra nosso povo palestino”.
No mesmo comunicado, o Hamas afirma que a tentativa de Israel de substituir o termo “ocupação” por “controle” é uma “manobra vergonhosa” para “fugir de suas responsabilidades legais” perante a comunidade internacional e uma ameaça direta à vida de cerca de um milhão de palestinos. A organização ainda reiterou sua tese de que a decisão de ampliar a ofensiva em Gaza demonstra que Netaniahu “não se importa com o destino de seus prisioneiros” e está disposto a sacrificá-los para concretizar seus planos.
O Hamas concluiu seus comunicados advertindo Israel de que a nova ofensiva “não será um passeio” e que o povo palestino e a resistência são “inabaláveis diante da rendição ou submissão”. O grupo também responsabilizou os Estados Unidos por “todos os crimes cometidos pela ocupação” e apelou à ONU, ao Tribunal Internacional de Justiça e ao Tribunal Penal Internacional que tomem medidas urgentes para impedir os planos de “Israel”.





