Nas últimas semanas, O Globo publicou dois editoriais defendendo as recentes chacinas policiais no Rio de Janeiro como exemplos de “eficiência e planejamento” , sustentando que “retomar território é essencial no combate ao crime”. Para o jornal, a violência seria um problema de ausência do Estado — entendido, porém, não como ausência de políticas sociais, mas de repressão armada. Essa campanha esconde o verdadeiro conteúdo político das operações: o fortalecimento de um Estado policial voltado contra a população pobre.
Quando o Globo fala em “retomar território”, o que está realmente sendo dito, é que o Estado deve entrar nas comunidades com fuzis, não com escolas, empregos ou hospitais. O Estado só aparece nas favelas para matar. Não há presença do Estado quando se trata de garantir direitos, mas há quando se trata de fazer guerra.
A chamada “retomada de território” nada mais é do que uma encenação para a opinião pública de classe média, que vê nas operações policiais um espetáculo de força. Mas depois das incursões, o que sobra nas comunidades é destruição, mortes e a mesma ausência de direitos ao povo.
Em outro editorial, O Globo tenta justificar a brutalidade das ações policiais dizendo que as operações recentes seriam resultado de “planejamento e inteligência”. Planejar a repressão não muda a natureza política da coisa, continua sendo uma operação de guerra contra o povo pobre. O planejamento apenas explicita a participação de mais agentes do Estado neste crime, além do próprio governador Cláudio Castro (PL-RJ).
Os editoriais do Globo são criminosos ao apoiar toda essa matança. Eles representam como a burguesia trata o povo, que teme o povo e vê a população como ameaça. Quando o jornal exige “recuperar territórios”, o que defende, na prática, é garantir a repressão estatal sobre os setores mais oprimidos da população. Seu objetivo é manter a opressão da classe dominante sobre o povo.


