Documentos secretos vazados revelam que monopólios da tecnologia como Google e a Microsoft participaram ativamente no genocídio palestino, fornecendo tecnologia de inteligência artificial, armazenamento e computação para os militares israelenses desde as primeiras semanas da guerra entre ‘Israel’ e Hamas.
Google e o Nimbus
Os documentos obtidos pelo jornal norte-americano Washington Post, mostram que a Google ajudou diretamente o Ministério de Defesa de ‘Israel’ e as Forças de Ocupação de ‘Israel’. A empresa já havia tentado se distanciar do aparato de segurança israelense após protestos de seus funcionários contra um contrato de computação em nuvem, conhecido como Nimbus, para o governo sionista.
Mais de 50 funcionários da companhia foram demitidos em 2024 após protestos contra a parceria da empresa com “Israel”. Os funcionários temiam que a empresa entregasse tecnologias de ajuda militar e de inteligência para ‘Israel’ assassinar palestinos, algo que efetivamente aconteceu.
A Google é um dos principais empresas parceiras da ditadura sionista desde 2021, quando assinou um contrato bilionário com o regime para a computação em nuvem Nimbus, em parceria com a Amazon, visando atualizações abrangentes na tecnologia do governo israelense.
A partir deste acordo, a Amazon e a Google construíram centros de dados em ‘Israel’ e forneceram softwares e armazenamento em nuvem ao governo sionista. À época, autoridades ‘israelenses’ afirmaram que o acordo incluiria trabalhar junto aos militares.
Nas semanas após a Operação Dilúvio de Al-Aqsa, um funcionário da divisão de Nuvem da Google assistiu um aumento dos pedidos de acesso à tecnologia de Inteligência Artificial da empresa por parte do Ministério de Defesa de ‘Israel’.
Documentos que detalham os projetos da divisão de nuvem da Google apontam que ‘Israel’ queria expandir urgentemente o uso do Vertex, um serviço do Google que permite aos seus clientes aplicarem algoritmos de IA aos seus próprios dados.
Um funcionário da Google alerta em um dos documentos, que se a empresa não atendesse os pedidos dos sionistas, perderia o contrato para a concorrente, Amazon – a qual já trabalha junto dos sionistas sob o contrato Nimbus.
Em um dos documentos de meados de 2023, um funcionário agradece seu colega por ajudá-lo com o pedido do Ministério de Defesa de ‘Israel’. Os documentos do Washington Post não revelam como a tecnologia foi utilizada pelos sionistas. Outro documento de 2024, mostra funcionários da Google pedindo que as Forças de Ocupação de ‘Israel’ tenham maior acesso à tecnologia de IA.
Em novembro de 2024, mesmo após o massacre de dezenas de milhares de palestinos e a destruição quase completa de Gaza, ‘Israel’ continuava a pedir à tecnologia de IA mais recente da Google. Naquele mesmo mês, um funcionário da Google requisitou que as forças de ocupação sionistas tivessem acesso à tecnologia Gemini de Inteligência Artificial, conforme os documentos esta tecnologia seria utilizada para desenvolver seu próprio assistente de IA para analisar documentos e áudios.
Apesar dos documentos recém-obtidos pelo jornal não revelarem como os ‘israelenses’ utilizaram a inteligência artificial da Google, Gaby Portnoy, diretor-geral da Diretoria Cibernética Nacional do governo israelense, sugeriu no início de 2024 que o contrato Nimbus – feito junto à Google e outras empresas de tecnologia – ajudava diretamente os aplicativos de combate das forças sionistas.
“(…) devido à nuvem pública Nimbus, coisas fenomenais acontecem em combate, que são uma parte significativa da vitória – e não vou entrar em detalhes”, afirmou Portnoy à revista People and Computers.
Há anos ‘Israel’ vem expandindo suas capacidades tecnológicas e de inteligência artificial. Durante o genocídio em Gaza, ‘Israel’ utilizou uma ferramenta de IA desenvolvida por eles, o Habsora (“O Evangelho”), para fornecer aos seus generais milhares de alvos humanos e de infraestrutura, aumentado ainda mais a destruição e a violência em Gaza. Um oficial ‘israelense’ disse ao Washington Post que os militares sionistas haviam investido pesadamente em novas tecnologias de nuvem, hardware e outros sistemas de computação de back-end, muitas vezes em parceria com empresas americanas.
Uma investigação da revista +972 revelou que o Habsora pode “gerar” alvos quase automaticamente em uma taxa que excede em muito o que era possível anteriormente. De acordo com um ex-oficial de inteligência ouvido pela revista, esta IA facilita essencialmente uma “fábrica de assassinatos em massa”. Fontes afirmaram que o Habsora permite que o exército realize ataques a casas residenciais onde vive um único membro do Hamas em grande escala. Porém, testemunhas palestinas afirmam que o exército também atacou muitas residências particulares onde não havia nenhum membro do Hamas, matando conscientemente famílias inteiras no processo.
Ainda não é claro se o Habsora ou o desenvolvimento deste software envolveu o uso de serviços comerciais de computação em nuvem, como os oferecidos pela Google.
As forças de ocupação também testaram tecnologias de IA generativa de diversas empresas americanas, afirmou o oficial. Os usos incluíram a digitalização de áudio, vídeo e texto dos sistemas das forças de ocupação como parte de uma auditoria das operações militares que levaram à Operação Dilúvio de Al-Aqsa.
O acordo Nimbus foi altamente criticado por alguns funcionários da Google e da Amazon. A Google afirma estar em conformidade com a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU e que sua tecnologia de IA não é utilizada para fins armamentistas. Entretanto, em 2024, mais de 100 funcionários enviaram e-mails para os gerentes e membros da equipe de direitos humanos da Google, pedindo que analisassem o trabalho feito pela empresa com o exército sionista. Segundo um funcionário da Google, as reclamações foram ignoradas.
Microsoft e a OpenAI
Documentos obtidos pelo jornal britânico The Guardian demonstram que Microsoft intensificou sua relação com o exército ‘israelense’ após o 7 de outubro de 2023, fornecendo aos militares mais serviços de computação e armazenamento e fechando pelo menos US$10 milhões em acordos para fornecer milhares de horas de suporte técnico.
Após o início da guerra contra o Eixo da Resistência, ‘Israel’ aumento significativamente sua dependência da Google, Microsoft e Amazon para armazenar e analisar grandes quantidades de dados e informações de inteligência por um período mais longo.
Registros comerciais do Ministério da Defesa de ‘Israel’ e arquivos da subsidiária ‘israelense’ da Microsoft estão entre os documentos vazados e sugerem que os produtos e serviços da empresa de Bill Gates, principalmente o serviço de nuvem Azure, foram usados por unidades das forças aéreas, terrestres e navais de ‘Israel’, bem como por sua diretoria de inteligência.
Nos anos mais recentes a empresa americana proveu aos militares sionistas amplo acesso à ferramenta por trás do ChaptGPT, o modelo GPT-4 da OpenAI – demonstram documentos obtidos pelo The Guardian. Esta parceria foi possível graças a uma recente mudança nas políticas da empresa sobre contratos com militares e agências de inteligência.
Os documentos vazados relatam que o Azure foi utilizado por várias unidades de inteligência militar, incluindo a Unidade 8200 e a Unidade 81, que desenvolve tecnologia de espionagem de ponta para a inteligência de ‘Israel’. Tecnologias da empresa também foram utilizadas pelas forças de ocupação ‘israelense’ para gerenciar o registro da população e o movimento dos palestinos na Cisjordânia e em Gaza, conhecido como “Rolling Stone”.
Durante a ofensiva em Gaza, o conjunto de sistemas de comunicação e mensagens da Microsoft foi usado pela Ofek, uma unidade da força aérea responsável pelo gerenciamento de grandes bancos de dados de alvos em potencial para ataques letais, conhecidos como “bancos de alvos”.
O The Guardian revelou em 2021 que o chefe da unidade 8200 à época previu que a demanda das forças de ocupação por computação em nuvem levaria a parcerias com empresas como a Microsoft, Google e Amazon “de maneiras semelhantes às suas relações atuais” com grandes fabricantes de armas, como a Lockheed Martin.
Documentos sugerem que, em novembro de 2023, o ministério de defesa de ‘Israel’ recorreu à Microsoft para suporte rápido à unidade de computação central das forças armadas, conhecida como Mamram. O comandante da unidade disse em uma conferência do setor de defesa em Telavive no ano passado que, no início da invasão terrestre de ‘Israel’, os sistemas da forças de ocupação estavam sobrecarregados, o que levou a unidade a comprar poder de computação do “mundo civil”.
Em maio de 2024 a Microsoft começou a divulgar as maneiras pelas quais a integração das ferramentas da OpenAI em sua plataforma Azure apresentava uma “mudança de paradigma” para as organizações de defesa e inteligência, oferecendo-se para “aumentar as capacidades humanas” e obter “maior velocidade, precisão e eficiência”, ou seja, aumentar a sua capacidade de genocídio.