América Latina

Golpe no Peru

Peru passa a ter a sua sétima troca de presidentes nos últimos dez anos, consolidando-se como o regime mais instável da América do Sul

Em mais um golpe de Estado ocorrido na América Latina, o Congresso do Peru aprovou, na madrugada desta sexta-feira (10), a destituição da presidente golpista Dina Boluarte. Com a queda da presidente golpista, o Peru passa a ter a sua sétima troca de presidentes nos últimos dez anos, consolidando-se como o regime mais instável da América do Sul.

O Congresso havia convocado Boluarte para que ela fizesse sua defesa na mesma madrugada, antes da votação que levaria à sua queda. No entanto, Boluarte se recusou a fazê-lo, considerando o procedimento ilegal.

Foram aprovadas quatro moções contra a presidente, tipificadas sob a figura constitucional de “vacância por incapacidade moral permanente”. Para isso, tanto a extrema direita fujimorista quanto a direita “tradicional”, que antes sustentavam o governo, votaram a favor da queda de Boluarte.

Assim como no Brasil, a Constituição do Peru prevê o dispositivo do impeachment. No entanto, o processo de impeachment é mais complexo, demorado e se concentra em acusações criminais, enquanto o processo de “vacância por incapacidade moral” é mais rápido e se baseia em uma avaliação política feita pelo Congresso. Por ser mais rápido e mais fácil de ser aplicado, a “vacância por incapacidade moral”, um dispositivo exclusivamente peruano, tem sido o principal mecanismo usado pelo Congresso peruano para remover presidentes.

O presidente do Congresso, José Jerí, substituirá a presidente. Ele será responsável por conduzir o país até as próximas eleições, previstas para abril de 2026, e a posse do novo presidente, marcada para 28 de julho. Em seu primeiro discurso, Jerí prometeu “instalar e dirigir um Governo de transição, de empatia e de reconciliação nacional”.

A moção de censura havia sido iniciada na manhã da quinta-feira (9) por iniciativa do partido Renovación Popular — liderado pelo prefeito de Lima, o conservador Rafael López Aliaga “Porky” — por causa da crise de violência que se alastra entre os peruanos. Horas antes, na noite de quarta-feira (8), a banda popular de cúmbia Agua Marina havia sofirdo um ataque durante uma apresentação em uma instalação militar de Lima, supostamente um dos lugares mais seguros do país. Quatro integrantes do grupo foram baleados no tórax e na perna.

Boluarte, que assumiu o governo após o golpe de Estado contra Pedro Castillo em dezembro de 2022, mantinha até hoje um controle rigoroso do Congresso. A presidente golpista, desde o início do governo, enfrentou uma série de escândalos que não haviam causado uma crise junto aos parlamentares. Entre eles, as mortes de cerca de cinquenta manifestantes e o abandono do cargo para fazer uma rinoplastia e remover rugas em segredo.

A ofensiva fulminante contra o seu governo, liderada pelos fujimoristas, revela que a presidente, outrora apoiada pelo imperialismo, foi golpeada. Da noite para o dia, o grande capital resolveu retirar o apoio aquele governo que criou.

Há algumas semanas, protestos atribuídos à “Geração Z” — como a grande imprensa tem chamado manifestantes jovens envolvidos em revoltas favoráveis ao imperialismo — tomaram conta das ruas, preparando o terreno para a queda de uma das presidentes mais impopulares do mundo.

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