Ubirajara Félix do Nascimento, conhecido como Bira Presidente, faleceu no sábado (14), aos 88 anos, no Hospital da Unimed Ferj, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, devido a complicações de câncer de próstata e Alzheimer. Fundador do Cacique de Ramos e do grupo Fundo de Quintal, Bira foi uma figura central na história do samba brasileiro. Seu velório ocorreu na segunda-feira (16), no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, das 14h às 16h30.
Nascido em 23 de março de 1937, no bairro de Ramos, Zona Norte do Rio, Bira cresceu imerso no samba e no choro, frequentando rodas com Pixinguinha, João da Baiana e Donga. Influenciado pela mãe, uma mãe de santo da Umbanda, ele integrou espiritualidade e musicalidade em sua trajetória. Em 1961, fundou o Grêmio Recreativo Cacique de Ramos, que se tornou um dos principais centros culturais do samba, conhecido como “Doce Refúgio”. Como presidente vitalício, Bira liderou o bloco em desfiles no Centro e em Ramos, consolidando sua relevância no carnaval carioca.
No final dos anos 1970, Bira ajudou a criar o Fundo de Quintal, grupo que revolucionou o samba de raiz ao introduzir instrumentos como tantã, repique de mão e banjo. Sucessos como “O Show Tem Que Continuar”, “A Amizade” e “Lucidez” marcaram a carreira do grupo. Bira, com seu pandeiro inconfundível, gravou álbuns históricos, como “De Pé No Chão” de Beth Carvalho, e acompanhou diversos artistas da MPB. Antes de se dedicar exclusivamente à música, trabalhou como servidor público. Torcedor do Flamengo e amante da dança de salão, deixou duas filhas, dois netos e uma bisneta, Lua.
O Cacique de Ramos e o Fundo de Quintal emitiram nota de pesar: “Bira construiu uma trajetória marcada pela firmeza, ética e contribuição inestimável ao samba. Sua atuação moldou o bloco e redefiniu a roda de samba, inspirando gerações”. O legado de Bira permanece na cultura popular brasileira, eternizando-o como ícone do samba.