ONU

Governistas acreditam, apesar da realidade, que Lula venceu Trump

O governo Lula não anda bem. A prova disso é que setores da esquerda procuram qualquer motivo para tentar mostrar que está havendo algum tipo de vitória.

Trump e Lula

O título do artigo A onça devorou a águia, que Miguel do Rosário publicou no Brasil247 nesta terça-feira (23), beira ao devaneio. O governo Lula não consegue romper relações com “Israel”, que além de ser arrogante com País, tem cometido um genocídio monstruoso contra o povo palestino.

Na América Latina, o governo Trump está promovendo uma agressão gravíssima contra a Venezuela, e o governo se declarou “neutro”. Os americanos têm divulgado vídeos de barcos sendo bombardeados por supostamente estarem carregando drogas. Além do absurdo de execução sumária, a pena capital não é aplicada ao tráfico nem mesmo nos Estados Unidos.

Todos sabem que o problema não são as drogas, mas o petróleo, pois a Venezuela possuiu a maior jazida mundial homologada desse produto que os americanos precisam saquear para dar fôlego a uma economia em franco declínio.

No olho da matéria, Rosário escreve que a “a fala de Trump soou como uma capitulação do Calígula do Norte à grandeza moral de Lula”. Pena que não vivamos em uma igreja, e isso de moral não conta. O que manda no mundo real é a força.

O “mundo civilizado”, há quase dois anos, dá suporte ao Estado genocida israelense. E suporte aqui significa dinheiro, armas, apoio logístico e até combatentes. O Brasil, com seu “gigante moral” na presidência, tem fornecido combustível para o regime nazissionista cometer seus crimes contra mulheres e crianças na Faixa de Gaza.

Capitulação

O que fez Miguel do Rosário considerar a fala do presidente americano como uma capitulação? O simples fato deste, “ao final de um discurso agressivo e repleto de autoelogios ridículos”, mencionar “o breve encontro com Luiz Inácio Lula da Silva nos corredores da ONU” [e dizer]: ‘nós nos abraçamos… ele gostou de mim, eu gostei dele… tivemos excelente química’”. Impossível levar isso a sério.

Setores da esquerda brasileira, na falta do que comemorar, ampliam o menor dos eventos para tentar engrandecer o governo Lula, que anda completamente emparedado entre o Supremo e o Congresso. Além, é claro, de amargar uma política econômica desastrosa, sem programas sociais consistentes, e com um Banco Central sob controle dos banqueiros que sabotam à luz do dia o crescimento da economia em favor de seus lucros exorbitantes.

A realidade

Segundo Rosário, entre os presidentes brasileiro e americano “o contraste foi avassalador”, pois “no mesmo salão onde Lula discursara em defesa da soberania nacional e da democracia brasileira, o que se viu no discurso de Donald Trump foi um vômito fascista: ataques ao multilateralismo, mentiras sobre ciência e clima, hostilidade contra imigrantes e agressões gratuitas à ONU”.

A questão da soberania brasileira tem ido bem nos discursos, ainda que o governo tenha tentado acordo desde o início das sanções impostas pelos EUA. Quanto às tais agressões à ONU, isso sempre foi assim. Os Estados Unidos nunca respeitaram nada que de alguma maneira contrariasse seus interesses. Basta ver o respaldo no Conselho de Segurança que tem dado desde sempre aos crimes israelenses.

Vale lembrar que os americanos simplesmente ignoraram a ONU e invadiram o Iraque para saquear. Exemplos não faltam.

Em seu terceiro parágrafo, Miguel do Rosário escreve que “Trump falou para a minoria radicalizada de seu próprio país e usou o púlpito para dar lições de moral a seus vassalos do mundo rico. Chamou a mudança climática de farsa e atacou a política de energia limpa como ‘piada’. Disse que países que investem em energia sustentável são frágeis, guiados pelo politicamente correto, e destinados ao fracasso. Transformou a agenda ambiental em arma retórica contra seus adversários, sem qualquer compromisso real com o futuro do planeta”.

A verdade é que a tal “mudança climática” é mesmo uma farsa. As ‘energias limpas’ não são exatamente uma piada, mas uma irrealidade, pois ainda falta muito para que se chegue a esse tipo de tecnologia. Além disso, é impossível manter cidades e indústrias utilizando apenas energia solar e eólica. Sem mencionar que não são nada limpas, apenas trocam um carbono por outro. Como este Diário já escreveu, é preciso muito petróleo para se produzir placas solares, turbinas eólicas, e as baterias utilizadas nos sistemas autônomos são altamente poluentes.

É claro que as pesquisas devem continuar e se deve buscar as tais energias limpas. O que boa parte da esquerda não entende, é que para isso será preciso ainda queimar muito combustível fóssil, desenvolver a indústria – e consequentemente a ciência – para que se atinja esse objetivo.

A “emergência climática” nada mais é que um fator de opressão dos países atrasados pelos ricos, que utilizam essa falácia para impor restrições à exploração das riquezas minerais e até mesmo do uso do solo pelos pobres, sujeitos a sanções e perdas de mercados.

Quanto ao ataque à imigração, Trump faz às claras aquilo que seus antecessores fizeram às escondidas, ou sem muito alarde.

Independência e soberania

Miguel do Rosário disse que Trump “anunciou tarifas pesadas como retaliação. Atacou a independência do Judiciário brasileiro, acusando-o de corrupção e perseguição política, em clara afronta à soberania nacional”.

Já escrevemos várias vezes que é inaceitável a ingerência de qualquer país na política brasileira. Dito isso, ninguém pode duvidar que no País da Lava-jato, para ficarmos em um exemplo, o Judiciário não seja corrupto e promova perseguição política.

Em seu penúltimo parágrafo, Rosário escreve que “Lula afirmara, com clareza e firmeza, que a democracia brasileira é inegociável e que o Judiciário brasileiro é independente. Recordou que a condenação de um ex-presidente da República por golpe de Estado constitui um marco histórico na consolidação da democracia brasileira e uma lição para o mundo. Denunciou o massacre em Gaza, defendeu a paz e reafirmou a soberania dos povos contra imposições unilaterais”.

De início, é preciso dizer que no Brasil se vive em uma ditadura judiciária, não em uma democracia. O Judiciário brasileiro está longe de ser independente. Não existe uma instituição do Estado independente, pois este existe apenas para garantir os interesses de uma minoria sobre os da maioria.

Lula considera a prisão de ex-presidente da República por (tentativa) de golpe um marco histórico. Deve ter se esquecido que, quando era ex-presidente, sua prisão foi um golpe de Estado, e contou com o protagonismo do Judiciário.

É ótimo que Lula tenha denunciado o massacre em Gaza. A questão é: quando sairá do discurso e irá para a ação? Defender a paz e mandar combustível para uma máquina de guerra não resolve nada.

Vitória da direita

Finalizando, Miguel do Rosário diz que “os dois discursos acabaram por representar mais uma vitória política do presidente Lula, reforçada pelo sucesso das manifestações de domingo contra a anistia”. O problema é que as manifestações foram convocadas pela direita, pela Rede Globo, grande imprensa e ONGs especializadas em revoluções coloridas.

A esquerda não levou ninguém às ruas no 7 de Setembro, no Grito dos Excluídos. Enquanto isso, a direita bolsonarista lotou as ruas no mesmo dia. Duas semanas depois, foi a direita que convocou as manifestações contra a PEC das Prerrogativas.

De qualquer ângulo que se olhe, é a direita quem tem o protagonismo das ruas, não adianta querer disfarçar essa dura realidade.

Para reverter esse quadro, a esquerda precisa retomar suas bandeiras históricas e deixar de defender a democracia burguesa, ou melhor, imperialista.

É preciso sair às ruas em defesa dos direitos dos trabalhadores, em defesa do povo palestino, em defesa da Venezuela. É preciso denunciar essa política criminosa de juros altos. Ficar à sombra de conchavos parlamentares, ou defendendo uma corte odiada pelo povo, como o STF, só tem afastado o trabalhador.

A força da esquerda está na classe trabalhadora, não nas instituições do Estado burguês. Enquanto isso não for plenamente compreendido, se trilhará um caminho certeiro para a derrota.

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