Editorial

Globo revela mais uma vez sua política: nem Lula, nem Bolsonaro

Coluna de Merval Pereira, homem de confiança da Família Marinho, expressa a política da Globo para o próximo período

Artigo de Merval Pereira publicado em O Globo no último dia 8 de abril deixa claro qual a política da burguesia. A grande imprensa brasileira segue sua linha editorial, agora mais explícita do que nunca, no sentido de enfraquecer a polarização entre Lula e Bolsonaro e de criar um caminho para a ascensão de uma nova figura do “sistema”.

Pereira diz que: “chegamos a um ponto em que só Lula e Bolsonaro mobilizam os eleitores”. Não há dúvida de que, nas atuais condições políticas, essas duas lideranças são as únicas que conseguem atrair grandes multidões para as ruas e manter uma base eleitoral sólida. O ex-presidente Lula, mesmo enfrentando dificuldades no governo e sofrendo pressões internas e externas, ainda mantém alguma popularidade. Por outro lado, Bolsonaro segue sendo uma figura central da oposição, apesar da denúncia feita contra ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e da inelegibilidade decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O artigo de Pereira tenta minimizar a importância dessa polarização, apontando que a ausência dos dois no próximo pleito de 2026 poderia abrir espaço para novas alternativas políticas. Para a burguesia, outras figuras como Tarcísio de Freitas (Republicanos) ou Ronaldo Caiado (União Brasil) seriam mais controláveis pelos grandes interesses do capital financeiro, algo que, segundo a análise de Merval, seria benéfico para o País.

E aqui mora o cerne do plano: se, de um lado, o campo bolsonarista está sendo perseguido pela burguesia e pelas instituições, o petismo, especialmente quando se considera a fragilidade do atual governo Lula, imerso em crises internas e incapaz de cumprir muitas das promessas de seu programa de governo, também não é visto com bons olhos pelos capitalistas.

A ideia de uma eleição sem Bolsonaro ou Lula é, na realidade, a possibilidade de consolidar um regime mais “administrável” para a burguesia. A crise interna do governo Lula, com sua incapacidade de avançar nas reformas prometidas e o crescente descontentamento de setores da burguesia, torna ainda mais evidente o desejo de encontrar uma alternativa. O grande capital já começou a dar sinais claros de que está articulando, nos bastidores, uma eleição que exclua os dois principais candidatos da polarização atual. A capa da revista Veja com Tarcísio de Freitas em destaque, com a manchete O Plano T, é um exemplo claro dessa movimentação.

O julgamento de Bolsonaro não se dá apenas por suas ações enquanto presidente, mas também por ser considerado um obstáculo para os interesses da burguesia. A sua radicalização e ligação com movimentos de extrema direita não são bem vistas pelos golpistas de 2016, que preferem um candidato impopular, fácil de ser controlado e que não represente uma ameaça aos seus interesses.

É o que o artigo de Merval Pereira, homem de confiança da Família Marinho, deixa claro.

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