Em declarações que expõem sem meias palavras os interesses estratégicos dos Estados Unidos na América Latina, a general Laura J. Richardson, ex-comandante do Comando Sul (USSOUTHCOM), listou abertamente as riquezas naturais da região como motivo central para a atenção do imperialismo norte-americano. Suas falas, destacadas em uma publicação do canal da MintPress News no Telegram, expõem os objetivos do imperialismo na região.
Richardson, que comandou operações no hemisfério ocidental até sua aposentadoria em 2025, foi direta em uma apresentação no Atlantic Council em março de 2024: “Esta região – por que esta região é importante? Com todos os seus ricos recursos e elementos de terras raras. Você tem o triângulo do lítio, que é necessário para a tecnologia hoje – 60% do lítio do mundo está no triângulo do lítio: Argentina, Bolívia, Chile”. Ela não poupou detalhes sobre os hidrocarbonetos: “Você tem as maiores reservas de petróleo – cru leve e doce descoberto na Guiana há mais de um ano. Você tem os recursos da Venezuela também com petróleo, cobre, ouro”.
A general elevou o tom ao enfatizar o valor global da região: “Temos a Amazônia, que é os pulmões do mundo. Temos 31% da água doce do mundo nesta região também”. E concluiu com um apelo urgente à ação: “Esta região importa. Tem muito a ver com a segurança nacional, e precisamos intensificar nosso jogo”.
Richardson alertou repetidamente para a “predatória” influência chinesa, acusando a China de explorar a vulnerabilidade econômica pós-pandemia da América Latina: “O que está acontecendo na América Latina e no Caribe não é novo. Não é novo para o globo, e não é novo para a visão e estratégia [da China]”. Ela criticou investimentos em infraestrutura crítica, como telecomunicações e portos, que poderiam ter usos “duplos” – civis e militares –, e defendeu uma postura mais agressiva dos EUA para proteger “aliados” e conter rivais.
Essas declarações ganham peso imediato como pano de fundo para as recentes ações militares norte-americanas na costa da Venezuela. Desde agosto de 2025, os EUA intensificaram operações anti-drogas com ataques aéreos a barcos, sobrevoos de bombardeiros B-52 e o posicionamento de navios de guerra e helicópteros de elite perto de plataformas petrolíferas. Autoridades venezuelanas denunciam essas manobras como ameaças diretas, coincidindo com disputas pelo petróleo do Essequibo e sanções que visam o controle dos recursos de Venezuela.
A MintPress News, ao compartilhar o clipe, enquadra as palavras de Richardson como prova das “verdadeiras motivações do império”, especialmente em relação à Venezuela.


