O presidente José Jerí, herdeiro direto do regime golpista que depôs a ex-mandatária também golpista Dina Boluarte, decretou estado de emergência na capital Lima e na província de Callao. A medida, anunciada em cadeia nacional de televisão na noite desta terça-feira (21), é uma manobra desesperada para reprimir a mobilização do povo peruano, que sofreu uma sequência de sete golpes nos últimos dez anos.
Jerí, que assumiu o poder em 10 de outubro de 2025 após a destituição de Boluarte justificou o decreto como uma “guerra contra a delinquência”. No entanto, o que se revela é uma ofensiva brutal contra os direitos fundamentais do povo. O estado de emergência, que entrou em vigor à meia-noite desta quarta-feira (23) e se estende por 30 dias, suspende garantias constitucionais essenciais: a inviolabilidade do domicílio e a liberdade de trânsito, de reunião e de locomoção pessoal. A Polícia Nacional, apoiada pelas Forças Armadas, assume o controle absoluto da ordem interna, abrindo as portas para detenções arbitrárias, invasões domiciliares e dispersões violentas de protestos.
Esse não é um “novo enfoque” contra o crime, como Jerí tenta vender em seu discurso. É, na essência, a continuação do golpismo que remonta à repressão aos levantes de 2022-2023, quando o povo peruano saiu às ruas para exigir a renúncia de Boluarte e a restituição do presidente eleito Pedro Castillo. Naqueles dias, mais de 60 manifestantes foram assassinados pelas forças repressoras, e centenas ficaram feridos.





