Nesta semana, os governos do Chile e da Espanha promoveram um encontro sob a bandeira da “defesa da democracia”, contando com a presença de figuras como Gabriel Boric, Pedro Sánchez, Lula e Gustavo Petro. A reunião foi tomada por discursos genéricos sobre tempos difíceis, ameaças à “democracia” e necessidade de unidade. Uma farsa total.
Basta observar quem são os participantes e apoiadores. Sánchez, primeiro-ministro de um país imperialista como a Espanha, não poderia jamais estar presente em uma frente verdadeira por qualquer coisa que se entenda como “democracia”. Logo após o encontro, quem manifestou apoio à “frente democrática” foi Keir Starmer, o primeiro-ministro britânico, chefe de um dos governos mais repressivos da Europa. A prisão de manifestantes pró-Palestina e a brutal repressão às manifestações no Reino Unido escancara que o país não tem compromisso algum com os direitos democráticos. O mesmo pode ser dito sobre o governo de Emmanuel Macron, com quem Lula tem se aproximado cada vez mais.
Chamar de “frente pela democracia” uma coalizão com Macron, Starmer, Sánchez e outros representantes da repressão e do genocídio, como em Gaza, é um insulto à inteligência. O verdadeiro objetivo da articulação é formar uma frente internacional contra os países que resistem ao imperialismo — como China, Rússia e Irã — e reforçar o cerco contra Venezuela, Cuba e Nicarágua.
O próprio Lula, que preside os BRICS, agora se soma a uma iniciativa que exclui ou hostiliza os demais membros do bloco. A contradição é gritante: enquanto declara oposição à extrema direita, o governo brasileiro se associa a uma frente que tem como alvos estratégicos justamente os países que enfrentam o imperialismo.
A tal “frente pela democracia” é uma frente com países que falam em defesa da “democracia”, mas não defendem nenhuma “democracia”. É tão somente uma frente com o imperialismo.





