Na manhã do último domingo (7), em Cotonou, no Benin, um grupo de soldados apareceu na televisão estatal identificando-se como membros do Comitê Militar para a Refundação (CMR) e alegando terem deposto o presidente do país, Patrice Talon, que governa desde 2016 e que deixará o cargo em abril após as eleições presidenciais.
O ministro do Interior, Alassane Seidou, relatou o seguinte: “Nas primeiras horas de domingo, 7 de dezembro de 2025, um pequeno grupo de soldados iniciou um motim com o objetivo de desestabilizar o Estado e suas instituições”. Em continuação, disse que “Diante da situação, as Forças Armadas do Benim e sua liderança, fiéis ao juramento, permaneceram comprometidas com a República”.
No final da tarde do mesmo dia, Patrice Talon anunciou que a situação no país já estava completamente sob controle e que a tentativa de golpe teria fracassado. Segundo o jornal libanês Al Mayadeen, uma fonte próxima do presidente declarou que um grupo pequeno de soldados tomaram uma emissora de televisão estatal, que o mandatário estava seguro e que o exército havia “retomado o controle”.
O grupo de soldados ocupantes declararam a dissolução das instituições estatais, ordenaram o fechamento do espaço aéreo e das fronteiras terrestres do país e nomearam o tenente-coronel Pascal Tigri para liderar um novo Comitê Militar para a Refundação. Conforme a Russian Today (RT), os soldados citaram a deterioração da situação de segurança no norte do Benim, “aliada ao descaso e negligência” para com seus “irmãos de armas caídos”.
No anúncio, os rebeldes destacaram que se comprometeriam a “dar esperança de uma nova era ao povo beninense”. Ao menos 14 pessoas foram presas por relação com a tentativa de golpe, disse um porta-voz do governo à Reuters. A Nigéria, atendendo a um pedido do Benim, mobilizou caças que atacaram alvos não divulgados, enquanto suas tropas terrestres entraram no Benim para apoiar as operações de contragolpe.
Um comunicado da Presidência da Nigéria, emitido pelo porta-voz Bayo Onanuga , informou que o Exército nigeriano respondeu ao apelo do Benim para “salvar sua democracia de 35 anos dos golpistas”. Esse apoio rápido foi crucial para restaurar o controle no país vizinho. A declaração nigeriana detalhou que “várias horas se passaram antes que as forças leais ao Governo, com assistência nigeriana, assumissem o controle e expulsassem os golpistas da emissora de televisão nacional”. Segundo as informações publicadas pela Telesur.
Ainda segundo a RT, a CEDEAO afirmou ter ordenado o destacamento de uma força de prontidão composta por tropas da Nigéria, Serra Leoa, Costa do Marfim e Gana para apoiar o exército beninense em seus esforços para “preservar a ordem constitucional e a integridade territorial”.
Instituições ligadas diretamente ao imperialismo saíram a campo para condenar a tentativa de tomada do poder em Benin, como, por exemplo, a ONU, a União Africana (UA) e a Organização Internacional da Francofonia (OIF). O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse estar “profundamente preocupado com a tentativa de tomada de poder inconstitucional”, alertando que isso poderia desestabilizar ainda mais a região.
A UA apontou que essa tentativa de tomada de poder se soma a uma tendência regional de golpes militares, a exemplo do Níger, Burquina Fasso, Máli, Guiné e, mais recentemente, na Guiné-Bissau. Ainda há fatos que devem ser analisados para se tirar uma conclusão sobre a questão, no entanto, fica claro que imperialismo se mobilizou rapidamente para conter a tentativa de golpe de maneira bastante agressiva. Uma tentativa de abafar a tendência revolucionária em diversos países africanos, o que apenas acentua a crise geral do imperialismo.





